A escritora moçambicana Paulina Chiziane é a vencedora do Prémio Camões 2021, numa escolha feita por unanimidade, anunciou hoje a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca
"No
seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, que decorreu no
dia 20 de outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prémio Camões 2021 foi
atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane", lê-se na nota
informativa hoje divulgada.
“O
júri decidiu por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina
Chiziane, destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento
académico e institucional da sua obra”, pode ler-se na nota.
O
júri referiu também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da
mulher moçambicana e africana. O júri sublinhou o seu trabalho recente de
aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura
e outras artes.
Paulina
Chiziane "está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da
ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários
prémios e condecorações", conclui-se na mensagem.
Paulina
Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em
Maputo. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia.
Ficcionista,
publicou vários contos na imprensa.
Publicou
o seu primeiro romance, "Balada de Amor ao Vento" (1990), depois da
independência do país, que é também o primeiro romance de uma mulher
moçambicana.
"Ventos
do Apocalipse", concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da
autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo a
publicação de "Balada de Amor ao Vento", em Portugal, pela mesma
editora, em 2003.
A
Caminho possui aliás os títulos da autora publicados em Portugal: "Sétimo
Juramento" (2000), "Niketche: Uma História de Poligamia" (2002),
"O Alegre Canto da Perdiz" (2008).
Da
sua obra fazem igualmente parte "As Andorinhas" (2009), "Na mão
de Deus" e "Por Quem Vibram os Tambores do Além" (2013),
"Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento" (2015), "O Canto
dos Escravos" (2017), "O Curandeiro e o Novo Testamento" (2018).
O
júri da 33.ª edição do Prémio Camões foi constituído pelos professores
universitários Ana Martinho e Carlos Mendes de Sousa (Portugal), pelo escritor
e investigador Jorge Alves de Lima e pelo professor universitário Raul César
Fernandes (Brasil), e pelos escritores Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa
Manjate (Moçambique).
No
Brasil, está editada apenas a obra "Niketche: Uma História de
Poligamia".
O
Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e
pelo Brasil, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua
para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua
comum".
Segundo
o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de
1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um
autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha
contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua
comum”.
Foi
atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.
Em
2019, o prémio distinguiu o músico e escritor brasileiro Chico Buarque, autor
de "Leite Derramado" e "Budapeste", entre outras obras; em
2020, o professor e ensaísta português Vitor Aguiar e Silva.
Portugal
e Brasil lideram a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 13 premiados
cada, seguindo-se Moçambique, agora com três laureados, Cabo Verde, com dois,
mais um autor angolano e outro luso-angolano.
A
história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano
Luandino Vieira, em 2006. In “Sapo Mag” – Portugal com “Lusa”
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