O contributo do poder tradicional na luta contra a ocupação colonial e pela Independência Nacional é o foco do primeiro livro do Soba Grande da Ombala do município do Mungo, Florentino Gabriel Sambundo, intitulado “Histórico sociocultural da Ombala grande do Mungo”, lançado na sala de reuniões da Administração Municipal do Mungo
A
entidade máxima do poder tradicional naquele município revelou que a intenção
de escrever o livro resulta do desejo de preservar os traços históricos e
culturais, para que a tradição não seja esquecida pelas gerações vindouras, uma
vez que a transmissão oral é efémera e a escrita permite perpetuar os
conhecimentos ancestrais.
Florentino
Gabriel Sambundo destacou a importância de se escrever mais livros sobre a
cultura local, uma vez que as bibliotecas vivas (os mais velhos), que desde
então transmitiram a oralidade, estão a desaparecer e se não transformarem
esses conhecimentos em livros, a história dos povos pode apagar-se.
“O
meu livro pode servir de material de consulta para as futuras gerações. É um
testemunho valioso que revela o passado da comunidade do Mungo e mostra como
surgiu a localidade e o respectivo nome”, disse o Soba Grande do Mungo.
No
dia do lançamento, estiveram disponíveis mais de 300 exemplares, um número
considerado insuficiente, mas o autor prometeu fazer uma reedição nos próximos
dias, uma vez que ficou limitado em produzir mais livros, já que foi
concretizado com fundos próprios.
Com
110 páginas e comercializado no valor de 10 mil kwanzas, o livro traz um
conjunto de recolha de dados orais, que foram transportados para a obra, uma
forma de valorizar a cultura local.
Florentino
Sambundo referiu que as autoridades tradicionais carregam muito conhecimento e,
por isso, devem ser, cada vez mais, valorizados, para que consigam escrever
mais obras, uma vez que o acto enriquece a cultura e garante que nenhum dado
cultural seja esquecido no futuro.
A
juventude e a comunidade estudantil, apelou, devem aproveitar ao máximo beber
do conhecimento dos mais velhos, para que não se perca de vista a africanidade
e dignificar a originalidade.
A
autoridade tradicional revelou que o município do Mungo surgiu através da
Ombala, que era conhecida por Omungo.
A
primeira obra, revelou, serviu de baptismo no mercado literário, tendo
prometido voltar a escrever mais sobre elementos culturais do Planalto Central.
Estácio Camassete – Angola in “Jornal de Angola”
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