Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Macau - Cinco fotógrafos divulgam cultura da Ásia Oriental

Fotografias que incorporam a diversidade e a vitalidade da paisagem cultural da Ásia Oriental vão estar em exposição na Galeria Amagao. São 25 trabalhos de cinco artistas, dois dos quais vivem em Macau


Explorar como a fotografia pode interpretar e reflectir a riqueza das artes, cidades, pessoas e marcos culturais da Ásia Oriental é o objectivo da exposição promovida pela Artbiz, em cooperação com a Halftone – Associação Fotográfica de Macau, cujas obras podem ser apreciadas pelo público na Galeria Amagao, a partir desta quinta-feira.

Através do olhar e da câmara de cinco fotógrafos que vivem na região da Ásia Oriental – André Carvalhosa, de Portugal, Cássia Shutt, do Brasil, José Sales Marques, de Macau, Manesok Ha, da Coreia do Sul, e Tang Kuok Hou, de Macau – a mostra apresenta um total de 25 trabalhos de arte que incorporam a diversidade e a vitalidade da paisagem cultural da região, destacando a visão dos autores e a sua percepção de uma diversidade de lugares como Macau, Hong Kong, Butão e Coreia do Sul.

André Carvalhosa divulga a série “When Darkness Falls”, na qual captura o “pulso pulsante e mutável de Hong Kong, a colisão e coexistência do caos e da calma, uma tensão poética entre presença e ausência, entre a intensidade humana e os espaços silenciosos que a sustentam”, segundo refere o texto introdutório da exposição, cuja curadoria está a cargo de Francisco Ricarte, também ele um fotógrafo.

Com as obras que lança, André Carvalhosa convida os visitantes a “sentirem a quietude dentro do próprio movimento, o eco das multidões que partem, o ritmo das ruas quase vazias enquanto a cidade expira ao final do dia”.

Cássia Shutt mostra “The Wisdom of Being”, realçando a beleza humana e o significado do Butão. Nesta série, a artista brasileira procura captar a “resiliência silenciosa deste país e de seu povo”. As fotos testemunham que os butaneses “se querem desenvolver, mas sabem, profundamente, que desenvolvimento não é sinónimo de renúncia”.

José Luís Sales Marques apresenta “A Casa do Mandarim”, que reflecte, “através de um subtil exercício de luz e sombras profundas”, sobre a antiga casa de Zheng Guanying, um renomado comerciante do século XIX em Macau. O autor salienta que decidiu fotografar em preto e branco, podendo apreciar a atmosfera delicada criada pelo design de interiores, “suavemente iluminado por luz natural e artificial, projectando belas sombras nas paredes austeras”.

Hanbok” é o título das obras de Manseok Ha, as quais promovem a cultura do vestuário tradicional da Coreia do Sul, através de “um exercício de ironia”. No texto de apresentação da mostra, o artista sublinha que “a cultura do vestuário do país passou por uma rápida ocidentalização”.

Assim, o “hanbok”, que antes era “uma vestimenta diária que expressava visualmente género, estado civil, classe e hierarquia social”, recuou do quotidiano e agora é usado apenas ocasionalmente em eventos cerimoniais, como casamentos ou comemorações de primeiro aniversário.

No entanto, “uma cena irónica desenrola-se diariamente no Palácio Gyeongbokgung, que é um local histórico, outrora um símbolo da autoridade real, com visitantes de todo o mundo a caminharem pelos jardins do palácio vestidos com hanbok”, expressa. Outrora um emblema de identidade colectiva e ordem social, o “hanbok” é usado nos dias de hoje por indivíduos de diversas nacionalidades, etnias e géneros.

Tang Kwok Hou expõe “Fotossíntese”, que examina Macau, a sua imagem e expressão visual da vida nocturna, realçando os seus contrastes visuais. O autor frisa que “Fotossíntese” é um dos seus planos de exploração para “o projecto de observação social”. Ao examinar as paisagens nocturnas “frias e claras”, tentou “descobrir como a sociedade contemporânea usa a iluminação para incentivar as pessoas a expandirem as suas experiências de vida à noite, bem como a iluminação nocturna em espaços públicos confere à cidade um padrão operacional visível”.

Em resumo, refere a Amagao, ao apresentar estas cinco narrativas visuais diversas em Macau, “uma cidade singularmente posicionada como ponte entre a China, o Leste Asiático e os países de língua portuguesa”, esta mostra “não apenas celebra a criatividade da região, mas também estimula um diálogo sobre como a cultura pode moldar a sua identidade, intercâmbio social e padrões de vida da comunidade no mundo interconectado de hoje”.

Acrescenta que, “numa era em que a globalização e a cultura local coexistem, a cultura e a arte estabeleceram-se como forças significativas na promoção do Leste Asiático e no seu desenvolvimento”.

Por meio de iniciativas como esta exposição, conclui, “é essencial considerar como a Arte e a Cultura podem valorizar a Região e as suas Comunidades, garantindo, ao mesmo tempo, a sua singularidade e sustentabilidade a longo prazo”. A mostra ficará patente até ao dia 30 de Novembro. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Sem comentários:

Enviar um comentário