Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 15 de novembro de 2025

China - Pequim destaca “convergência de posições” globais com a Espanha

A China afirmou que Pequim e Madrid partilham posições semelhantes em vários assuntos internacionais e reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e o papel das Nações Unidas


Durante uma conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, declarou que o Presidente da China, Xi Jinping, e o rei Felipe VI, de Espanha, coincidiram na defesa da resolução de conflitos “através do diálogo e da consulta” e no apoio à ONU como “núcleo do sistema internacional”, durante um encontro em Pequim.

“As duas partes sempre se pautaram pelo respeito mútuo e pela igualdade, promovendo conjuntamente o desenvolvimento contínuo da sua parceria estratégica integral, que trará mais benefícios aos povos de ambos os países e contribuirá para a paz e estabilidade mundiais”, afirmou Lin.

Segundo o porta-voz, os líderes comprometeram-se a aprofundar a cooperação prática e os intercâmbios entre os povos, “construindo uma parceria com maior determinação estratégica, desenvolvimento mais dinâmico e maior influência internacional”. Lin Jian destacou ainda a “forte dinâmica interna” das relações bilaterais, visível na intensificação dos laços políticos e quase quadruplicação do comércio bilateral ao longo das últimas duas décadas.

No último dia da visita de Estado, Felipe VI visitou uma fábrica do grupo espanhol Gestamp, fabricante de componentes automóveis, situada nos arredores de Pequim. Ao final do dia, os reis participaram numa receção com a comunidade espanhola residente no país.

Na quarta-feira, Felipe VI reuniu-se com Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, numa cerimónia marcada por fortes componentes protocolares e a assinatura de dez acordos bilaterais nas áreas económica, científica e cultural. O monarca espanhol encontrou-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji. “Desde a primeira visita oficial ao país do então rei Juan Carlos I, em 1978, foi-se construindo uma relação sólida e de confiança mútua, baseada nos princípios de respeito e prosperidade partilhada”, afirmou Felipe VI durante o encontro com o Presidente chinês.

Felipe VI defende diálogo com China sem abdicar da democracia e dos direitos humanos

O rei Felipe VI encerrou a visita de Estado à China reiterando a importância de manter um “diálogo frutuoso” com Pequim, sem abdicar da defesa dos direitos humanos e da democracia.

Num encontro com a comunidade espanhola em Pequim, no último dia da visita de três dias, o monarca sublinhou que “a Espanha continuará a defender os seus valores – democracia, Direito Internacional, direitos humanos e cooperação multilateral – com confiança em quem é como nação: moderna, solidária, criativa, aberta e comprometida com os grandes desafios do nosso tempo”.

Foi a primeira vez, durante a visita, que Felipe VI abordou publicamente o tema dos direitos humanos, uma das questões mais sensíveis nas relações com a China.

Segundo o Governo espanhol, o assunto é regularmente tratado nos contactos diplomáticos bilaterais e no quadro do diálogo específico entre a União Europeia e a China sobre esta matéria. “A China é hoje um actor-chave na cena internacional, com enormes desafios e transformações em curso”, afirmou o monarca, destacando que Madrid mantém com Pequim “um diálogo europeu e próprio”, assente no respeito e benefício mútuo.

O rei manifestou satisfação com o resultado da visita, iniciada na terça-feira na cidade de Chengdu, e considerou que a deslocação simbolizou “a renovação de uma vontade partilhada de construir uma relação pragmática e ambiciosa”.

Felipe VI destacou ainda o papel dos mais de 5200 espanhóis a viver na China como “ponte viva” entre os dois países. “A Espanha valoriza-vos e sente orgulho em vós”, disse, enaltecendo o contributo da comunidade para o reforço dos laços bilaterais nos domínios empresarial, científico, educativo, cultural e institucional. “Representam uma Espanha que sabe adaptar-se sem perder a sua identidade, colaborar sem renunciar aos seus valores, estender a mão sem deixar de erguer a voz quando necessário”, sublinhou.

Antes do encontro com a comunidade, o monarca participou num pequeno-almoço com o Conselho Empresarial Espanha-China, promovido pela Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) e pelo Ministério da Economia espanhol, em colaboração com o Ministério do Comércio chinês e a associação CHINCA.

No evento, Felipe VI defendeu “previsibilidade” e segurança jurídica para as empresas espanholas, e apelou à criação de um ambiente de confiança. “A concorrência leal, o respeito pelos direitos de propriedade intelectual e industrial, e a reciprocidade no acesso aos mercados são condições essenciais para garantir uma competição justa”, afirmou. Acrescentou ainda que os benefícios do comércio “devem alcançar toda a população”, defendendo a inserção das empresas nas cadeias locais de valor, a criação de empregos qualificados e uma efetiva transferência de conhecimento.

Rainha Letizia homenageia em Pequim professores de espanhol na China

A obra “Cem Anos de Solidão” e a cantora Rosalía estão entre os principais motivos que levam milhares de jovens chineses a estudar espanhol, disse ontem a Universidade Beiwai, em Pequim, durante a visita da rainha de Espanha. Segundo dados da universidade, cerca de 60.000 alunos estudam espanhol em toda a China, incluindo 400 na Beiwai (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), o principal centro de ensino da língua espanhola no país. A rainha Letizia participou num evento de homenagem à língua espanhola e aos professores que impulsionaram o seu ensino na China, incluindo docentes espanhóis que, em contextos diversos contribuíram para o desenvolvimento do ensino do castelhano em instituições como a Beiwai desde os anos 1950. Acompanhada pelo reitor da universidade, Jia Wenjian, e pelo diretor da Faculdade de Estudos Hispânicos, Chang Fuliang, a rainha ouviu testemunhos de estudantes e professores sobre o crescente interesse pela língua e cultura hispânicas.

“Saber espanhol está na moda na China”, disse Chang Fuliang, citado pela agência EFE, sublinhando que o interesse ganhou força sobretudo a partir da entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001. Actualmente, mais de 13.500 estudantes chineses estão matriculados em cursos superiores de espanhol em Espanha. À entrada do campus, uma faixa com a mensagem “Calorosa boas-vindas a Sua Majestade a Rainha de Espanha, Dona Letizia Ortiz Rocasolano” rececionou a monarca, que foi aplaudida por centenas de estudantes empunhando bandeiras espanholas e chinesas e registando o momento com os telemóveis. Durante a cerimónia, foi inaugurada uma placa comemorativa da embaixada de Espanha e da universidade, dedicada à memória dos professores espanhóis pioneiros que lecionaram espanhol na China a partir da década de 1950. A primeira turma de licenciados em espanhol formou-se em 1973 e, atualmente, existem cerca de 3000 professores da língua no país, a maioria chineses. Uma reforma curricular de 2018 permitiu a inclusão do espanhol, francês e alemão como línguas estrangeiras no ensino secundário chinês. Cerca de 200 escolas de ensino básico e secundário oferecem aulas de espanhol, cinco das quais com secções bilingues. De acordo com dados recentes, 106 universidades chinesas possuem departamentos de espanhol, formando anualmente cerca de 5000 licenciados. Outros 60.000 estudantes frequentam cursos em instituições de ensino não superior, escolas privadas ou cursos extracurriculares. In “Ponto Final” - Macau


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