A Casa de Portugal está a organizar um programa com várias actividades para a população, nomeadamente exposições, cinema, concertos, entre outros, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Hoje vai decorrer no pavilhão Chun Chou Tong, do Jardim de Lou lim Ioc, a abertura de uma exposição didáctica do azulejo português, onde serão exibidos vários trabalhos da arte da azulejaria. O propósito da mostra será de dar a conhecer as principais técnicas e expressões estéticas do azulejo
Por
via das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas, a Casa de Portugal em Macau (CPM) vai organizar várias
exposições, uma de azulejo intitulada “Mostra Didática do Azulejo Português”, e
outra de aguarelas denominada “Macau em Aguarelas”. Na semana passada houve
também a inauguração da exposição de joalharia designada “Novo Mundo”, que
estará patente até dia 27 de Junho.
Hoje,
às 18:30, no pavilhão do Jardim do Lou Lim Ioc, vai ser a grande abertura da
“Mostra Didáctica do Azulejo Português”, que estará exposta até dia 20 de
Junho. A exposição de azulejos será, tal como o nome implica, uma mostra de
técnicas de azulejaria, não estando nenhum artista em particular a expor os
seus trabalhos.
O
curador do evento, o mestre de cerâmica das oficinas da Casa de Portugal em
Macau José Matos, falou ao Ponto Final acerca da exposição. “A exposição não
vai ser acerca de trabalhos de alguém em especial, mas sim de trabalhos feitos
na oficina da escola de cerâmica da CPM, com o principal objectivo ser dar a
conhecer um pouco dos vários tipos de técnicas de azulejaria que se faziam em
Portugal”, começou por explicar. “Desde os mais antigos azulejos, que herdámos
dos hispano-mouriscos que tinham técnicas que vinham do tempo dos árabes que
passaram para a Península Ibérica e depois foram exploradas em Espanha e
Portugal, e depois passa pelo azul e branco que vem da China”, prosseguiu.
O
professor de cerâmica reitera que o que pretende fazer é fundamentalmente
mostrar as diferentes técnicas utilizadas. “Vamos mostrar a técnica majolica ou
os painéis que temos aqui, juntamente com alguns maiores que foram realizados
na escola. Principalmente, quero expor os designs de azul e branco que é o que
se conhece mais”, nota.
Como
existem várias outras técnicas, o professor explica que vai apresentar cada uma
com uma pequena explicação de como é que elas se fazem. “Vamos ter uma pequena
banca montada com o processo de manufactura. Vamos ter cada uma das técnicas
abordadas, daí o uso do termo ‘didáctico’ no nome do evento porque vamos
mostrar o processo de fabrico de cada técnica. E à parte disso vamos ter alguns
trabalhos postos de cursos que fizemos este ano. Vamos ter também duas pessoas
a trabalhar ao vivo, que são duas alunas da escola, que vêm fazer um trabalho
ao vivo de pintura de azulejo, no fim de semana”, acrescentou.
Em
relação ao nível dos trabalhos expostos, o professor responde que alguns dos
trabalhos são mesmo de mestres pintores. Porém, enfatiza que o propósito da
exposição não é promover trabalhos de ninguém. “Pedimos e convidámos certas
pessoas com o intuito de mostrar a técnica que usaram. Não é de maneira nenhuma
uma exposição de autores, até porque o catálogo não está feito com
identificação de autores, mas sim pela identificação de técnicas, e é um
catálogo também didáctico que explica sucintamente como é que cada uma das
técnicas é feita”, refere José Matos.
“Alguns
dos trabalhos foram feitos durante estes últimos dois meses e meio do último
curso que fizemos de ‘Figuras de Convites’ compostas”, assinala. Figuras de
Convites “são as figuras nos azulejos, de tamanho real, que costumamos ver às
entradas dos palácios e jardins portugueses e que convidavam a entrar os
soldados nos tempos de antigamente. É tal e qual a imagem que está no nosso
cartaz de divulgação. A partir desse tema foi proposto aos alunos fazerem
algumas abordagens, e esse resultado também está aqui na exposição”, acrescenta.
Os
azulejos que continuamos a admirar já existem há séculos, e uma das suas
características principais e mais valiosas é realmente a sua durabilidade. São
relíquias onde continuam a ser fixados os momentos históricos, de lazer, os
momentos culturais, e duram vários séculos. Ao contrário do papel, estes podem
estar sujeitos a más condições climáticas, que normalmente duram para sempre.
Em
relação ao estado da indústria, o professor que se encontra a trabalhar em
Macau há menos de dois anos refere: “A produção artesanal em Portugal, na parte
mais tradicional de pintura e de forma mais manual de fazer, continua a ser
feita, como em Espanha e outros países. Mas é claro que o azulejo evoluiu com
uma transformação mais industrializada e com processos mais industrializados. O
azulejo como processo decorativo, material de revestimento de um projecto
arquitetónico nunca deixou de existir e duvido que alguma vez desapareça. Há
uns séculos, obviamente que era difícil imprimir um motivo azulejo num vinil, e
claro que nessa altura seria muito mais valorizado e era bem mais difícil o
acesso a essa arte do que é hoje. Neste momento, o que prevalece é que em
Portugal continua a haver muita gente a pintar e existem muitos e bons pintores
de azulejos”, sublinha.
“A
pintura tradicional portuguesa é reconhecida como, talvez a melhor, a nível de
pintura, do mundo, e sem dúvida que se continua a reconhecer Portugal como um
importante produtor de azulejo tradicional pintado a mão”, concluiu.
A
exposição vai incluir demonstrações ao vivo de pintura de azulejos e uma zona
reservada à divulgação e venda de peças de cerâmica. Joana Chantre – Macau in “Ponto
Final”
Joanachantre.pontofinal@gmail.com
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