São
Paulo – Apesar dos inúmeros transtornos causados pela pandemia do coronavírus
(covid-19), que há quase um ano e meio atormenta a economia mundial, o Brasil
vem batendo recordes de movimentação de carga, crescendo 10,5% em 2021 com
relação a 2020, em comparação a um aumento de apenas 4,2% com o ano de 2019,
segundo dados divulgados pelo Ministério da Infraestrutura (Minfra).
Grande
parte desse aumento se deve ao fato de que, desde 2019 já foram assinados 85
instrumentos contratuais para terminais de uso privado (TUPs), que
representaram R$ 8,7 bilhões em investimentos. Além disso, foram realizados
arrendamentos portuários, em 26 leilões que movimentaram outros R$4 bilhões.
Apesar
dos terríveis desacertos registrados em dois anos e meio do atual governo,
especialmente no combate à pandemia, no setor de infraestrutura e,
especialmente, no segmento portuário, o panorama é totalmente diverso, em
consequência da postura adotada de se evitar indicações políticas para cargos
de direção, em favor da escolha de profissionais qualificados. Neste ano,
também é de se aplaudir uma nova marca histórica na operação de navios porta-contêineres:
um terminal no porto de Santos executou a movimentação de inéditas 5452
unidades numa mesma embarcação.
Os
investimentos em tecnologia e inovação também trazem a este cenário cada vez
mais produtividade, segurança e agilidade nas operações portuárias. A inteligência
artificial (IA) já é uma realidade no setor portuário, com a digitalização de
processos, maior conectividade entre sistemas e utilização de algoritmos
preditivos para análise e tomada de decisões.
Tais investimentos promovem a redução da
burocracia na gestão dos portos, o que inclui a solução de gargalos logísticos
que hoje se apresentam como desafios a serem superados, ou seja, o aumento da
capacidade de armazenagem de contêineres nos terminais, a ligação seca
Santos-Guarujá, os pátios para estacionamento de caminhões, a desburocratização
de processos, o aumento do calado do canal portuário e outros.
Seja
como for, o Brasil possui ainda um grande espaço para ampliar a sua
infraestrutura, o que inclui viabilizar investimentos privados na expansão de
seu sistema ferroviário, pois não se pode admitir que um país com 8.516.000 km²
disponha de uma malha composta por 13 linhas operando no transporte de cargas
com apenas 29165 km de extensão, conforme dados da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).
À
guisa de comparação, é de se lembrar que os Estados Unidos dispõem de uma malha
ferroviária com 293564 km de extensão, com mais que o dobro de quilometragem em
comparação com a China, que dispõe de 124000 km. E que essa expansão se
acentuou quando as empresas privadas passaram a ter mais liberdade no controle
das vias, na estipulação de fretes e nos investimentos. Hoje, no Brasil, a cada
100 quilos de cargas movimentadas, apenas 15 passam pelas linhas ferroviárias, enquanto
nos Estados Unidos 43% das cargas são transportadas nas vias da malha
ferroviária.
Em razão dessa infraestrutura logística que ainda caminha a passos lentos, o Brasil atualmente ocupa a 8ª colocação no Ranking de Infraestrutura de Transportes da América Latina e a 16ª posição no setor portuário entre os países latino-americanos. Portanto, somente através de maciços investimentos estatais e privados o Brasil poderá reverter a atual situação. Chegar à liderança nesse ranking é desafio para duas ou três décadas, no mínimo. Estamos a caminho! Liana Martinelli - Brasil
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Liana Lourenço Martinelli, pós-graduada em Gestão de Negócios e
Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde,
constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e
Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site:
www.fiorde.com.br
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