A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, precisa de cerca de US$ 13 milhões para ajudar deslocados internos na província do norte de Moçambique, a Unicef necessita de US$ 90 milhões
O
conflito na província de Cabo Delgado, em Moçambique, continua a fazer centenas
de milhares de vítimas.
Desde
2017, os combates entre forças do governo e grupos extremistas islâmicos já
forçaram mais de 700 mil pessoas a fugirem das suas casas.
Lares
A
responsável pelas Relações Exteriores do Acnur em Moçambique, Juliana Ghazi,
disse à ONU News que as pessoas em Cabo Delgado continuam a abandonar os seus
lares após a intensificação de ataques no início deste ano.
“De
acordo com o nosso apelo, lançado em maio, os nossos pedidos financeiros para
responder às necessidades de Cabo Delgado são de US$ 13,5 milhões.
Infelizmente, atualmente, temos apenas 9% desse dinheiro, por isso o Acnur
precisa muito de suporte adicional para responder as necessidades dos
deslocados internos e da comunidade local em Cabo Delgado.”
Segundo
as Nações Unidas, os ataques dirigidos de grupos armados deslocaram um terço da
população da província, no norte do país africano.
Jovens
e mulheres relatam histórias horríveis de estupro e de serem submetidas à
violência sexual e de género.
Crianças abandonadas
“O
número de deslocados internos provenientes do conflito em Cabo Delgado
ultrapassa 730 mil pessoas, 31% são mulheres, 46% são crianças. Existe grande
número de crianças abandonadas, de mulheres grávidas…temos muitos grupos
vulneráveis que o Acnur tenta assistir baseado nas necessidades principais.”
Proteção,
abrigo, alimentação, água e saneamento são algumas das prioridades para os
deslocados internos e a comunidade local. Juliana Ghazi fala do esforço das
agências no apoio humanitário.
“Mais
de 9,6 mil pessoas requerentes de asilo que buscavam lugar seguro na Tanzânia
foram obrigadas a retornar. Muitos deles estão em Negumano e outros em Mueda. O
Acnur com outros parceiros distribuíram itens de alívio imediato para cerca de
10 mil deslocados internos que se encontram nas áreas de Mueda e Negumano. É
importante dizer que essas áreas são de difícil acesso pela questão de
segurança”.
Ciclones
Mais
de 2 mil crianças não conseguem localizar os pais ou mesmo saber se eles estão
vivos após os ataques de grupos radicais e insurgentes. A Unicef diz que 33 mil
jovens sofrem de desnutrição e mais de 300 mil crianças em idade escolar estão
deslocadas.
A
situação humanitária em Cabo Delgado é agravada pela destruição causada após a
passagem do ciclone Kenneth, registado em 2019, e da qual a província ainda não
se recuperou.
Mais
de um terço das unidades de saúde em Cabo Delgado foram danificadas ou
destruídas.
Palma
Nas
áreas mais afetadas pelos combates entre forças do governo e grupos
extremistas, não há instalações em funcionamento.
Dados
da Unicef indicam que cerca de 33 mil crianças que sofrem de desnutrição
requerem cuidados especializados. Este número poderá aumentar até ao final do
ano em Palma, Macomia e Quissanga.
O
desafio da Unicef e parceiros é conseguir suprimentos e serviços que salvam
vidas para crianças e famílias deslocadas, incluindo aqueles que fugiram de
Palma, que fica ao norte da capital da província, e as comunidades que os
abrigam.
A
Unicef já lançou o apelo de US$ 90 milhões para assistência humanitária a
crianças carentes em Moçambique. Ouri Pota – Moçambique “ONU News”
Sem comentários:
Enviar um comentário