Os alunos portugueses de 15 anos pioraram os seus desempenhos nos testes internacionais de Matemática e Leitura do PISA de 2022, invertendo a tendência de melhoria que se vinha registando na última década.
O
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) voltou a analisar os
conhecimentos a Matemática, Leitura e Ciência de alunos de todo o mundo - em
2022 participaram cerca de 690 mil alunos de 81 países e economias - e o
retrato do desempenho dos estudantes releva "uma quebra sem
precedentes", em que Portugal não foi exceção.
Aos
jornalistas, o governante referiu que "mesmo com queda de
resultados", há "convergência" com a média da OCDE. Referiu, no
entanto, ser "muito difícil" apontar os fatores ou as políticas
educativas responsáveis pelos resultados.
"De
acordo com a OCDE há uma descida que tem a ver com a pandemia [de covid-19],
mas a pandemia não explica tudo, porque há uma queda na média da OCDE desde
2012, em particular, que não foi ainda suficientemente explicada", disse o
ministro.
João
Costa referiu que "esta quebra nos resultados acontece em países até com
políticas curriculares bastante diferenciadas".
O
ministro sublinhou que interessa agora "é agir, depois das
avaliações".
Os
quase sete mil alunos de 224 escolas portuguesas que realizaram as provas de
2022 obtiveram piores resultados do que os seus colegas em 2018, colocando
Portugal entre os países que mais baixaram de pontuação a Matemática, refere o
relatório da OCDE hoje divulgado.
"Em
comparação com 2018, o desempenho médio caiu dez pontos de pontuação em Leitura
e quase 15 pontos de pontuação em Matemática, o que equivale a três quartos de
um ano de aprendizagem", sublinha Mathias Cornmann, secretário-geral da
OCDE, no texto introdutório do relatório.
Em
Portugal, os resultados dos alunos foram ainda mais graves: Os estudantes
obtiveram 472 pontos a Matemática, ou seja, menos 20,6 pontos do que nas provas
realizadas em 2018. Já em comparação com os resultados nas provas de 2012,
desceram 14,6 pontos.
Portugal
surge assim na lista dos 19 países que baixaram mais de 20 pontos a Matemática,
sendo que as notas desceram entre os alunos mais carenciados, mas também entre
os mais privilegiados.
Três
em cada dez alunos não conseguiram demonstrar ter conhecimentos mínimos a
Matemática, ou seja, não atingiram o nível dois numa escala de seis valores.
Apenas
7% dos estudantes portugueses se destacaram, atingindo os níveis de
proficiência mais elevados (5 e 6) a Matemática, uma disciplina que voltou a
ser dominada por seis países asiáticos.
Em
Singapura, 41% dos estudantes demonstrou conhecimentos bastante elevados, assim
como 32% dos estudantes de Taiwan.
Seguiram-se
os alunos de Macau e China (29% com muito bons resultados), Hong Kong (27%),
Japão (23%) e Coreia (23%).
A
condição socioeconómica é um dos fatores que mais influencia os resultados
académicos e, em Portugal, os estudantes portugueses de famílias mais
privilegiadas tiveram uma pontuação média de 522 pontos, ou seja, 101 pontos
acima da média dos alunos mais carenciados.
Esta
diferença de resultados não se afasta muito da média dos países da OCDE (93
pontos), segundo o estudo hoje divulgado, que procurou os casos de sucesso
entre os mais carenciados.
Em
Portugal, cerca de 9% dos estudantes desfavorecidos conseguiram estar entre os
melhores alunos a Matemática, sendo a média da OCDE de 10%.
Apesar
de o PISA de 2022 estar mais focado no retrato dos conhecimentos a Matemática,
também foi feita uma prova de Leitura e, mais uma vez, os resultados médios
pioraram: Os estudantes portugueses obtiveram 477 pontos, o que representa uma
descida de 15,2 pontos em relação a 2018 e de 12,8 pontos face a 2012.
Apesar
da descida, 77% dos alunos portugueses conseguiram atingir, pelo menos, o nível
dois, ficando acima da média da OCDE (74%). Este resultado significa que estes
jovens conseguem, pelo menos, identificar as ideias principais num texto de
extensão moderada, encontrar informação e refletir sobre o propósito e a forma
de um texto.
Apenas
5% dos portugueses conseguiram obter um nível 5 ou 6 em Leitura (7% é a média
da OCDE), um nível que já implica ser capaz de compreender textos bastante
longos, lidar bem com conceitos abstratos e conseguir estabelecer distinções
entre um facto e uma opinião.
Já
na prova de Ciências, Portugal surge como um caso de sucesso, ao contrariar a
tendência de agravamento dos resultados: Em 2022, obtiveram 484 pontos, apenas
menos 7,3 pontos do que em 2018 e do que em 2012.
O
relatório indica que 78% dos alunos conseguiram ter, pelo menos, nível dois
(OCDE é 76%). Entre estes, 5% tiveram desempenhos muito bons (nível 5 e 6),
mostrando ser capazes de aplicar de forma criativa e autónoma os seus
conhecimentos de ciência numa variedade de situações.
Numa
comparação entre sexos, os rapazes portugueses voltam a ser melhores a
Matemática (mais 11 pontos) e as raparigas a Leitura (mais 21 pontos).
No
texto introdutório do relatório, Mathias Cornmann alertou que "um em cada
quatro jovens de 15 anos é atualmente considerado como tendo um fraco
desempenho em Matemática, Leitura e Ciências, em média, nos países da
OCDE". In “Diário de Notícias” - Portugal
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