Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Timor-Leste – Parlamento Nacional e Governo manifestam condolências pelo falecimento de Max Stahl

Díli – O Parlamento Nacional (PN) e o Governo timorense expressaram hoje as suas sentidas condolências pelo falecimento do jornalista Max Stahl à sua família.

O Presidente do PN, Aniceto Guterres, disse hoje que o Estado timorense perdeu um grande amigo e jornalista.

“Consideramos que Max Stahl foi um combatente na luta pela libertação da pátria. E o Parlamento Nacional, como um órgão colegial, elaborará uma resolução para prestar o voto de pesar pela sua morte”, referiu.

Também o Primeiro-Ministro, Taur Matan Ruak, afirmou que o Governo aguarda ainda a decisão da família sobre a cerimónia fúnebre.

“Manifestamos as nossas sentidas condolências à família pela morte do nosso jornalista e amigo. Desejamos-lhe coragem para lidar com esta situação com calma e força”, disse o Chefe do Governo.

O Chefe do Governo adiantou também que o Presidente da República pediu ao Executivo que prestasse a devida atenção a este processo.

Matan Ruak referiu ainda que o Governo não irá transladar o corpo de Max Stahl para Timor-Leste, pois, segundo a informação da família, este será cremado. “A família trará as suas cinzas para Timor-Leste”, concluiu.

Timor-Leste perdeu Max Stahl, jornalista e realizador, responsável pela filmagem das imagens do massacre de Santa Cruz, em 1991, que permitiram chamar a atenção para a situação que o país vivia, e colocar o país no topo da agenda internacional, o que se tornou num importante contributo para a autodeterminação do povo timorense.

Max Stahl faleceu hoje, dia 28 de outubro, em Brisbane, vítima de doença prolongada, no mesmo dia em que se assinalam os 30 anos da morte de Sebastião Gomes, que originou a homenagem que culminou no massacre de Santa Cruz.

Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino Unido.

Depois ter passado por vários cenários de conflito, sobretudo na América Latina, em agosto de 1991, Max Stahl veio para Timor-Leste para filmar o documentário que viria a chamar-se “In Cold Blood: The massacre of East Timor”.

A 12 de novembro de 1991, acompanhou e filmou a marcha de homenagem da Igreja de Motael até à campa de Sebastião Gomes, que culminou no massacre do Cemitério de Santa Cruz, em que centenas de jovens timorenses foram mortos por militares indonésios. As imagens correram o mundo e deram a conhecer o drama timorense.

O seu profissionalismo e a sua extrema coragem impulsionaram a frente diplomática, catapultando Timor-Leste para as primeiras páginas dos meios de comunicação mundiais, depois de vários anos em que a situação timorense permanecia adormecida para a comunidade internacional.

Max Stahl entrevistou vários líderes da resistência timorense, como o Comandante David Alex Daitula e o Comandante Nino Konis Santana.

Criou o Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL), com o intuito de preservar e divulgar a coleção audiovisual que documenta o período da resistência, os acontecimentos durante e após o referendo e os primeiros anos da independência até aos dias de hoje.

Esta coleção foi reconhecida, em 2013, pela UNESCO, ao ser inscrita no “Registo da Memória do Mundo”, um programa criado com o objetivo de proteger e promover o património documental mundial através da conservação e do acesso aos documentos.

O jornalista recebeu, em 2000, o Rory Peck Award, um prémio que homenageia jornalistas de vídeo independentes. Recebeu muitos outros prémios em reconhecimento do seu trabalho em zonas de conflito, como as guerras dos Balcãs e de El Salvador.

Em 2009, foi condecorado com a Insígnia da Ordem de Timor-Leste e, em 2019, recebeu o Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração nacional.

Também em 2019, foi-lhe atribuída a nacionalidade timorense pelo Parlamento Nacional, num ato que “representa a homenagem do Povo de Timor-Leste ao espírito humanista, altruísmo e extraordinária coragem de Max Stahl” e que “expressa o agradecimento e reconhecimento dos feitos excecionais praticados por um homem excecional”.

Já o Ministro Fidélis Magalhães, em nome do Governo e de todo o povo timorense, manifestou as suas mais sentidas condolências à família e amigos de Max Stahl.

“O povo timorense estará para sempre grato pela sua contribuição para a autodeterminação nacional. A sua coragem e o legado do seu trabalho perdurarão para sempre na memória de todos nós”, concluiu. Domingos Freitas – Timor-Leste in “Tatoli”

 

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