Com este nome celebrou-se no Porto o convívio entre poetas da Galiza e de Portugal. No dia 18 de junho coordenado pela poeta alentejana Graça Foles Amiguinho
Já
é o terceiro destes encontros que esta grande mulher, doce, acolhedora e cheia
de iniciativas organiza.
Eu
assisti ao anterior em julho de 2021 em Elvas e fiquei desde então prendida de
seu entusiasmo. Mais de 120 pessoas luso-galaicas, encontraram-se para
partilhar a beleza da vida através da magia da poesia, em quanto passeávamos
polo Douro a bordo dum barco dos que fazem a rota entre Gaia e Peso da Regua.
Declamações
e cânticos foram a nossa companhia. Escritores/as da Galiza do norte e da
Galiza do sul, desde as ribeiras do Cantábrico até o Cabo São Vicente unimos
nossas vozes e nossas palavras para celebrarmos a cultura ancestral da Matria
Galaica.
Cantigas
do Alentejo, património imaterial da Humanidade, tomaram banho nas águas do
Douro acompanhadas de Muinheiras, Alalás, Rianjeiras. Que navegaram com os
quatro Velhos Marinheiros vogando entre as águas do Eo, do Návia, do Avia, do
Minho ou do Lima. Usque Mondego dizia o velho professor, que alcançavam os
limites da velha Galiza, mas neste encontro entraram também a regar o arte com
suas águas o Douro ou o Guadiana. Num autocarro completado por pessoal do
Alentejo, poetas e acompanhantes, uniu-se ao nosso convívio.
A
festa poética da lusofonia foi cantada polas Xácias e as Meigas que viajaram
nas correntes cálidas que banham a costa Atlântica da Península Ibérica e que
vivificam esta velha Terra Galaico Lusitana, verde e viçosa . Puro Atlantismo.
Uma Terra privilegiada polo mar aberto a todas as nações e continentes sobre as
que navegou a nossa cultura comum, transportada na língua portuguesa.
Língua
antiga e nova nascida na Galiza do norte e cultivada no verde longo dos pinhais
da Galiza do Sul, como os que fiz crescer Dom Dinis sobre as dunas costeiras de
Caminha, de Moledo ou de Ancora. Língua transportada desde o Porto Calem, o
Porto dos Galegos, povoadores da velha Kalaikaia até até a ilha Formosa do
outro lado do mundo. Galaicas celebrando a sua independência de qualquer outra
nação e galaicas cantando a saudade que marca a perda, a ausência provocada
pola rutura, a partição da velha Kalaikaia entre a Galiza do norte e a Galiza
do Sul. A partida do filho que deixou o colo da mãe. Dor da ausência e orgulho
de quem vê crescer a criança para adulta e soberana. Dor da língua que ficou
presa da castelhana no norte e fachenda da língua que caminha livre pelo mundo
inteiro desde a Galiza do Sul transportando em seu génio uma cultura de êxito.
Este
encontro poético suma-se a outros que já se vêm realizando entre a Galiza e
Portugal. Como o são os coordenados pola escritora de Espinho Esther de Sousa
Sá que já vem organizando estes eventos desde o ano 2019. É a Associação
Luso-Galaica, Poetas do Reencontro que o faz desde 2018 em Chantada entre
escritores da Galiza e de Portugal quem comanda estes intercâmbios literarios
que se vêm celebrando alternativamente na Galiza e em Portugal. Foram seus
cenários Lugo, Chantada, Espinho ou Porto: “Polos Caminhos da Poesia” foi o
último dos livros construido com as achegas de poetas Galegos /as e portuguesas
e coordenado por Esther de Sousa Sá. Também esta escritora tem organizado o
encontro poético galaico português na honra de Maria Archer no Porto em 2021.
Na atualidade está a preparar o próximo encontro literário em Espinho. Previsto
para o mês de setembro de 2022.
Este
dia 2 de julho vem de celebrar-se o recital poético Poetas do Reencontro II
recolhido no livro do mesmo nome e coordenado por Anxo Boan ilustre advogado e
intelectual de Chantada.
Quero
dar os parabéns a todos e todas as minhas companheiras da literatura
galaico-portuguesa. Um forte saúdo a poesia que é capaz de abraçar e unir
vontades para alem das políticas que afastam e dividem. Um muito obrigado a
estas duas mulheres sensíveis, poderosas e empreendedoras (Graça e Esther) que
são capazes de votar para adiante projetos de irmandade baseados na beleza, na
arte na paz.
A
Anxo Boan que tomou o esforço de coordenar os encontros de Chantada. Também a
Poetas do Ribeiro, germolo destes encontros.
É
também necessário dar muito obrigada a Rui Vaz Pinto Gerente da livraria
UNICEPE do Porto que sempre acolhe a gente da Galiza com delicada atenção. Onde
adoitam a ser apresentados os livros destes reencontros junto com outros de
escritoras/es galegos. Sempre amigo da Galiza, mãe e senhora. Adela Figueroa
– Galiza in “Portal Galego da Língua”
Adela Clorinda Figueroa Panisse é de Lugo (Galiza), fazedora de versos, observadora do
mundo e cuidadora de amizades. Trabalhadora no ambientalismo e na criatividade
da palavra. Foi professora e lutadora pela recuperação da dignidade da Galiza
e, ainda, pela solidariedade entre os seres humanos e a sua reconciliação com a
terra. Gosta de rir, cantar e de contar contos. Também de escutar histórias, de
preferência ternas e de humor.
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