Como era o rosto de Tiradentes? Qual sua altura? Essas e outras questões ainda envoltas em mistério desafiam pesquisadores. Para encontrar respostas, um projeto ganha corpo para traçar o DNA do mártir da Inconfidência Mineira
O próximo
dia 12 marca o nascimento de um dos maiores heróis da pátria: Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), filho da Região do Campo das Vertentes.
No ano que vem, as homenagens ao mártir da Inconfidência Mineira (1789) devem
crescer em importância pela comemoração dos 280 anos da chegada dele ao mundo, mais
exatamente na Fazenda do Pombal, em Ritápolis, na época pertencente a São João del-Rei,
então cabeça da Comarca do Rio das Mortes.
“Temos,
de agora em diante, uma oportunidade de ouro para conhecer mais sobre a vida e a
morte do alferes, ainda envoltas, junto aos fatos históricos, em mistério,
lendas e relatos orais passados de geração a geração”, destaca o escritor
Flávio Ramos, membro da Academia de Letras de São João del-Rei. O acadêmico
está à frente de uma iniciativa para identificação genética dos restos mortais atribuídos
a Tiradentes, enforcado, aos 45 anos, no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro,
tendo, na sequência, o corpo esquartejado, salgado e exposto em pontos da
antiga Estrada Real, que ligava o Rio a Ouro Preto.
“Um
desses pontos de exposição foi Sebollas, atual distrito de Inconfidentes, em
Paraíba do Sul (RJ). Nessa localidade, há um museu com ossos encontrados, em
1972, no cemitério de uma fazenda outrora pertencente a dona Ana Mariana Barbosa
de Matos. O alferes, que patrulhava a região, costumava descansar nessa
propriedade”, conta Flávio, autor de um romance ficcional sobre a figura de Tiradentes.
Segundo o escritor, não se tem notícias do corpo do herói. “A cabeça, por
exemplo, nunca foi encontrada.”
Exumação
Em 2026, 280 anos do nascimento de Tiradentes, o mártir
da Inconfidência Mineira
No museu
Naquele
ano, os ossos foram levados para o Museu Sacro Histórico de Tiradentes, em Sebollas.
E lá estão até hoje. “Tudo o que queremos é sensibilizar autoridades estaduais,
meio acadêmico, instituições científicas e pesquisadores, de Minas e do Rio,
para que sejam feitos exames de DNA nesse material. Com os avanços tecnológicos
de agora, poderemos obter muitas informações sobre a verdadeira fisionomia do
mártir da Inconfidência. Além das análises científicas, serão necessários
exames forenses para validar a identidade”, observa Ramos.
Para
o escritor, a pesquisa é fundamental para valorização da história do Brasil, em
especial a de Minas, onde nasceu e viveu Tiradentes. “Será essencial também,
caso o material seja realmente do mártir, que parte dos ossos seja repatriada e
venha para o Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, onde se reverencia
a memória dos envolvidos num dos maiores levantes, no período colonial, contra
a Coroa portuguesa”, ressalta Flávio Ramos. Flávio Ramos – Brasil in “Estado
de Minas”
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Flávio Ramos -
Escritor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei
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