A investigadora Maria do Carmo Piçarra é a curadora do ciclo de cinema “Macau Passado e Presente”, que começa este sábado e termina a 4 de Julho, inserido nas comemorações do 10 de Junho e promovido pela Fundação Oriente. Filmes como “Hotel Império”, de Ivo Ferreira, ou “Boat People”, de Filipa Queiroz, voltam a ser exibidos
Começa
este fim-de-semana um ciclo de cinema sobre Macau que visa mostrar a evolução
da sétima arte no território nos últimos anos, mas também as múltiplas visões
de realizadores portugueses e de Macau sobre um território que nunca deixou de
ser atractivo para as salas de cinema.
Ao
HM, a curadora do evento Maria do Carmo Piçarra contou que o convite partiu da
Fundação Oriente, organismo organizador da iniciativa que se integra no
programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades
Portuguesas. O ciclo de cinema começa este sábado e estende-se até ao dia 4 de
Julho, estando programadas exibições em vários locais da cidade.
“Houve
a ideia de mostrar como é que Macau se tem articulado nesta convivência entre
portugueses e habitantes locais. A opção era procurar mostrar como é que os
realizadores portugueses têm olhado para Macau”, referiu.
Maria
do Carmo Piçarra destaca o filme “Jóia do Oriente”, filmado por Miguel Spiegel
em 1956, cuja cópia foi cedida pelo exército português. A histórica película
representa “o início de um processo em que o autor filma Macau até ao período
anterior a 1974”, algo que fez com o apoio do Estado português e também de
alguns governadores de Macau.
A
curadora do ciclo realça também o filme “Ilha dos Amores”, de Paulo Rocha, que
nunca foi exibido em Macau. “Achei que era importante mostrar a cópia
restaurada, mostrada em Cannes nos anos 80, onde estreou. Paulo Rocha é um dos
pais do cinema novo português e este é um filme que lhe toma muitos anos, sobre
a passagem do Venceslau de Morais por Macau e depois a sua instalação no
Japão.” Este filme “complexo” será exibido na Cinemateca Paixão.
Sangue novo
Maria
do Carmo Piçarra assume que não pôde incluir neste ciclo tantos filmes antigos
como gostaria, e de facto o sangue novo do cinema local está em evidência, com
a inclusão de nomes como Albert Chu, António Caetano de Faria, Maxim Bessmertny
ou Tracy Choi.
“O
Instituto Cultural tem sido muito importante para desenvolver esta produção de
cinema em Macau desde a geração do Albert Chu até às mais recentes. Pretendemos
mostrar esta diversidade de realidades. Aquilo que faz de Macau um território
especial e fascinante para as pessoas nem é tanto o exotismo, que tem sido a
maneira como se tem mostrado Macau, mas é toda esta diversidade”, adiantou.
Para
Maria do Carmo Piçarra, “temos aqui uma pluralidade, com filmes muito
diferentes, desde o filme do Paulo Rocha até ao filme do José Carlos de
Oliveira, passando pelos mais jovens realizadores do cinema. O “Hotel Império”,
por exemplo, acaba por ser uma reflexão do amor de uma mulher por Macau, pelo
hotel onde viveu e cresceu, e que procura resistir a uma pressão trazida pela
especulação imobiliária, que se sente um pouco por todo o mundo”, rematou.
Acima
de tudo há o recurso a “linguagens que vão da ficção ao ensaio visual,
recorrendo também ao formato da curta-metragem”. Reflecte-se, com este ciclo,
“as mudanças na paisagem, física e humana, em que os vestígios coloniais servem
um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento
do território e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade
de ecrãs”, escreve a curadora. Andreia Silva – Macau in “Hoje
Macau”
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