Fotografias que incorporam a diversidade e a vitalidade da paisagem cultural da Ásia Oriental vão estar em exposição na Galeria Amagao. São 25 trabalhos de cinco artistas, dois dos quais vivem em Macau
Explorar como a fotografia pode interpretar e reflectir a
riqueza das artes, cidades, pessoas e marcos culturais da Ásia Oriental é o
objectivo da exposição promovida pela Artbiz, em cooperação com a Halftone –
Associação Fotográfica de Macau, cujas obras podem ser apreciadas pelo público
na Galeria Amagao, a partir desta quinta-feira.
Através do olhar e da câmara de cinco fotógrafos que
vivem na região da Ásia Oriental – André Carvalhosa, de Portugal, Cássia Shutt,
do Brasil, José Sales Marques, de Macau, Manesok Ha, da Coreia do Sul, e Tang
Kuok Hou, de Macau – a mostra apresenta um total de 25 trabalhos de arte que
incorporam a diversidade e a vitalidade da paisagem cultural da região,
destacando a visão dos autores e a sua percepção de uma diversidade de lugares
como Macau, Hong Kong, Butão e Coreia do Sul.
André Carvalhosa divulga a série “When Darkness Falls”,
na qual captura o “pulso pulsante e mutável de Hong Kong, a colisão e
coexistência do caos e da calma, uma tensão poética entre presença e ausência,
entre a intensidade humana e os espaços silenciosos que a sustentam”, segundo
refere o texto introdutório da exposição, cuja curadoria está a cargo de
Francisco Ricarte, também ele um fotógrafo.
Com as obras que lança, André Carvalhosa convida os
visitantes a “sentirem a quietude dentro do próprio movimento, o eco das
multidões que partem, o ritmo das ruas quase vazias enquanto a cidade expira ao
final do dia”.
Cássia Shutt mostra “The Wisdom of Being”,
realçando a beleza humana e o significado do Butão. Nesta série, a artista
brasileira procura captar a “resiliência silenciosa deste país e de seu povo”.
As fotos testemunham que os butaneses “se querem desenvolver, mas sabem,
profundamente, que desenvolvimento não é sinónimo de renúncia”.
José Luís Sales Marques apresenta “A Casa do Mandarim”,
que reflecte, “através de um subtil exercício de luz e sombras profundas”,
sobre a antiga casa de Zheng Guanying, um renomado comerciante do século XIX em
Macau. O autor salienta que decidiu fotografar em preto e branco, podendo
apreciar a atmosfera delicada criada pelo design de interiores, “suavemente
iluminado por luz natural e artificial, projectando belas sombras nas paredes
austeras”.
“Hanbok” é o título das obras de Manseok Ha, as
quais promovem a cultura do vestuário tradicional da Coreia do Sul, através de
“um exercício de ironia”. No texto de apresentação da mostra, o artista
sublinha que “a cultura do vestuário do país passou por uma rápida
ocidentalização”.
Assim, o “hanbok”, que antes era “uma vestimenta
diária que expressava visualmente género, estado civil, classe e hierarquia
social”, recuou do quotidiano e agora é usado apenas ocasionalmente em eventos
cerimoniais, como casamentos ou comemorações de primeiro aniversário.
No entanto, “uma cena irónica desenrola-se diariamente no
Palácio Gyeongbokgung, que é um local histórico, outrora um símbolo da
autoridade real, com visitantes de todo o mundo a caminharem pelos jardins do
palácio vestidos com hanbok”, expressa. Outrora um emblema de identidade
colectiva e ordem social, o “hanbok” é usado nos dias de hoje por
indivíduos de diversas nacionalidades, etnias e géneros.
Tang Kwok Hou expõe “Fotossíntese”, que examina
Macau, a sua imagem e expressão visual da vida nocturna, realçando os seus
contrastes visuais. O autor frisa que “Fotossíntese” é um dos seus
planos de exploração para “o projecto de observação social”. Ao examinar as
paisagens nocturnas “frias e claras”, tentou “descobrir como a sociedade
contemporânea usa a iluminação para incentivar as pessoas a expandirem as suas
experiências de vida à noite, bem como a iluminação nocturna em espaços
públicos confere à cidade um padrão operacional visível”.
Em resumo, refere a Amagao, ao apresentar estas cinco
narrativas visuais diversas em Macau, “uma cidade singularmente posicionada
como ponte entre a China, o Leste Asiático e os países de língua portuguesa”,
esta mostra “não apenas celebra a criatividade da região, mas também estimula
um diálogo sobre como a cultura pode moldar a sua identidade, intercâmbio
social e padrões de vida da comunidade no mundo interconectado de hoje”.
Acrescenta que, “numa era em que a globalização e a
cultura local coexistem, a cultura e a arte estabeleceram-se como forças
significativas na promoção do Leste Asiático e no seu desenvolvimento”.
Por meio de iniciativas como esta
exposição, conclui, “é essencial considerar como a Arte e a Cultura podem
valorizar a Região e as suas Comunidades, garantindo, ao mesmo tempo, a sua
singularidade e sustentabilidade a longo prazo”. A mostra ficará patente até ao
dia 30 de Novembro. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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