A
CPLP vai ter um mecanismo de resposta das Forças Armadas em catástrofes, como o
conflito em Cabo Delgado, considerado prioritário para a presidência
cabo-verdiana do grupo ministerial da Defesa da organização, informou a
ministra de Cabo Verde.
“Naturalmente.
Temos que dar continuidade e temos uma responsabilidade maior quando nós
assumirmos a presidência, porque o impulso, a dinamização e a concretização das
deliberações também estará dependente da energia que a gente dedica para a
causa da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”, afirmou nesta
terça-feira à Lusa a ministra da Defesa de Cabo Verde, Janine Lélis.
Em
declarações aos jornalistas na cidade da Praia, à margem da XX reunião de ministros
da Defesa Nacional ou equiparados da CPLP, realizada por videoconferência e
presidida pelo Brasil, a governante explicou que na agenda deste encontro,
entre outros assuntos, está a deliberação da criação do mecanismo de resposta
das Forças Armadas ao nível da comunidade para as situações de catástrofe.
“Significa
que está a ser criada uma capacidade de resposta ao nível da comunidade para
que, em jeito de solidariedade e sempre que se mostrar necessário, haja essa
conjugação de esforços para ajudar”, referiu a ministra cabo-verdiana, que em
2022 assumirá a presidência rotativa do grupo ministerial de Defesa da CPLP.
Explicou
que o mecanismo que está agora a ser preparado “não é perspectivado como uma
força permanente”, mas sim “uma força de resposta em situações de catástrofe”,
até tendo em conta que estão previstos “procedimentos de solicitação e de
resposta”.
“Não
há de existir como uma realidade permanente, mas sim pontual, para satisfazer
necessidades”, afirmou a ministra da Defesa de Cabo Verde, que hoje se estreou
publicamente nessas funções, que assumiu em maio, depois de no anterior Governo
ter sido ministra da Justiça e do Trabalho.
Janine
Lélis explicou que o conflito armado que se vive em Cabo Delgado, norte de
Moçambique, ou as dificuldades do último ano provocadas pela pandemia de
covid-19 ajudam a explicar a necessidade de implementar este mecanismo da
resposta ao nível dos países da CPLP.
“Por
causa disso é que se torna premente a criação destes instrumentos. A
comunidade, para além de mostrar solidariedade, colocou sobre a mesa este
mecanismo, exatamente porque situações desta natureza acontecem, para que a
gente possa estar em condições de nos organizarmos para uma resposta”, disse
ainda a ministra, referindo-se ao conflito em Cabo Delgado.
A
aprovação de uma deliberação sobre a criação deste mecanismo, ao nível dos
ministros da Defesa da CPLP, é um dos pontos relevantes da agenda da reunião.
Entre
outros assuntos, os ministros ainda deliberam sobre a Estratégia de Defesa da
CPLP, “como é que ela deverá responder, em especial, para as operações de paz e
de assistência humanitária das Nações Unidas”, explicou a governante
cabo-verdiana.
Também
é apreciada uma resolução das Nações Unidas sobre o papel das mulheres na
promoção dos Direitos Humanos das crianças e das pessoas vítimas de violência
nos conflitos armados, acrescentou.
Brasil
O
Ministro da Defesa do Brasil e presidente do Fórum de Ministros da CPLP, Walter
Souza Braga Netto, abriu reunião saudando os demais Ministros e convidados. Ele
ressaltou que o evento é o espaço propício para a interação e o estabelecimento
da confiança entre os países.
O
Ministro Braga Netto pontuou questões como o combate à Covid-19 e a importância
do Atlântico Sul, especificamente, as preocupações com a segurança marítima no
Golfo da Guiné. No que se refere ao combate à pandemia, o Ministro destacou a
ativação do Centro de Operações Conjuntas, que atua na coordenação e no
planejamento do emprego das Forças Armadas em ações de enfrentamento promovidas
pelo Ministério da Defesa.
O
Ministro brasileiro disse, ainda, que outro tema vital ao Brasil é o Atlântico
Sul e a situação crítica vivenciada no Golfo da Guiné. Ele chamou a atenção
para a importância que esse oceano vem adquirindo ao longo das últimas décadas.
“As nações atlânticas enfrentam grande número de desafios marítimos. Tais
episódios têm acarretado óbices significativos ao comércio marítimo em geral”,
concluiu o Ministro Braga Netto.
Em
seguida, os demais Ministros apresentaram análises conjunturais de seus países,
referenciando as atividades socioeconômicas internas, sob a luz dos
acontecimentos internacionais e da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP. In “Mundo
Lusíada” - Brasil
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