Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), liderada pelo fisiologista Amândio Santos, está a realizar um conjunto de estudos e testes com vários atletas, de diferentes modalidades, que vão participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que têm início a 23 de julho, fornecendo instrumentos que permitam um melhor desempenho desportivo na competição.
As
maratonistas Salomé Rocha, Sara Moreira e Sara Catarina Ribeiro, os marchadores
João Vieira e Ana Cabecinha, os ciclistas Nelson Oliveira e João Almeida, os
remadores Pedro Fraga e Afonso Costa e o skater Gustavo Ribeiro são os atletas
nacionais que estão a ser treinados num laboratório específico da Associação
para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Além dos nacionais,
treinam na UC os atletas da Seleção Francesa de Marcha, Yohann Diniz e Kevin
Campion.
A
preparação é realizada numa câmara térmica onde os atletas são submetidos «às
mesmas condições climáticas e aos mesmos indicadores de stress térmico (Wet
Bulb Globe Temperature - WBGT) do local onde vão realizar as competições»,
explica Amândio Santos, coordenador da equipa.
Ao
longo de vários dias, «os atletas desenvolvem ações próprias das suas
modalidades e estão em constante monitorização. As condições adversas provocam
respostas exageradas e muitas vezes desajustadas de todo o nosso metabolismo, fazendo
com que ele diminua drasticamente a sua eficiência e altere completamente os
mecanismos de termorregulação», explica.
Para se conseguir uma monitorização completa, são estudados muitos parâmetros durante os exercícios, «desde o consumo de oxigénio, avaliação da temperatura cutânea e central, perda de líquidos, concentrações de lactato sanguíneo, perda de volume plasmático, frequência cardíaca, entre muitos outros parâmetros sanguíneos», prossegue.
Na
prática, os treinos desenvolvidos no laboratório da ADAI ensinam o organismo a
reagir às adversidades, fornecendo estratégias para uma melhor adaptação às
condições que os atletas vão encontrar em Tóquio. «Os atletas são expostos a
condições climáticas extremas para as quais o nosso organismo não tem uma
resposta adequada. Essa exposição permite estudar e definir um processo de
aprendizagem progressivo, de forma a que a resposta seja cada vez mais
eficiente e ajustada, diminuído assim o impacto destas condições extremas na
performance do atleta», explica o também docente da Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física da UC, realçando que «a importância deste trabalho
vai para além do desempenho físico do atleta, uma vez que tem uma importância
determinante na salvaguarda da integridade física dos atletas».
No
caso do Skate, modalidade que estreia nos Jogos Olímpicos, a equipa de Amândio
Santos teve de efetuar algumas alterações no laboratório para treinar Gustavo
Ribeiro. Foi necessário criar uma pista própria de treino dentro da câmara para
que o atleta pudesse realizar as suas manobras de preparação. «Para além dos
dados da aclimatação, foi importante testar os equipamentos mais adequados para
este tipo de condições. No mais alto nível competitivo todos os pormenores são
importantes», remata Amândio Santos. Universidade de Coimbra - Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário