Lançado em 2018, “A última dança em Goa – Música popular nos últimos anos do Estado da Índia Portuguesa” traça o retrato da cultura da antiga colónia até 1961, ano em que Goa, Damão e Diu deixaram de estar sob administração portuguesa. O livro, editado recentemente em inglês, na Índia, traça um paralelismo entre o teatro tradicional de Goa e o teatro de Macau, em patuá
“Once
Upon a Time in Goa: Music and Dance in a Charming Region and its Diaspora” é o
nome da versão em inglês, recentemente editada na Índia, do livro que Joaquim
Correia lançou em 2018 sobre a cultura de influência portuguesa que existiu em
Goa, antiga colónia portuguesa, até 1961, e que se intitula “A última dança em
Goa – Música popular nos últimos anos do Estado da Índia Portuguesa”.
Joaquim
Correia, advogado, professor e autor, traça aqui um “retrato de Goa antes da
transição de poder para a Índia”, sobretudo em matéria de música de influência
portuguesa. Não são esquecidos os goeses que, em Portugal, contribuem para a
preservação desta cultura.
“Em
Goa havia uma profusão de anúncios de música de influência portuguesa por todo
o lado. Fiquei espantado com isso e resolvi escrever sobre a música de
influência portuguesa em Goa até 1961. O livro em português foi editado em
2018, mas depois gerou muito interesse da parte de pessoas em Goa no sentido de
editar uma versão em inglês, que saiu há cerca de dois meses. Não se trata de uma segunda edição do livro
porque fiz muitas mudanças, embora haja um paralelismo”, contou Joaquim Correia
ao Hoje Macau.
O
leitor encontra, logo no primeiro capítulo, a descrição das várias bandas
musicais que existiam na altura, bem como a história do aparecimento do rock em
Goa. Surgem depois novos elementos sobre a cultura na diáspora, sem esquecer a
influência do fado em Goa.
No
prefácio, Edgar Valles, antigo presidente da Casa de Goa em Lisboa, destaca que
a música sempre esteve muito presente na comunidade, fazendo parte “do
dia-a-dia dos goeses”. “Se é verdade que a música tradicional indiana é
apelativa a muitas famílias, especialmente para a comunidade Hindu, existe uma
forte influência ocidental, especialmente da língua inglesa. O inglês é a
língua falada em Goa, por isso a disseminação da música é algo natural. Mas
persiste a influência portuguesa”, pode ler-se.
Semelhanças com patuá
“Once
Upon a Time in Goa: Music and Dance in a Charming Region and its Diaspora”
descreve ainda a semelhança que existe entre o teatro tradicional em Goa,
conhecido pelos termos “Teatr” ou “Tiatr” e feito no dialecto Konkani, com o
teatro feito em patuá, actualmente preservado graças ao grupo Dóci Papiaçam di
Macau.
“Existem
ligações porque ambos os teatros têm ligação à revista portuguesa, ambos são
teatro de crítica social, têm uma linguagem crioula com influência portuguesa.
O que é curioso é que esse teatro está, de novo, a ter muitos espectáculos”,
disse Joaquim Correia.
Na
obra, é descrito que “há muitas semelhanças com o teatro macaense em patuá”,
que constitui “uma ligação emocional entre a comunidade macaense espalhada pelo
mundo e Macau”.
Nalini
Elvino de Souza, uma das colaboradoras do livro, actualmente a fazer um
doutoramento na área da cultura goesa na Universidade de Aveiro, descreve que
há cerca de dez palavras em Konkani que são muito semelhantes ao português e
que apresentam também alguma semelhança ao patuá, tal como mez (mesa) ou vistid
(vestido).
De
frisar que Nalini Elvino de Souza faz, para este livro, um levantamento de
todos os discos de 75 rotações de música tradicional goesa editados desde a
década de 20 até 1961. Andreia Silva – Macau in “Hoje
Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário