A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) integra um projeto internacional que tem como principal objetivo reduzir a captura acidental de megafauna marinha. O “REDUCE - Reducing bycatch of threatened megafauna in the east central Atlantic” acaba de ser financiado pelo programa Horizonte Europa com aproximadamente 9 milhões de euros.
O
consórcio do projeto é liderado pela Universidade de Barcelona e o pacote de
trabalhos relacionado com a temática “Bycatch monitoring” é coordenado por
Catarina Silva, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV). Fazem
ainda parte da equipa da FCTUC Zara Teixeira e Filipe Martinho, também
investigadores do DCV.
A
captura acidental pode representar até 40% do total das capturas de pesca,
atingindo globalmente até 38 milhões de toneladas descartadas por ano,
perturbando a cadeia alimentar oceânica e podendo representar uma ameaça à
sobrevivência de espécies já sob pressão de várias outras atividades humanas.
Atualmente, já são vários os regulamentos nacionais, europeus e internacionais
que partilham um objetivo, que também consta da Estratégia de Biodiversidade da
União Europeia (UE): tornar a pesca compatível com medidas de proteção
ambiental para conservar espécies marinhas ameaçadas.
«O
REDUCE vai apostar no desenvolvimento e teste de novas tecnologias e
estratégias de gestão para uma melhor avaliação, monitorização e redução das
capturas acessórias de aves, tartarugas, cetáceos, tubarões e raias na frota
europeia de pesca de longa distância composta por arrastões, cercadores e
palangreiros que operam nas águas do Oceano Atlântico, desde as costas da
Península Ibérica até à Macaronésia e Golfo da Guiné».
Assim,
este projeto «pretende melhorar os programas de monitorização das pescas,
incorporando a monitorização eletrónica, promover a compreensão das capturas
acessórias e dos seus impactos nas dimensões científica, económica e social, e
avaliar potenciais medidas de mitigação. O “Bycatch monitoring” irá melhorar os
programas tradicionais de observação e monitorização de capturas acessórias a
bordo e combiná-los com a implementação de novos sistemas modernos de
monitorização eletrónica (EMS – “Electronic monitoring systems”) a bordo,
permitindo um teste rigoroso da sua função e eficácia», revela a investigadora
do DCV.
Os
EMS são cada vez mais utilizados para aumentar a cobertura dos observadores,
potencialmente até 100%, mas continuam a ser limitados à pesca de palangre e
arrasto da UE que atuam na região ECAO. Uma barreira para uma maior utilização
dos EMS são os recursos e o esforço significativos para recolher dados.
«Este
pacote de trabalhos promoverá a instalação e o teste de EMS na frota de
palangre e de arrasto e o desenvolvimento de modelos inteligentes de
identificação automática de espécies através de imagens (modelos de Machine
Learning) que aumentarão drasticamente a eficiência da recuperação de dados de
EMS baseados em câmaras», termina.
O
consórcio do projeto é composto por 13 parceiros de países como Espanha,
França, Portugal, Reino Unido e Senegal. Universidade de Coimbra - Portugal
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