Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Macau - Técnicas da produção do azulejo português em mostra no pavilhão do Lou Lim Ioc

A Casa de Portugal está a organizar um programa com várias actividades para a população, nomeadamente exposições, cinema, concertos, entre outros, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Hoje vai decorrer no pavilhão Chun Chou Tong, do Jardim de Lou lim Ioc, a abertura de uma exposição didáctica do azulejo português, onde serão exibidos vários trabalhos da arte da azulejaria. O propósito da mostra será de dar a conhecer as principais técnicas e expressões estéticas do azulejo

Por via das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a Casa de Portugal em Macau (CPM) vai organizar várias exposições, uma de azulejo intitulada “Mostra Didática do Azulejo Português”, e outra de aguarelas denominada “Macau em Aguarelas”. Na semana passada houve também a inauguração da exposição de joalharia designada “Novo Mundo”, que estará patente até dia 27 de Junho.

Hoje, às 18:30, no pavilhão do Jardim do Lou Lim Ioc, vai ser a grande abertura da “Mostra Didáctica do Azulejo Português”, que estará exposta até dia 20 de Junho. A exposição de azulejos será, tal como o nome implica, uma mostra de técnicas de azulejaria, não estando nenhum artista em particular a expor os seus trabalhos.

O curador do evento, o mestre de cerâmica das oficinas da Casa de Portugal em Macau José Matos, falou ao Ponto Final acerca da exposição. “A exposição não vai ser acerca de trabalhos de alguém em especial, mas sim de trabalhos feitos na oficina da escola de cerâmica da CPM, com o principal objectivo ser dar a conhecer um pouco dos vários tipos de técnicas de azulejaria que se faziam em Portugal”, começou por explicar. “Desde os mais antigos azulejos, que herdámos dos hispano-mouriscos que tinham técnicas que vinham do tempo dos árabes que passaram para a Península Ibérica e depois foram exploradas em Espanha e Portugal, e depois passa pelo azul e branco que vem da China”, prosseguiu.

O professor de cerâmica reitera que o que pretende fazer é fundamentalmente mostrar as diferentes técnicas utilizadas. “Vamos mostrar a técnica majolica ou os painéis que temos aqui, juntamente com alguns maiores que foram realizados na escola. Principalmente, quero expor os designs de azul e branco que é o que se conhece mais”, nota.

Como existem várias outras técnicas, o professor explica que vai apresentar cada uma com uma pequena explicação de como é que elas se fazem. “Vamos ter uma pequena banca montada com o processo de manufactura. Vamos ter cada uma das técnicas abordadas, daí o uso do termo ‘didáctico’ no nome do evento porque vamos mostrar o processo de fabrico de cada técnica. E à parte disso vamos ter alguns trabalhos postos de cursos que fizemos este ano. Vamos ter também duas pessoas a trabalhar ao vivo, que são duas alunas da escola, que vêm fazer um trabalho ao vivo de pintura de azulejo, no fim de semana”, acrescentou.

Em relação ao nível dos trabalhos expostos, o professor responde que alguns dos trabalhos são mesmo de mestres pintores. Porém, enfatiza que o propósito da exposição não é promover trabalhos de ninguém. “Pedimos e convidámos certas pessoas com o intuito de mostrar a técnica que usaram. Não é de maneira nenhuma uma exposição de autores, até porque o catálogo não está feito com identificação de autores, mas sim pela identificação de técnicas, e é um catálogo também didáctico que explica sucintamente como é que cada uma das técnicas é feita”, refere José Matos.

“Alguns dos trabalhos foram feitos durante estes últimos dois meses e meio do último curso que fizemos de ‘Figuras de Convites’ compostas”, assinala. Figuras de Convites “são as figuras nos azulejos, de tamanho real, que costumamos ver às entradas dos palácios e jardins portugueses e que convidavam a entrar os soldados nos tempos de antigamente. É tal e qual a imagem que está no nosso cartaz de divulgação. A partir desse tema foi proposto aos alunos fazerem algumas abordagens, e esse resultado também está aqui na exposição”, acrescenta.

Os azulejos que continuamos a admirar já existem há séculos, e uma das suas características principais e mais valiosas é realmente a sua durabilidade. São relíquias onde continuam a ser fixados os momentos históricos, de lazer, os momentos culturais, e duram vários séculos. Ao contrário do papel, estes podem estar sujeitos a más condições climáticas, que normalmente duram para sempre.

Em relação ao estado da indústria, o professor que se encontra a trabalhar em Macau há menos de dois anos refere: “A produção artesanal em Portugal, na parte mais tradicional de pintura e de forma mais manual de fazer, continua a ser feita, como em Espanha e outros países. Mas é claro que o azulejo evoluiu com uma transformação mais industrializada e com processos mais industrializados. O azulejo como processo decorativo, material de revestimento de um projecto arquitetónico nunca deixou de existir e duvido que alguma vez desapareça. Há uns séculos, obviamente que era difícil imprimir um motivo azulejo num vinil, e claro que nessa altura seria muito mais valorizado e era bem mais difícil o acesso a essa arte do que é hoje. Neste momento, o que prevalece é que em Portugal continua a haver muita gente a pintar e existem muitos e bons pintores de azulejos”, sublinha.

“A pintura tradicional portuguesa é reconhecida como, talvez a melhor, a nível de pintura, do mundo, e sem dúvida que se continua a reconhecer Portugal como um importante produtor de azulejo tradicional pintado a mão”, concluiu.

A exposição vai incluir demonstrações ao vivo de pintura de azulejos e uma zona reservada à divulgação e venda de peças de cerâmica. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”

Joanachantre.pontofinal@gmail.com


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