Díli
– O Parlamento Nacional (PN) e o Governo timorense expressaram hoje as suas
sentidas condolências pelo falecimento do jornalista Max Stahl à sua família.
O
Presidente do PN, Aniceto Guterres, disse hoje que o Estado timorense perdeu um
grande amigo e jornalista.
“Consideramos
que Max Stahl foi um combatente na luta pela libertação da pátria. E o
Parlamento Nacional, como um órgão colegial, elaborará uma resolução para
prestar o voto de pesar pela sua morte”, referiu.
Também
o Primeiro-Ministro, Taur Matan Ruak, afirmou que o Governo aguarda ainda a
decisão da família sobre a cerimónia fúnebre.
“Manifestamos
as nossas sentidas condolências à família pela morte do nosso jornalista e
amigo. Desejamos-lhe coragem para lidar com esta situação com calma e força”,
disse o Chefe do Governo.
O
Chefe do Governo adiantou também que o Presidente da República pediu ao
Executivo que prestasse a devida atenção a este processo.
Matan
Ruak referiu ainda que o Governo não irá transladar o corpo de Max Stahl para
Timor-Leste, pois, segundo a informação da família, este será cremado. “A
família trará as suas cinzas para Timor-Leste”, concluiu.
Timor-Leste
perdeu Max Stahl, jornalista e realizador, responsável pela filmagem das
imagens do massacre de Santa Cruz, em 1991, que permitiram chamar a atenção
para a situação que o país vivia, e colocar o país no topo da agenda
internacional, o que se tornou num importante contributo para a autodeterminação
do povo timorense.
Max Stahl faleceu hoje,
dia 28 de outubro, em Brisbane, vítima de doença prolongada, no mesmo dia em
que se assinalam os 30 anos da morte de Sebastião Gomes, que originou a
homenagem que culminou no massacre de Santa Cruz.
Christopher
Wenner, mais conhecido como Max Stahl, nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino
Unido.
Depois
ter passado por vários cenários de conflito, sobretudo na América Latina, em
agosto de 1991, Max Stahl veio para Timor-Leste para filmar o documentário que
viria a chamar-se “In Cold Blood: The massacre of East Timor”.
A
12 de novembro de 1991, acompanhou e filmou a marcha de homenagem da Igreja de
Motael até à campa de Sebastião Gomes, que culminou no massacre do Cemitério de
Santa Cruz, em que centenas de jovens timorenses foram mortos por militares
indonésios. As imagens correram o mundo e deram a conhecer o drama timorense.
O
seu profissionalismo e a sua extrema coragem impulsionaram a frente diplomática,
catapultando Timor-Leste para as primeiras páginas dos meios de comunicação
mundiais, depois de vários anos em que a situação timorense permanecia
adormecida para a comunidade internacional.
Max
Stahl entrevistou vários líderes da resistência timorense, como o Comandante David
Alex Daitula e o Comandante Nino Konis Santana.
Criou
o Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL), com o intuito de
preservar e divulgar a coleção audiovisual que documenta o período da
resistência, os acontecimentos durante e após o referendo e os primeiros anos
da independência até aos dias de hoje.
Esta
coleção foi reconhecida, em 2013, pela UNESCO, ao ser inscrita no “Registo da
Memória do Mundo”, um programa criado com o objetivo de proteger e promover o
património documental mundial através da conservação e do acesso aos
documentos.
O
jornalista recebeu, em 2000, o Rory Peck Award, um prémio que homenageia
jornalistas de vídeo independentes. Recebeu muitos outros prémios em
reconhecimento do seu trabalho em zonas de conflito, como as guerras dos Balcãs
e de El Salvador.
Em
2009, foi condecorado com a Insígnia da Ordem de Timor-Leste e, em 2019,
recebeu o Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração nacional.
Também
em 2019, foi-lhe atribuída a nacionalidade timorense pelo Parlamento Nacional,
num ato que “representa a homenagem do Povo de Timor-Leste ao espírito
humanista, altruísmo e extraordinária coragem de Max Stahl” e que “expressa o
agradecimento e reconhecimento dos feitos excecionais praticados por um homem
excecional”.
Já
o Ministro Fidélis Magalhães, em nome do Governo e de todo o povo timorense,
manifestou as suas mais sentidas condolências à família e amigos de Max Stahl.
“O
povo timorense estará para sempre grato pela sua contribuição para a
autodeterminação nacional. A sua coragem e o legado do seu trabalho perdurarão
para sempre na memória de todos nós”, concluiu. Domingos Freitas – Timor-Leste
in “Tatoli”
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