Sal
Rei – O presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) informou que já se
iniciaram processos formais para reabilitar o núcleo de arqueologia da Boa
Vista, em Sal Rei, e o Forte Duque de Bragança, no ilhéu Djéu.
Hamilton
Fernandes, que avançou à Inforpress ao fazer o balanço da missão à Boa Vista,
indicou que as obras arrancam neste mês de Julho.
A
visita, segundo a mesma fonte, foi ocasião ainda para encontros com parceiros
locais, entre eles a câmara municipal, para iniciar a implementação dos
projetos ligados à preservação do património e criação de novas ofertas a nível
turístico-cultural.
Acompanhado
da diretora dos Museus, Ana Baessa, e do arquiteto, Ricardo Ortet, em visitas
ao edifício da ex-alfândega, situado no litoral da Praia de Diante, na cidade
de Sal Rei, que albergará o Núcleo de Arqueologia da Boa Vista, Hamilton
Fernandes informou que o espaço já foi cedido pelo Ministério das Finanças ao
Ministério da Cultura.
Segundo
explicou, a este projecto, que consta da diretiva de investimento turístico
2022/2026 aprovado recentemente pelo Conselho de Ministros, está alocado uma
verba através do Fundo do Turismo, no valor de 12 mil contos.
O
mesmo indicou ainda que, do total de 110 mil euros do projecto MERGULHAR2, cujo
objectivo é valorizar a região subaquática da MACARONESIA, parte desta verba,
isto é, 2500 contos serão utilizados neste projecto que terá sede no
ex-edifício da alfândega, com conteúdo museológico, integrado num conjunto com
suportes interpretativos e sistema audiovisual, entre outros recursos.
Sobre
o encontro com empreiteiros, Hamilton Fernandes contou que através de uma lista
pequena de propostas se irá selecionar a melhor, tendo em conta que, conforme
sublinhou, é preciso salvaguardar o tempo de execução da obra, porque todo o
projecto terá que ser instalado num horizonte temporal de seis meses.
“É
importante mencionar que o projecto tem haver em certa medida com uma questão
de justiça e justeza para com a ilha”, disse, indicando que o grosso do espólio
dos trabalhos de arqueologia subaquática realizada desde os finais da década de
90, que se encontra no Museu da Arqueologia, da Cidade da Praia, é proveniente
da ilha da Boa Vista.
Daí
o dirigente do IPC pressupor que já é o momento de devolver à ilha da Boa Vista
este “importante legado móvel”, no caso, acervos que serão instalados no museu.
Por
outro lado, destacou a importância do museu para interpretação turística
cultural, no aumento da diversificação de oferta de espaço de visitas onde turistas
e nativos poderão conhecer a história da Boa Vista e de Cabo Verde, dado ao
papel da ilha na abolição da escravatura, sendo que foi um entreposto de vigia
atlântica e de comercialização do sal.
Ou
seja, enalteceu, há uma “narrativa histórica importante” que pode ser passível
de ser transformada em ativo, pelo que o museu será mais um espaço de
contemplação e lazer a ser oferecido aos nativos e turistas.
A
mesma fonte acrescentou que este projecto estará interligado com o de
reabilitação do Forte Duque de Bragança, localizado no ilhéu Djéu, cujo
processo teve início na sexta-feira, 24, com assinatura do protocolo com a
Direção Nacional do Ambiente, através do programa Biotour, financiado pelo PNUD
no valor de 4000 contos.
O
responsável garantiu que, haverá a preocupação ambiental, em que será tido em
conta a capacidade de carga no ilhéu Djeu, pelo que, indicou, haverá instalação
de equipamentos leves e removíveis, como passadiços colocados para acesso a um
circuito desenhado, painéis de sinalética localizados em pontos estratégicos e
um quiosque em que o rendimento das vendas será revertido para campanhas de
limpeza, manutenção do próprio Forte ou para outras actividades conexas.
Neste
ponto, destacou o papel das ONG ambientais nos quesitos de sensibilização
ambiental e remoção de resíduos a serem produzidos no local, acrescidas com as
que são levadas pelas correntes marítimas nas zonas costeiras do ilhéu.
Entretanto,
o dirigente do IPC alertou para que esta responsabilidade ambiental seja
partilhada com a Câmara Municipal da Boa Vista, a Direção-geral do Ambiente,
representado pela Ministério do Ambiente através da delegação na ilha, que
envolverá também os privados, operadores turísticos, peixeiras e pescadores,
que também ganharam com o projecto, por exemplo com disponibilização de botes
para transporte de pessoas para o ilhéu.
“Será
mais um espaço de visitação em que haverá toda uma cadeia econômica à volta da
sustentabilidade da ilha”, finalizou, sublinhando serem projectos de
reabilitação com perspectiva turístico, histórico e cultural assente na
sustentabilidade ambiental. In “Inforpress” – Cabo Verde
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