Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 12 de julho de 2022

Galiza e Portugal celebram a poesia: O Reencontro inevitável da lusofonia

Com este nome celebrou-se no Porto o convívio entre poetas da Galiza e de Portugal. No dia 18 de junho coordenado pela poeta alentejana Graça Foles Amiguinho

Já é o terceiro destes encontros que esta grande mulher, doce, acolhedora e cheia de iniciativas organiza.

Eu assisti ao anterior em julho de 2021 em Elvas e fiquei desde então prendida de seu entusiasmo. Mais de 120 pessoas luso-galaicas, encontraram-se para partilhar a beleza da vida através da magia da poesia, em quanto passeávamos polo Douro a bordo dum barco dos que fazem a rota entre Gaia e Peso da Regua.

Declamações e cânticos foram a nossa companhia. Escritores/as da Galiza do norte e da Galiza do sul, desde as ribeiras do Cantábrico até o Cabo São Vicente unimos nossas vozes e nossas palavras para celebrarmos a cultura ancestral da Matria Galaica.

Cantigas do Alentejo, património imaterial da Humanidade, tomaram banho nas águas do Douro acompanhadas de Muinheiras, Alalás, Rianjeiras. Que navegaram com os quatro Velhos Marinheiros vogando entre as águas do Eo, do Návia, do Avia, do Minho ou do Lima. Usque Mondego dizia o velho professor, que alcançavam os limites da velha Galiza, mas neste encontro entraram também a regar o arte com suas águas o Douro ou o Guadiana. Num autocarro completado por pessoal do Alentejo, poetas e acompanhantes, uniu-se ao nosso convívio.

A festa poética da lusofonia foi cantada polas Xácias e as Meigas que viajaram nas correntes cálidas que banham a costa Atlântica da Península Ibérica e que vivificam esta velha Terra Galaico Lusitana, verde e viçosa . Puro Atlantismo. Uma Terra privilegiada polo mar aberto a todas as nações e continentes sobre as que navegou a nossa cultura comum, transportada na língua portuguesa.

Língua antiga e nova nascida na Galiza do norte e cultivada no verde longo dos pinhais da Galiza do Sul, como os que fiz crescer Dom Dinis sobre as dunas costeiras de Caminha, de Moledo ou de Ancora. Língua transportada desde o Porto Calem, o Porto dos Galegos, povoadores da velha Kalaikaia até até a ilha Formosa do outro lado do mundo. Galaicas celebrando a sua independência de qualquer outra nação e galaicas cantando a saudade que marca a perda, a ausência provocada pola rutura, a partição da velha Kalaikaia entre a Galiza do norte e a Galiza do Sul. A partida do filho que deixou o colo da mãe. Dor da ausência e orgulho de quem vê crescer a criança para adulta e soberana. Dor da língua que ficou presa da castelhana no norte e fachenda da língua que caminha livre pelo mundo inteiro desde a Galiza do Sul transportando em seu génio uma cultura de êxito.

Este encontro poético suma-se a outros que já se vêm realizando entre a Galiza e Portugal. Como o são os coordenados pola escritora de Espinho Esther de Sousa Sá que já vem organizando estes eventos desde o ano 2019. É a Associação Luso-Galaica, Poetas do Reencontro que o faz desde 2018 em Chantada entre escritores da Galiza e de Portugal quem comanda estes intercâmbios literarios que se vêm celebrando alternativamente na Galiza e em Portugal. Foram seus cenários Lugo, Chantada, Espinho ou Porto: “Polos Caminhos da Poesia” foi o último dos livros construido com as achegas de poetas Galegos /as e portuguesas e coordenado por Esther de Sousa Sá. Também esta escritora tem organizado o encontro poético galaico português na honra de Maria Archer no Porto em 2021. Na atualidade está a preparar o próximo encontro literário em Espinho. Previsto para o mês de setembro de 2022.

Este dia 2 de julho vem de celebrar-se o recital poético Poetas do Reencontro II recolhido no livro do mesmo nome e coordenado por Anxo Boan ilustre advogado e intelectual de Chantada.

Quero dar os parabéns a todos e todas as minhas companheiras da literatura galaico-portuguesa. Um forte saúdo a poesia que é capaz de abraçar e unir vontades para alem das políticas que afastam e dividem. Um muito obrigado a estas duas mulheres sensíveis, poderosas e empreendedoras (Graça e Esther) que são capazes de votar para adiante projetos de irmandade baseados na beleza, na arte na paz.

A Anxo Boan que tomou o esforço de coordenar os encontros de Chantada. Também a Poetas do Ribeiro, germolo destes encontros.

É também necessário dar muito obrigada a Rui Vaz Pinto Gerente da livraria UNICEPE do Porto que sempre acolhe a gente da Galiza com delicada atenção. Onde adoitam a ser apresentados os livros destes reencontros junto com outros de escritoras/es galegos. Sempre amigo da Galiza, mãe e senhora. Adela Figueroa – Galiza in “Portal Galego da Língua”

Adela Clorinda Figueroa Panisse é de Lugo (Galiza), fazedora de versos, observadora do mundo e cuidadora de amizades. Trabalhadora no ambientalismo e na criatividade da palavra. Foi professora e lutadora pela recuperação da dignidade da Galiza e, ainda, pela solidariedade entre os seres humanos e a sua reconciliação com a terra. Gosta de rir, cantar e de contar contos. Também de escutar histórias, de preferência ternas e de humor.

 



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