Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Macau - Grupo de pais quer refeições vegetarianas nas escolas a exemplo de Portugal

Há um grupo de pais que quer que Macau siga o exemplo de Portugal, avançando com uma lei que estabeleça a obrigatoriedade da existência de opções vegetarianas nas ementas das cantinas escolares e refeitórios públicos. O grupo já tem uma carta pronta para enviar a Elsie Ao Ieong, mas antes de a entregar quer munir-se de documentos científicos e petições. Segundo João Manuel Vicente, um dos membros do grupo, os vegetarianos e veganos querem “uma lei inclusiva”

“Pais frustrados pedem à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura uma medida para Macau semelhante à lei portuguesa relativa à inclusão de opção vegetariana em cantinas das creches e escolas”. É este o título da carta que um grupo de pais vegetarianos quer entregar a Elsie Ao Ieong. Antes disso, o grupo quer reunir artigos científicos, opiniões de nutricionistas e petições. O advogado João Manuel Vicente é um dos membros do grupo e contou ao Ponto Final que a ideia é, para já, “lançar o debate”, para que, no futuro, “haja uma lei inclusiva”.

Os interessados concentram-se no grupo de Facebook “Vegetarians in Macau”. “Não há um grupo ou uma associação com o enfoque de introduzir os menus veganos nos estabelecimentos públicos”, ressalva João Manuel Vicente. O grupo no Facebook tem 552 membros. “Nós ainda não estamos com uma grande orgânica. Estamos a dar os primeiros passos”, explicou. O número de pais com esta preocupação deverá ser de “várias dezenas”, apontou Vicente. Nesse grupo, que junta vegetarianos de Macau, começou a ser partilhada a lei portuguesa de 2017, que estabelece a obrigatoriedade de existência de opção vegetariana nas ementas das cantinas e refeitórios públicos.

Assim, foi escrita uma carta para enviar a Elsie Ao Ieong, alertando a secretária para o facto de haver “cada vez mais residentes que optaram pela comida vegetariana como a sua alimentação quotidiana”. “As razões são diversas: uns por causa da sua religião; outros, por causa do meio ambiente; outros, por causa dos direitos dos animais”, lê-se na missiva, acrescentando que há “cada vez mais bebés vegetarianos ou veganos em Macau nos últimos anos”. A carta diz ainda que são muito raras as escolas e creches que disponibilizam opções vegetarianas e, além disso, não permitem que os pais levem as próprias refeições vegetarianas para dar aos filhos. Depois, explicou João Manuel Vicente, a questão será alargada a lares de idosos, estabelecimentos prisionais e hospitais.

A carta ainda não foi entregue à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, mas ser-lhe-á endereçada nos próximos meses. “Estamos a tentar reunir e criar uma série de elementos e documentos, como artigos de opinião, alguns artigos de nutricionistas, abaixo-assinados. Algo que depois possa ser remetido e encaminhado à secretária”. Elsie Ao Ieong foi questionada, na Assembleia Legislativa (AL), sobre o tema pela deputada Agnes Lam, mas desvalorizou a questão e chamou a atenção para a proteína da carne. “Que é uma coisa cientificamente errada, demonstra um atraso científico de 30 anos ou mais, e causou uma grande revolta em muita gente”, comentou João Manuel Vicente.

“Sabemos que há muita gente vegetariana, mas também há muito conservadorismo e muita resistência”, lamentou o advogado. Porém, lembrou que “há muitas associações que não são exactamente vegetarianas, mas são budistas ou taoistas e similares, que podem eventualmente também aderir e começar a sensibilizar mais pessoas”. O grupo quer uma “lei inclusiva”. “Estas pessoas estão excluídas, fora do sistema”, alertou, esclarecendo: “Não se retira direitos a ninguém, apenas se inclui pessoas que estão fora, desde crianças a adolescentes e idosos”. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”

andrevinagre.pontofinal@gmail.com

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