Em setembro de 1974 viu a luz em Seara nova, e um mês despois em Cuadernos para el diálogo, o “Manifesto para a supervivência da cultura galega”, assinado por Martinho Montero e unha dúzia mais de curas e leigos que estavam daquela em Roma. Na Introdução, Rodrigues Lapa diz que o texto “deverá estar na base de tudo quanto daqui em diante se escrever sobre o problema do galego, onde mergulham as nossas mais antigas raízes”, porque “uma coisa é a língua que falamos e outra a que escrevemos”. Mas não foi assim na escrita posterior.
Tampouco
houve o progresso no uso do galego que se desejava, e para o que se faziam umas
propostas concretas verbo dos meios de comunicação (rádio, tv, imprensa), o
ensino oficial, a Administração e a Igreja. Temos rtv galega, mas mui frustrante
e com escasso eco nas urbes; as cadeias privadas são nulas ao respeito. Aos
jornais pedia-se “aumentar as publicações em língua galego-portuguesa numa
proporção pelo menos ao 50%”, e… tururu. O ensino já sabemos como vai no de
“todos sabem falar e escrever corretamente os dois idiomas”… Outro tanto a
Administração e a Igreja. Verbo desta última, a situação do galego é hoje pior
que então, ainda que se disponha da Bíblia e de todos os textos litúrgicos em
galego. Resulta atualíssimo o que dizia há 45 anos: “Na situação atual, a
língua galego-portuguesa está mui longe de gozar em Galícia de paridade de
direitos com a língua castelhana”. Penso com os meus amigos reintegracionistas
que a perspectiva do galego hoje deveria ter em conta a dramática situação
atual de perda de falantes novos, que não sabem falar galego mesmo estudando-o
na escola. Frente aos que dizem que o reintegracionismo dificultaria isto,
possivelmente só poderia frear-se o descenso do galego com uma nova visão do
idioma como “extenso e útil”, que dizia já Castelao; e –ainda valorando mui
positivamente as publicações galegas– com todos os recursos (livros, películas,
tv, programas informáticos, etc.) de que se dispõe em português. Como dizia
Carvalho Calero nessas datas, a nossa alternativa é “ou galego-castelhano ou
galego-português”; mas a primeira é a morte do galego. Victorino Prieto –
Galiza in “Portal Galego da Língua” com “Nós Diario”
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Victorino Pérez Prieto - (Hospital de Órbigo-León, 1954) é professor de
universidade reformado, escritor, teólogo e pensador. Especialista em temas de
cultura galega; em particular na Geraçom "Nós" e Prisciliano. Também
em Raimon Panikkar, sobre quem fez as Teses de Doutoramento em Filosofia (USC)
e Teologia (UPSA). Colaborador habitual em jornais (atualmente em Nós Diario) e
revistas galegas (Encrucillada, Grial, A Nosa Terra...) e internacionais
(Iglesia viva, Dialogal, Theologica Xaveriana, CIRPIT review, Complessitá...).
Publicou mais de vinte livros individuais (A geraçom "Nós", Do teu
verdor cinguido, Contra a síndrome N.N.A.Unha aposta pola esperanza, Más allá
de la fragmentación de la teología el saber y la vida. Raimon Panikkar,
Prisciliano na cultura galega, Prisciliano. Um cristâo livre, La búsqueda de la
armonía en la diversidad...). E mais de cinquenta em colaboraçom (Diccionario
Enciclopedia do Pensamento Galego, O Pensamento Luso-Galaico-Brasileiro
1850-2000, Galegos Universais...).
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