A Sonangol realizou a cerimónia de abertura das propostas para investimento na refinaria do Lobito que deram entrada dentro dos prazos legais estabelecidos e as cinco existentes vão saber do veredicto a 26 de Novembro
A
avaliação da petrolífera será dada a conhecer, segundo nota enviada ao Novo
Jornal, depois de cumpridas as exigências de "due diligence",
que é a verificação da veracidade das informações prestadas pelos concorrentes
nas propostas apresentadas e da clarificação de elementos que possam gerar eventuais
dúvidas.
Após
a abertura das propostas, em Benguela, ficou-se a saber que estão interessados
em investir na refinaria do Lobito três consórcios e duas empresas.
Os
consórcios são constituídos pela Lanpec Technology Limited (China) e pela
International Business Development Group (USA); a Gemcorp Holding Limited
(Multinacional com sede em Jersey e que já está a liderar o projecto da refinaria
de Cabinda) e a Omatapalo - Engenharia e Construções S.A (Angola); e a HBMP
Hull Bith Man Power (Angola); AVIC (China) e pela China Huanquiu Contracting
& Engeneering Lda.
As
empresas são as Layer Ltd (com sede no Reino Unido, Londres, e ligações aos EUA
e Roménia) e a GazMin International (EAU).
Este
concurso público, cujo prazo terminou a 14 deste mês, visa a conclusão do
projecto de refinaria do Lobito, que já vem de 2000, tendo a primeira pedra
sido colocada em 2012, pelo então vice-presidente Manuel Vicente, e depois de
ali terem sido gastos largos milhões de euros, foi lançado em Julho deste ano.
Durante
o lançamento do concurso ficou claro que a validação das propostas iria
depender de factores determinantes como a capacidade financeira, técnica e um
histórico de conhecimento neste tipo de infra-estruturas, elementos essenciais
para que o projecto não volte a tropeçar.
Esta
refinaria por concluir chega a 2021 depois de anos a fio envolta em polémicas e
depois de ter sido formalmente lançada em 2012, estando então prevista a sua
conclusão para cinco anos após essa data.
Tal
como no seu lançamento, há quase uma década, prevê uma capacidade de
processamento de até 200 mil barris por dia e resultou de um plano estabelecido
em 2000, quando a empresa definiu a sua estratégia para resolver o crónico défice
de combustíveis refinados no país, que contava, então e hoje, com uma única
refinaria, em Luanda, erguida na década de 1950, e com capacidade limitada a
menos de 60 mil barris por dia.
Com
a refinaria do Lobito a Sonangol previa acabar com a importação de combustíveis
que, ainda hoje, impõem gastos indirectos anuais ao Estado, na forma de
subsídios, de perto de 2 mil milhões USD.
No
lançamento da 1ª pedra, cerimónia presidida pelo então vice-Presidente da
República e antigo PCA da Sonangol, Manuel Vicente, onde estiveram ainda o PCA
da empresa, Francisco de Lemos, e o ministro dos Petróleos, Botelho de
Vasconcelos, o projecto foi apontado como uma das grandes obras da "nova
Angola" saída do conflito armado uma década antes e que daria a liberdade
energética ao País.
No
entanto, depois de ali terem sido gastos vários milhares de milhões de dólares,
valor nunca tornado público mas que a imprensa tem dado como certo terem sido
entre 4 a 6 mil milhões USD, as obras deste empreendimento estratégico para
Angola foram interrompidas em 2016 por decisão da então PCA da Sonangol, Isabel
dos Santos, que assim decidiu justificando com a necessidade de rever as
grandes opções estratégicas nacionais face à crise que enfrentava na altura.
Inicialmente
esta infra-estrutura previa a criação de 10 mil postos de trabalho e tinha um
orçamento, várias vezes revisto, de 12 mil milhões USD, que foi revisto para
metade em 2018, mas que, antes do lançamento da 1ª pedra tinha sido apresentado
como sendo de 6 mil milhões, sofrendo reajustes sucessivos.
O
actual projecto não difere muito do inicial, como o demonstrou o ministro dos
Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, que em Julho
descrevia a Sonaref como estando projectada para refinar 200 mil barris por dia
e gerar oito mil postos de trabalho directos e indirectos durante a construção,
e depois quatro mil na fase de produção.
O
governante adiantava ainda que esta infra-estrutura vai reverter o actual
quadro onde o país importa 80% dos combustíveis que consome, contando o plano
de desenvolvimento nacional 2018/2022, onde está esta refinaria, com esta
unidade para dar outra eficiência à economia nacional.
Recorde-se
que Angola tem ainda em andamento a construção de mais duas refinarias, no Soyo
e em Cabinda, com menor capacidade de refinação.
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