São
Paulo – Em 2020, o Brasil ficou na 9ª posição entre os principais mercados de
origem das importações de Portugal, com 2,4% do total, ocupando o 11º lugar nas
exportações, com 1,4% do total. Os dados constam de estudo desenvolvido por
Walter Marques, técnico superior aposentado da função pública do governo
português, com base em dados estatísticos do International Trade Center (ITC), do
Instituto Nacional de Estatística (INE), de Portugal, e do Ministério da
Economia brasileiro. O estudo pode ser acessado nos blogues ecoporwmarques.blogspot.com
e baiadalusofonia.blogspot.com.
De
acordo com esses dados, o saldo da balança comercial de mercadorias do Brasil
foi positivo ao longo dos últimos cinco anos, chegando a 44,6 bilhões de euros
em 2020, com evolução das importações e das exportações no período de 2016 a
2019, registrando queda apenas em 2020. O ritmo das exportações, que aumentou
entre 2016 e 2018, desacelerou a partir de então.
Os
dados mostram ainda que os principais parceiros do Brasil em 2020 foram a China
e os EUA, com 21,9% e 17,8% do total das importações e 32,4% e 10,3% das
exportações, respectivamente. Já Portugal ocupou em 2020 a 35ª posição nas
importações (0,5% do total) e o 31º lugar nas exportações (0,8%). De Portugal,
o Brasil importou principalmente produtos agro-alimentícios (azeite de oliva,
vinhos e peixes congelados) e madeira, cortiça e papel.
Para
Portugal, o Brasil exportou principalmente óleos brutos de petróleo ou de
minerais betuminosos (crus), óleos combustíveis de petróleo ou de minerais
(exceto óleos brutos), minério de ferro, soja e milho. Ou seja, produtos como
café, madeira, açúcar, couro e cacau, que eram dominantes em outros tempos no
intercâmbio entre os dois países, tiveram de abrir espaço para outros commodities
e o Brasil passou a ser um dos principais provedores de matérias-primas e bens
intermediários para a indústria portuguesa.
Para
Portugal, a balança comercial com o Brasil tem sido desfavorável. Ao longo dos
últimos cinco anos, o maior déficit ocorreu em 2020, com 874 milhões de euros,
com um grau de cobertura das importações pelas exportações de 45,4%. No
primeiro trimestre de 2021, as importações decresceram 34,6% em comparação com
o mesmo período de 2020, com as exportações caindo 23,3%, o que significou um déficit
de 40,6%. Já as exportações subiram de 34,8% para 40,8%.
De
acordo com o estudo, o peso das importações portuguesas com origem no Brasil
representou 1,7% do total em 2016 e 2017, tendo descido nos dois anos seguintes
para 1,3%, para se situar em 2,4% em 2020. No primeiro trimestre deste ano, caiu
para 2,3%, em 2021, depois de ter registrado 3,3% em 2020. Por sua vez, o peso
das exportações de Portugal para o Brasil, que havia crescido de 1,1%, em 2016,
para 1,7%, em 2017, manteve-se nos três anos seguintes entre 1,3% e 1,4%. Depois
de ter atingido 1,5% no primeiro trimestre de 2020, desceu para 1,1% em
comparação com idêntico período de 2021.
É
de se ressaltar que, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
que reúne também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e
Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial, Portugal ocupa a primeira posição no
intercâmbio com o Brasil, responsabilizando-se por 78% da corrente de comércio
(77,9% das importações e 77,8% das exportações). Em seguida, vem Angola, com
17,9% das importações e 16,7% das exportações. Depois, aparecem Moçambique, com
3,8% do total das importações, e Guiné Equatorial, com 2,1% no total das
exportações.
Embora,
à primeira vista, esse relacionamento comercial não seja dos mais
significativos na comparação com os principais parceiros do Brasil, o
intercâmbio com Portugal e os demais membros da CPLP teria tudo para crescer
nos próximos anos, não fossem os efeitos da pandemia de coronavírus (covid-19)
que têm impedido a realização de feiras internacionais, que são fundamentais
para a divulgação de produtos. Mesmo assim, tanto o Ministério das Relações
Exteriores como a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais
(Secint) do Ministério da Economia, com a participação da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
e congêneres estaduais, têm intensificado uma estratégia comercial para
alavancar esse intercâmbio. É só uma questão de tempo. Adelto
Gonçalves - Brasil
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Adelto
Gonçalves,
jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde, constituído pelas
empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e
Barter Comércio Internacional (trading company). E-mail: fiorde@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
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