Imaginem se o chanceler alemão
conservador de direita Friedrich Merz tivesse experimentado um prato maniçoba,
ou de pato no tucupi! Tivesse dançado e tomado um gole num boteco! com certeza
não teria falado mal de Belém, comentou Lula ao saber das críticas do
chanceler.
Picado por mosquitos, excitados com a presença da
comitiva alemã, e irritado com o som de violino tocado de noite pelos
pernilongos, capazes de furar o controle de segurança do seu quarto, e suando
com o calor, o chanceler deu vexame ao voltar a Berlim e fazer declarações
depreciativas sobre a cidade de Belém do Pará, onde esteve pela COP 30,
publicadas na imprensa alemã e repercutidas pela imprensa brasileira, quase no
final da COP 30.
A imprensa alemã, que acompanhava o chanceler, contou
para seus leitores a falta de educação e de diplomacia do chanceler, aliás já
conhecido por dizer besteiras e abobrinhas, comprometendo o respeito curtido no
Brasil pela cultura alemã.
O bastante lido jornal alemão Der Spiegel contou com destaque
a grosseria de Merz com o título "Como o chanceler Merz provocou a cólera
dos brasileiros", ilustrada com uma foto do chanceler com Lula, num aperto
de quatro mãos e sorrisos de praxe. A legenda identifica Lula e Merz, seguida
de uma frase ferina - "É preciso desaparecer o mais rápido possível?"
Mas ao falar na correria para deixar logo essa região
primitiva cheia de índios, Merz não esperava a repercussão na imprensa
internacional desse gesto de repulsa a Belém, ao Amazonas e ao Brasil!
O jornal suíço 20 Minutes deu destaque num título
agressivo "Merz, tua xenofobia é o novo muro de Berlim", baseado num
texto distribuído para todo mundo pela Agência France-Presse. A legenda da foto
do chanceler é irônica: o chanceler não gostou das condições de seu alojamento.
O texto fala do discurso cheio de preconceitos do
chanceler alemão. "É curioso, disse o governador Helder Barbalho, ver que
aqueles que contribuíram para o aquecimento do planeta fiquem surpresos pelo
calor na Amazônia".
Por sua vez, o prefeito de Belém, Igor Normando, também criticou:
"Infelizmente o chanceler alemão pronunciou um discurso cheio de
arrogância e de preconceitos, ao contrário de seu povo que mostra nas ruas de
Belém sua fascinação por nossa cidade".
O jornal 20 Minutos acrescenta que o ministro
alemão do Meio Ambiente, Carsten Schneider adotou uma atitude bastante
diferente afirmando que "as pessoas maravilhosas do Brasil lhe cativaram
pela calorosa hospitalidade".
O jornal francês Le Figaro também deu destaque
às ofensas de Merz destacando a frase de Merz à sua comitiva "Quem de
vocês gostaria de ficar aqui?", provocando uma viva polêmica no Brasil.
Merz tinha acrescentado que nenhum jornalista alemão gostaria de ficar em Belém
e que todos estavam contentes por deixar o lugar e voltar para a Alemanha. Rui
Martins – Suíça
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Rui Martins é
jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador
do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas,
que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos
emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da
corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre
Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi
colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche
et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français
de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do
Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
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