A primeira pílula oral para tratar doentes covid-19, aos primeiros sintomas, poderá estar disponível a curto prazo. Desenvolvida pela Merck este fármaco demonstrou reduzir para metade os internamentos. Vai agora ser pedida a sua autorização de uso à FDA
A
vacinação anti-covid conseguiu desacelerar a pandemia e diminuir mortes e
hospitalizações pelo mundo. Esta é uma arma única eficaz desde que a covid-19
surgiu, há 19 meses atrás.
Contudo,
a pandemia ainda não acabou como fazem questão de lembrar todos os especialistas,
a ONU e pelo mundo político. Desde dezembro de 2019 que o novo coronavírus já
matou quase cinco milhões de pessoas no planeta e infetou mais de 235 milhões.
E continuar a morrer doentes.
Por
isso, as farmacêuticas concentram esforços para melhorar vacinas e descobrir
outros medicamentos que podem diminuir o impacto da covid-19 na saúde
individual e nas populações.
E
o primeiro comprimido oral contra uma doença da covid-19 pode, em breve, ser
aprovado, segundo anunciou a farmacêutica Merck que divulgou este fármaco de
toma fácil para pessoas infetadas com o SARS-Cov-2 e os resultados dos ensaios
clínicos são “bastante promissores”.
Como o comprimido para uma gripe
O
novo fármaco não substitui a vacina que continua a ser a solução principal para
prevenir a doença. O antiviral comprimido é destinado a quem foi contagiado
pelo novo coronavírus e deve ser tomado na fase inicial da infecção, quando
surgem os primeiros sintomas. Como os medicamentos para outras infeções
causadas por vírus como a gripe ou o herpes.
Os
ensaios clínicos realizados pela farmacêutica Merck e pela Ridgeback
Biotherapeutics com este novo fármaco em pacientes com covid-19, com sintomas
moderados ou ligeiros, demonstraram que ele reduz para metade dos internamentos
e as mortes.
Por
isso, a Merck anunciou que vai solicitar à agência do medicamento dos Estados
Unidos, a FDA, a autorização com caractere emergência para o comprimido
antiviral usado em pacientes de covid-19, naquele país.
Caso
seja aprovado pela FDA, o governo dos Estados Unidos já se comprometeu a
adquirir 1,7 milhões de doses da pílula oral, dado que continua a ser o país do
mundo com mais mortes causadas pela pandemia.
Como atua o fármaco?
E
como atua o novo comprimido, chamado molnupiravir? Nos primeiros cinco dias de
sintomas devem ser tomados quatro comprimidos, duas vezes por dia, durante
estes dias. Os ensaios clínicos realizados junto com 775 pacientes covid-19
revelaram que não se registou uma única morte entre os pacientes a quem foi
dado o comprimido, indicou a Merck.
O
que o molnupiravir faz é parar o processo de replicação dos vírus dentro das
células do organismo de modo que a doença não se agrave. “Impedir que o vírus
se multiplique é importante porque quanto mais se reproduz, destruindo após
célula, mais doente uma pessoa fica”, explicou Waleed Javaid, epidemiologista e
diretor de prevenção e controle de infeções no Monte Sinai Downtown, em Nova
Iorque, ao site Geografia nacional.
Mudança no "jogo"
"Um
antiviral oral que pode diminuir o risco de hospitalização é uma mudança no
jogo", declarou Amesh Adalja, professor de Segurança de Saúde no Centro
Johns Hopkins, à agência Reuters.
As
opções de tratamento atuais contra a covid são administradas unicamente pelos
hospitais e por via intravenosa. Um comprido oral capaz de curar uma infecção
da covid-19 será bem obtida. As terapêuticas existentes são "complicadas e
logisticamente difíceis de administrar. Uma simples pílula oral seria o oposto
disso", frisou Adalja.
“Excedeu
o que eu penso que uma droga poderia ser capaz de fazer neste ensaio clínico”,
assumiu Dean Li, o vice-presidente de pesquisa da Merck, citado pelo The
Guardian. “Quando se vê uma redução de 50% na hospitalização ou morte, é um
impacto clínico substancial.”
Perante
os bons resultados, o grupo independente de especialistas que monitorizou o
estudo recomendou a interrupção dos ensaios uma vez que ficou fornecida que o
fármaco funciona de modo a que a farmacêutica pode pedir já permissão para a
entrada no mercado do medicamento.
Comprar sem receita
Atualmente
há outras pilulas contra a covid a serem também já testadas, mas o comprimido
da Merck é o primeiro com ensaios concluídos. Para os cientistas que trabalham
noutros antivirais o resultado dos ensaios da Merck são vistos com entusiasmo.
“Muito empolgante”, disse Jane Scott, da Universidade de Glasgow que coordena
um estudo com outro comprimido oral contra a covid-19. “O ideal é que no futuro
tenhamos um medicamento bem tolerado que as pessoas possam comprar sem receita
e tomar na primeira suspeita de infeção, antes mesmo de terem o resultado do
teste de volta, para que possamos tratar a Covid-19 mais cedo”, perspetivou
esta cientista ao The Guardian.
Ao
mesmo tempo que a Merck espera o sinal verde da FDA para comercializar o
comprimido de toma fácil, a Agência Europeia do Medicamento, a EMA, acaba de considerar
"segura e eficaz" uma dose de reforço da vacina Pfizer para uma
população em geral, pelo menos seis meses após uma segunda dose, mas sem
adiantar datas para a terceira vacina anti-covid. Contudo, a EMA admite que,
neste momento, não pode fazer uma recomendação precisa quanto à data e quem se
destina uma terceira dose da vacina. Cada país deve decidir sobre a aplicação
deste reforço, indicou a EMA. Paula Ferreira – Luxemburgo in “Contacto”
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