O percurso e obra do mestre do surrealismo português, falecido há cerca de um ano, voltam a ser objecto de homenagem numa prestigiada feira de arte internacional
A
obra de Cruzeiro Seixas vai estar em destaque na feira de arte internacional
Frieze, em Londres, entre 13 e 17 de Outubro, enquanto trabalhos dos
portugueses Hugo Lami e Pedro Sousa Louro vão ser expostos em eventos
paralelos.
Documentos,
cartas, desenhos, poesia e desaforismos, alguns dos quais inéditos, do
surrealista português, que morreu no ano passado aos 99 anos, vão estar entre
trabalhos raramente vistos de figuras pouco conhecidas mas consideradas
pioneiras da arte de vanguarda do século XX.
A
exposição chega pela mão da Perve Galeria, que fez a selecção de trabalhos
produzidos ao longo de cinco décadas, com especial ênfase no trabalho
desenvolvido pelo artista enquanto viveu em Angola, ao longo de 12 anos, entre
1952 e 1964.
O
período em Angola destaca-se não só pelo uso de materiais nativos que na altura
causaram fricções com o regime e a polícia política de Salazar, mas também por
ter sido quando “descobriu a poesia”, influenciando a sua produção artística
posterior, disse à agência Lusa o diretor artístico da Perve Galeria, Carlos
Cabral Nunes.
A
mostra é a segunda exposição internacional do Ciclo de Celebração do Centenário
de Cruzeiro Seixas, que a Perve tem vindo a promover desde 2020.
“Cruzeiro
Seixas não é só um artista português, é um extraordinário artista
internacional. A sua obra transcende a nossa própria condição de país
periférico. Ele é o artista português na história que mais obra realizou, com
uma linguagem própria, muito multifacetada e surpreendente”, defende.
A
Secção Spotlight tem curadoria da norte-americana Laura Hoptman, actual
diretora do museu Drawing Center em Nova Iorque, e que durante anos dirigiu o
Museu de Arte Moderna da mesma cidade (MoMA), e é dedicada a artistas
vanguardistas do século XX.
Este
ano vai incluir obras de artistas como Woody Vasulka, Franca Sonnino, Obiora
Udechukwu, Feliciano Centurión, Santi Alleruzzo, entre muitos outros.
A
galeria de Lisboa é a única portuguesa entre 130 galerias internacionais na
Frieze Masters, a parte da feira internacional dedicada a artistas anteriores
ao século XXI.
Ouras presenças
O
evento “irmão”, Frieze London, dedica-se à arte contemporânea e artistas ainda
vivos, com obra posterior ao ano 2000.
Juntas,
atraem anualmente cerca de 60 mil visitantes, como programadores, artistas,
coleccionadores, galeristas e críticos, bem como o público em geral, mas em
2020 realizou-se num formato digital devido à pandemia covid-19.
Aproveitando
a presença de especialistas internacionais em Londres, muitas galerias realizam
exposições paralelas para coincidir com a Frieze, como é o caso da Neon Art
Gallery, que vai promover uma exposição individual do português Hugo Lami.
Intitulada
“Life Found on the Moon” (“Encontrada Vida na Lua”, em tradução do inglês), a
exposição decorre entre 11 e 17 de Outubro.
Lami
vive entre Lisboa, onde estudou Pintura na Escola Faculdade de Belas Artes da
Universidade de Lisboa, e Londres, onde concluiu um mestrado em Escultura no
Royal College of Art.
Também
residente e formado em Londres, no Chelsea College of Arts, o português Pedro
Sousa Louro participa numa exposição colectiva de mais de 70 artistas de 25
países na Saatchi Gallery.
A
StART Fair pretende marcar o lançamento da StART.art, uma plataforma de
comércio electrónico para artistas.
Já
no âmbito da Frieze Sculpture, uma das maiores exposições de escultura ao ar
livre de Londres, que decorre até 31 de Outubro, expõe o português José Pedro
Croft.
A
exposição tem curadoria, pelo nono ano consecutivo, de Clare Lilley, directora
do programa no Parque de Esculturas de Yorkshire, e apresentará também
trabalhos das artistas brasileiras Solange Pessoa e Vanessa da Silva. In “Hoje
Macau” - Macau
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