Radicado
há 13 anos na cidade chinesa de Xangai, onde chegou para estagiar numa
multinacional europeia, o guitarrista português Luís Coelho lançou ontem o seu
segundo disco de originais, em formato estendido (EP).
“É
um EP mais introspectivo, mais melancólico. Baseado nas minhas raízes
portuguesas”, diz o guitarrista português Luís Coelho à agência Lusa, numa
entrevista por telefone.
Composto
por seis temas originais, o EP foi lançado nas plataformas digitais Itunes e
Spotify, e conta com a participação do guitarrista português Ricardo Martins.
Num dos temas, chamado Fado Navegador, Luís Coelho une o género musical
português a elementos tradicionais do Brasil e China, através da inclusão da
guitarra acústica com cordas de nylon, usada na Bossa Nova, e o ‘erhu’,
instrumento musical originário da China, de duas cordas e tocado com um arco.
“A
minha ideia foi fazer a ponte entre estes três países: Brasil e Portugal, que
têm uma ligação mais forte, mas também Portugal e China”, resume.
No
seu primeiro disco de originais, Inner Life Burst, publicado em 2018, Luís
Coelho misturou rock progressivo instrumental e influências mediterrâneas.
Neste novo EP, o músico optou por um som mais “cru, sem muitos arranjos e
produção”. “É como se estivéssemos numa sala a ouvir a banda a tocar. É uma
coisa mais despida”, descreve. “Não há nada a esconder: aquilo que se ouve é o
que é”.
O
português, de 40 anos, formou-se em Economia pela Universidade de Coimbra, mas
quando questionado sobre o seu futuro profissional, responde assim: “A minha
carreira é a música; já não há volta a dar”.
Uma
“Fender” e uma “Schecter” de sete cordas, ou as guitarras acústicas Yamaha,
Martin e Cort, são desde há 10 anos os seus instrumentos diários de trabalho.
Além de ter uma banda – Don Coelho Band – e tocar como ‘freelancer’ com outros
músicos, Luís Coelho dá aulas de guitarra em Xangai.
Situada
na foz do Yangtsé, Xangai é a maior e mais cosmopolita cidade chinesa, com
cerca de 23 milhões de habitantes.
O
encerramento das fronteiras da China, que vigora desde março de 2020, no âmbito
da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, excluiu o país asiático do mapa de
digressões dos artistas internacionais, permitindo a Coelho tocar em alguns dos
palcos mais renomados de Xangai, incluindo os clubes de jazz Blue Note e
Lincoln Center. “Tento sempre tocar alguns fados, alguma música portuguesa nos concertos,
mostrar um pouco a nossa cultura”, diz.
Nascido
e criado em Coimbra, Luís Coelho toca guitarra desde criança. Entre as suas
referências, cita Gary Moore, Joe Satriani, Al Di Meola e as bandas Dream
Theatre e Metallica. Quanto a músicos portugueses que admira, refere o
guitarrista Pedro Joia e Júlio Pereira, conhecido por utilizar instrumentos
tradicionais portugueses, como o cavaquinho e a viola braguesa.
Coelho
chegou a Xangai no início de 2009 para fazer um estágio numa grande empresa
europeia, a Auchan, no âmbito do programa “Inov Contacto”, patrocinado pelo
AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Concluído o
estágio, regressou a Portugal, mas dois meses depois voltou, para “tentar
arranjar trabalho”.
Em
2011, concorreu à 3.ª edição do “Guitar Idol”, considerado “o maior concurso de
guitarristas a nível mundial para descobrir novos talentos”, contra 1700
candidatos de dezenas de países. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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