Os jovens portugueses interessados em estudar nas universidades britânicas devem “investigar um pouco mais” sobre as condições de acesso devido ao acréscimo de burocracia, custos e restrições ao financiamento na sequência do ‘Brexit’, aconselha o British Council
“A
situação é naturalmente mais complexa do que quando o Reino Unido estava na UE
[União Europeia], quando a livre circulação de pessoas, as taxas iguais para
cidadãos do Reino Unido e da UE e a nossa participação no [programa de
intercâmbio] Erasmus suavizavam o processo de estudar no Reino Unido”, admitiu
o diretor para educação e cultura do British Council em Portugal, Richard Fleming,
em declarações à Agência Lusa.
Durante
quatro dias, entre 04 e 08 de outubro, o organismo de promoção da língua e
cultura britânicas no estrangeiro vai promover sessões de esclarecimento pela
Internet para os jovens interessados em estudar em universidades britânicas.
“Study
UK: The Essentials” vai abordar questões como a necessidade de vistos e seguros
de saúde e os custos acrescidos com propinas.
A
partir do ano letivo 2021/2022, que começa este outono, os estudantes da UE
deixam de pagar o mesmo valor que os britânicos (9250 libras/ano), como
acontecia antes, e passam a pagar propinas mais elevadas enquanto estudantes
internacionais.
Segundo
o site “Save the Student”, estima-se que os valores variam entre 9250 e 30548
libras (10800 e 35500 euros) por ano, dependendo das universidades e tipo de cursos,
podendo chegar a 64652 libras (75400 euros) por ano numa licenciatura de
medicina.
Depois
do ‘Brexit’, os estudantes europeus passam também a ter de pagar 470 libras
(550 euros) anuais para poderem usar os serviços de saúde públicos britânicos e
348 libras (400 euros) por um visto de estudante, que pode ser válido por cinco
anos.
A
estes juntam-se gastos com alojamento, alimentação e materiais de estudo.
Os
estudantes europeus, incluindo os portugueses, deixam a partir deste ano letivo
de ter acesso aos empréstimos do Governo britânico para pagar as propinas e
outras despesas, embora existam bolsas de estudo disponíveis junto de
instituições e das próprias universidades.
Nos
últimos anos, Portugal tem sido dos países europeus com maior número de
candidatos ao ensino superior aceites no Reino Unido, à frente da Alemanha e
Grécia.
De
acordo com os dados mais recentes do serviço de admissão em universidades britânicas
(UCAS), até 07 de setembro tinham sido colocados 490 estudantes portugueses,
uma redução de 69% face aos 1590 de 2020.
No
conjunto dos países da UE, o declínio é de 56%, de 29630 para 12920 estudantes
inscritos até início de setembro.
Os
números finais só serão conhecidos no final do 2021, mas prevê-se que sejam
substancialmente inferiores aos dos anos anteriores.
Fleming
salienta que esta redução resulta da combinação da incerteza criada pela
pandemia covid-19 com as mudanças causadas pelo ‘Brexit’, mas defende que as
sessões de esclarecimento podem ajudar a encontrar soluções.
“Ninguém
deve desistir do seu sonho de estudar no Reino Unido sem descobrir que ajuda
está disponível na universidade que gostaria de frequentar”, insiste. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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