O presidente da Universidade Metropolitana de Caracas, uma das mais prestigiadas da Venezuela, instou os portugueses a recuperarem a quota de comércio e de poder que já tiveram num país que considera continuar a ser de oportunidades
“Eu
não tenho visto, ultimamente, nenhum lusodescendente na Federação de Câmaras de
Comércio, na Câmara Venezuelana da Indústria de Alimentos e no Conselho
Nacional de Comércio e Serviços. Todos os [seus] representantes são
descendentes de espanhóis e italianos”, disse Luís Miguel da Gama.
O
luso-venezuelano falava, na noite de quinta-feira, durante as celebrações do
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorreram no
Centro Português em Caracas, clube que celebrou também o 63.º aniversário da
sua fundação.
“Onde
estamos? O que estamos fazendo? Porquê, se tínhamos essa quota de comércio e de
poder não estamos aí? Isto é para refletir”, enfatizou.
O
presidente da Universidade Metropolitana de Caracas, que foi convidado especial
da cerimónia, sublinhou: “Devemos sentir-nos orgulhosos de ser portugueses e
onde estivermos representamos Portugal”.
“Onde
há um português esse espaço cresce (se multiplica), geramos família, progresso,
tecnologia, trabalho, princípios e valores. Há que dizer isso aos nossos
filhos. Geramos puras coisas boas, não há gente como a gente”, afirmou.
Quanto
à Venezuela, explicou, que “a situação é complexa” : “Não podemos tapar o sol
com um dedo. O mar está picado (agitado), bem picado e é complexo cambiar o
mar”.
“Mas
vocês sabem, melhor do que eu, que os portugueses foram os melhores
navegadores. Podemos mudar esse mar, essa embarcação. Podemos decidir a que
velocidade vamos, onde vamos, com que clima e ambiente. Então não há
desculpas”, acrescentou.
Luís
Miguel da Gama precisou que a nível “macro a situação é complexa, [mas] no
micro há oportunidades”.
“Todos
os dias vai sair gente a chorar às ruas e outros que riem. Têm que escolher a
qual equipa vão subir para continuar. Um pensamento positivo sempre vai ajudar.
Temos que recuperar esse espírito aventureiro de onde viemos”, explicou.
Por
outro lado, fez “um especial reconhecimento pelo trabalho da embaixada e do
consulado”, ao embaixador de Portugal em Caracas, Carlos de Sousa Amaro, e ao
cônsul-geral Licínio Bingre do Amaral.
“A
verdade é que no marco das relações bilaterais têm estado bem presentes e
defendido os interesses da comunidade. Muito obrigado, senhor, embaixador
Amaro. Muito obrigado, senhor, cônsul Licínio, pelo que fazem pela Venezuela”,
frisou.
Durante
a sua declaração, Luís Miguel da Gama citou como exemplo de orgulho os prémios
Nobel Egas Moniz e José Saramago, Henrique, o Navegante, Luís de Camões, o
marquês de Pombal, Fernando Pessoa e Amália Rodrigues.
No
desporto recordou Cristiano Ronaldo, Figo e Eusébio, e no plano religioso Nossa
Senhora de Fátima, “que sempre” cuida e a quem rezou para que tudo lhe corresse
bem na sua intervenção.
Filho
de madeirenses, Luís Miguel da Gama, 57 anos, nasceu em Caracas. É atualmente
presidente do conselho superior da Universidade Metropolitana, instituição a
que também preside.
É
também presidente executivo da rede de supermercados Gama (propriedade da
família). Entre 1984 e 1985 foi analista de crédito do Banco de Venezuela e
entre 1985 e 1989 foi gerente do Banco do Orinoco para a Região Capital.
Gama
é graduado em Ciências Administrativas pela Universidade Metropolitana, com
especialização em ‘Banking & Finance’, na mesma instituição. Fez ainda
estudos sobre ECR (resposta eficaz ao consumidor) no Instituto de Tecnologia de
Estudos Superiores de Monterrey, México. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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