Trabalho abre perspetivas para novas abordagens terapêuticas para várias doenças neurológicas, incluindo a doença de Alzheimer
Uma
equipa de cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da
Universidade do Porto (i3S) publicou um estudo importante no campo das
neurociências no qual identifica uma proteína que tem um papel fundamental na
regulação das interações da microglia, principal célula imune do cérebro, com
as sinapses dos neurónios em processos de aprendizagem, memória e funções
cognitivas.
Este
trabalho permite uma melhor compreensão da demência e perdas cognitivas
associadas ao envelhecimento e abre perspetivas para novas abordagens
terapêuticas para várias doenças neurológicas, incluindo a doença de Alzheimer.
Publicado
na prestigiada revista Cell Reports, o estudo foca-se
na microglia, células imunes que têm um papel preponderante na monitorização e
eliminação das sinapses – as conexões entre neurónios – assegurando o seu
funcionamento adequado e contribuindo para a consolidação de aprendizagens e
memórias.
João
Bettencourt Relvas, líder da equipa do i3S e professor da Faculdade de Medicina
da U.Porto (FMUP), esclarece que a proteína em questão, denominada Rac1, é
“critica para a interação entre a microglia e as sinapses, facilitando a
plasticidade neuronal. Essa plasticidade é a capacidade do cérebro de se
reorganizar com base em novas experiências, necessidades e influências
ambientais, permitindo a aprendizagem contínua ao longo da vida”.
A
capacidade de adaptação humana, integrando novos conhecimentos e experiências
passadas, é atribuída a essa plasticidade neuronal. Com o envelhecimento e em
doenças que acarretam perda cognitiva, como a Doença de Alzheimer, por exemplo,
essa plasticidade tende a diminuir.
Renato
Socodato e Tiago Almeida, primeiros autores do estudo, explicam que “os
animais, tal como os humanos, ao serem expostos a um ambiente que estimula
aspetos cognitivos, motores, sensoriais e sociais, desempenham melhor
diferentes tarefas cognitivas”. Contudo, ao ‘desativar’ a proteína Rac1 na
microglia, “a comunicação entre microglia e sinapses é alterada, prejudicando a
capacidade de aprendizagem e o desempenho cognitivo”, acrescentam.
Perante
estes dados, sublinha João Bettencourt, conclui-se que a Rac1 na microglia é
“um regulador-chave das vias de comunicação entre a microglia e as sinapses,
essenciais para a plasticidade sinática e o desempenho cognitivo”.
Para
Renato Socodato e Tiago Almeida, estas descobertas “sugerem que potenciar a
sinalização desta proteína na microglia poderá eventualmente abrir caminhos
para novas terapias, visando prevenir as perdas cognitivas associadas ao
envelhecimento e à demência”. Universidade do Porto - Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário