Mia Couto lançou o seu novo romance, A cegueira do rio, esta quinta-feira, no Centro Cultural Moçambique-China. A obra literária traz um diálogo com a História de Moçambique, tendo Niassa como um espaço central.
Às
18 horas desta quinta-feira, A cegueira do rio, de Mia Couto, atraiu
diversos leitores ao Centro Cultural Moçambique-China, na Cidade de Maputo.
Numa audiência concorrida, o escritor apresentou uma obra literária que, sendo
ficção, dialoga com um certo tempo, um certo espaço e uma certa circunstância
de um território que hoje é Moçambique.
A cegueira do rio, na verdade, é um romance que atravessa o tempo para,
num movimento anacrónico, recuperar do passado episódios dignos de ficção.
“Este livro, mais uma vez, foi-me suscitado por um diálogo com a História. Há
um episódio verídico, que aconteceu em 1914, em Niassa, na fronteira com a
actual Tanzânia, que me suscitou uma grande curiosidade porque aquilo é um
incidente militar, a guerra ainda estava a começar na Europa, em África não
havia ainda. E é um incidente num lugar que não queria existir e que todos
quiseram apagar”, disse o escritor.
A
fim de dar expressão a um enredo e a um território, Mia Couto fez duas viagens
a Niassa. Na província menos povoada do país, o escritor encontrou o que
precisou para o seu romance ganhar densidade e essa espécie de ligação à
realidade. “Eu acho que a literatura pode fazer esse exercício de nos convidar
a ir a esse passado, porque a literatura não está à procura de culpados ou de
apontar dedos às pessoas”, sublinhou.
No
Centro Cultural Moçambique-China, o novo romance de Mia Couto foi apresentado
ao público numa cerimónia realizada em jeito de sarau, com leituras
dramatizadas/performances garantidas por Negro, Letícia Deozina e Rita Couto e
momento de conversa conduzida por Daniel da Costa.
Para
o escritor e jornalista Daniel da Costa, “Sente-se aqui que ele [Mia Couto]
está à procura de um certo rumo, de mais chão na sua escrita. Em todas as
escolhas que ele faz, parece-me que estava a pegar a periferia e a colocá-la no
centro”.
Na
cerimónia de apresentação do romance, a Ministra da Cultura e Turismo
considerou que A cegueira do rio é um importante contributo para a
literatura moçambicana. Por isso, recomendou a leitura do livro do escritor que
tem levado a boa imagem de Moçambique além-fronteira.
A cegueira do rio é um livro editado pela Fundação Fernando Leite Couto. José
dos Remédios – Moçambique in “O País”
Sem comentários:
Enviar um comentário