O
deputado federal brasileiro Luiz Philippe de Orléans e Bragança, descendente de
D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, considera ser importante para os dois
países a existência de uma família real porque as repúblicas falham.
“Acho
importante para os dois países terem a opção, é importante isso”, afirma Luiz
Philippe de Orléans e Bragança, em entrevista à agência Lusa, acrescentando que
“se isso por acaso se vai viabilizar ou não, aí é o momento que vai definir,
mas não ter opção é mais desesperador”.
O
deputado federal, o primeiro descendente da família imperial brasileira a
ocupar um cargo de relevância política desde a Proclamação da República, em
1889, considera que “as repúblicas têm muitas falhas, não duram para sempre”.
“As
monarquias também não, no entanto, durante a sua vivência têm uma cadência
muito mais estável, têm uma permanência, uma condução menos traumática para a
coisa pública”, sublinha, reforçando que, por oposição, as repúblicas estão
“sempre expostas aos golpes e contragolpes, a utopias e a tiranias”.
Numa
altura em que o país celebra, em 07 de setembro, o bicentenário da sua
independência, o pentaneto de D. Pedro I reflete ainda sobre a importância de
haver uma família fundadora no Brasil “com parte da sua história que ainda está
presente e que socialmente é relevante”.
Caso
contrário, as referências de origem desaparecem e o país torna-se “um país
bastardo, uma população bastarda e vira-lata”, um conceito utilizado no Brasil para
se referir à inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em
relação ao resto do mundo.
Na
opinião do deputado federal filiado ao Partido Liberal (PL), o mesmo do
Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, “o brasileiro hoje tem um conceito de
vira-lata e um vira-lata é um bastardo, que não tem pai nem mãe, não tem
origem, qualquer história vale, qualquer narrativa política do momento vale e
por isso o Brasil está sempre se reconstruindo”.
Em
vez de se valorizar a origem portuguesa e tudo o que Portugal representou,
considera Luiz Philippe de Orléans e Bragança, os brasileiros “destroem
Portugal, destroem o português, a língua portuguesa, a cultura portuguesa”.
No
seu entender, ensina-se uma historiografia que tem aversão a tudo o que foi
feito de positivo por parte de Portugal, uma história e uma presença que
permitiram que o Brasil não se desintegrasse aquando da sua independência, em
1822.
O
deputado não tem dúvidas de que a unidade territorial brasileira, o quarto
maior território do mundo, ao contrário do que aconteceu com as colônias
espanholas na América do Sul, só foi possível devido à vinda da corte
portuguesa para o Rio de Janeiro durante as invasões napoleônicas e devido ao
singular processo de independência que tem como ‘independentista’ o imperador
do Brasil D. Pedro I, um membro da família real portuguesa.
“Aqui
na região só temos histórias patéticas de país”, considera, lembrando o México
que, na sua opinião, é um Estado falido controlado pelo narcotráfico.
No
seu entender, o Brasil continua unificado graças à origem portuguesa e à
esquadra portuguesa com o príncipe regente que aportou em Salvador, em 22 de
janeiro de 1808, para mais tarde instituir a cidade do Rio de Janeiro como
capital do império português.
“Quando
Portugal aporta ao Brasil era praticamente o país mais antigo da Europa, com
instituições e regulamentos. Foi o primeiro império, o império que sabia gerir
um império ultramarino. Não é qualquer país que consegue gerir colônias e
interesses além das suas fronteiras e Portugal teve sucesso incrível durante
centenas de anos”, diz.
O
Brasil, que já era um vice-reino desde 1640, recorda, é em 1808 elevado a reino
unido, com a mudança da capital de Lisboa para o Rio de Janeiro devido à
ocupação das tropas napoleônicas em Portugal.
Com
D. João VI, frisa, veio toda a corte que sabia gerir um país que teve “muito
sucesso na criação de um país unificado, vastíssimo e sabia exatamente o que
fazer com o erário público”.
“Se
não tivesse ocorrido essa vinda e se tivesse sido uma monarquia mais
espalhafatosa, a gente não teria o sucesso que teve. A primeira administração
foi extremamente frugal, voltada para a construção de uma nação”, considera.
Na
opinião de Luiz Philippe de Orléans e Bragança, “se não fosse o conhecimento
gestor da corte portuguesa não haveria Brasil” porque não teria havido “a
disciplina de investir no que realmente era necessário para garantir que
existiria um Governo, um centralismo, uma unificação e que haveria respeito por
esse novo poder”.
Reforçando
ainda a importância da experiência da família real e da corte portuguesa, o
deputado federal refere a importância de se ter conseguido aglutinar a forças
que já existiam dentro do Brasil, como os agricultores, comerciantes,
proprietários de terra e Igreja.
“Conseguiram
capitalizar essas forças para garantir que houvesse um Governo”, diz. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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