Será
que virou a sorte de Trump?
O
homem com vocação de ditador não tolera derrotas, mas tomou uma série de
sarrafadas de uma só vez! Os democratas que pareciam liquidados ou fora de
forma, ressurgem com uma vitória retumbante em Nova Iorque. E, como uma
resposta à política de Trump contra os imigrantes, o eleito para a Prefeitura
de Nova Iorque é um imigrante, vindo de Uganda aos 7 anos.
Seu
nome, que devemos aprender porque ele pode ir longe, Zohran Mandani, embora não
possa chegar a presidente por não ter nascido nos Estados Unidos.
E
sua primeira frase depois de eleito é rica em simbologia - "neste período
de escuridão política, Nova Iorque será a luz" ou poderemos também
traduzir NY será a claridade! Mamdani
disse também - "Nova Iorque poderá mostrar a um país traído por Trump,
como vencê-lo".
Como
irá reagir o quase ditador Trump, cuja ambição é a de criar um terceiro mandato
como presidente? Pouco antes das eleições, Trump, como de hábito, fez ameaças
ao "comunista" Mamdani e seus eleitores, como a de cortar os fundos e
subvenções federais a Nova Iorque, revelando sua perigosa incapacidade de
aceitar derrotas.
Entretanto,
os Estados Unidos, submetidos nestes nove meses ao regime arbitrário e
autoritário de Trump, mostram ser capazes de reagir democraticamente pelo voto,
esperando-se que Trump, apesar das ameaças, respeite a vontade popular.
Essas
vitórias dos democratas criam esperanças de novas vitórias nas eleições para
deputados e senadores, dentro de um ano, que poderão acabar com a maioria
trumpista e com as ambições autoritárias e de um terceiro mandato para Trump.
Nas
eleições para governador em Nova Jersey, muitos notaram o abandono de Trump
pelos eleitores latinos. O jornal comunista francês, l´Humanité, enfatiza as
radicalizações de Mamdani, próximas das defendidas na França por Jean-Luc
Mélenchon, líder da França Insubmissa.
Vizinho
de Nova Iorque, o Estado de Nova
Jersey derrotou o homem de negócios Jack Ciatarelli, candidato de Trump, e
elegeu a democrata Mikie Sherrill, ex-pilota de helicóptero na marinha
americana. O tema da campanha foi o alto custo de vida e da eletricidade.
E
na Virgínia foi também uma democrata, Abigail Spanberger quem derrotou o
candidato de Trump.
Na
Califórnia, os eleitores aprovaram uma nova carta eleitoral, pela qual poderão
ser eleitos mais deputados democratas.
Ironia
da sorte: nesta semana, Trump poderia estar comemorando os aniversários de suas
vitórias para o primeiro e segundo mandatos, porém com as derrotas de
terça-feira, são os democratas que comemoram os primeiros sinais do fim do
governo autoritário de Trump. Esse final poderá ser apressado se a Corte Suprema dos EUA, agora
reunida, condenar e considerar ilegais os excessos da política aduaneira,
"os tarifaços" de Trump. Hipótese quase improvável porque Trump tem
maioria na Corte Suprema. Rui Martins – Suíça
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Rui Martins é
jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador
do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas,
que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos
emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da
corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto
Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do
Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de
Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de
Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso
de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
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