“Filhos do Musseque” é o título do romance de Mukengueji, lançado sábado, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda
O
lançamento, que marcou a estreia do autor no campo da literatura, foi
testemunhado por colegas, amigos, familiares e outros leitores.
O
livro chega ao mercado com a chancela da Mayamba Editora, e teve uma tiragem de mil exemplares. O
secretário-geral da UEA, David Capelenguela, considerou ser sempre uma honra,
para a associação, acolher o lançamento do livro de um dos seus membros, apesar
de estar a enfrentar problemas de ordem financeira.
Segundo
o autor, "Filhos do Musseque " é uma homenagem a todas às mães que vivem e viveram no musseque. "Em
especial, serve para homenagear todos os filhos que viviam no musseque, que
fazem da palavra uma oficina. São aqueles criadores que colocam em papel a
forma de ser dos angolanos, como viviam e morrem”, justificou o escritor.
Alberto
Mukenji escreveu o livro na década de 1980 quando tinha 18, não sonhava que o livro seria lançado somente
agora, "devido o contexto em que vivíamos, eu podia morrer na guerra”, disse acrescentando que
escreveu há 22 anos, longe que teria
essa feliz coincidência de 22 anos, "que estamos a viver hoje, como o
combate à corrupção. Por isso aconselho quando lerem o livro não analisem como
se fosse um adulto de 40 anos que escreveu, mas sim um jovem adolescente de 18
anos”.
Domingas
Montes, ao apresentar a obra, destacou que o autor não é um caloiro no universo
da literatura angolana. "Eu fiz uma apreciação no sentido de olhar para os
aspetos sociais, para as representações sociais que a obra traz, e posso
afirmar que apresenta um conjunto de contos que reflectem a sociedade angolana,
desde a guerra civil até aos nossos dias”.
A
representante da editora Mayamba, Edmira Manuel, afirmou que sem apoios não
seria possível publicar o livro, acrescentando que desde cedo Mukengueji
mostrou-se comprometido com arte e sempre com vontade de contribuir para o
crescimento da literatura angolana.
De
acordo com a representante da editora tudo teve início em 2012, em que o autor
havia concorrido para o Prémio Sagrada Esperança com a mesma obra, sendo um dos
textos finalistas. Não venceu, mas o júri recomendou a publicação do livro.
Daí, disse, o editor Arlindo Isabel teve um contacto com o autor e decidiu que
deveria publicar o livro.
Portanto,
a publicação resulta da amizade entre o autor e a editora, assim como foi a
forma que a editora encontrou para agradecer o escritor pelo carinho que sempre
depositou. Para Kanguinbo Ananás a obra "é maravilhosa” e boa sugestão de
leitura, pois se trata de um escritor de mão cheia. "Recomendo lerem a
obra”, apelou.
Mukengueji
é pseudónimo literário de Alberto Botelho. Nasceu na província de Malanje em
1979 e é mestre em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. Tem mais de 20 anos de carreira em Cinema e Televisão,
tendo escrito, produzido e realizado diversos programas de ficção e
"reality show”, em 2012. Foi galardoado com o Prémio Nacional de Cultura e
Artes na categoria de Cinema e Audiovisual, pelo conjunto da sua obra em prol
do cinema e da cultura angolana. Alice André – Angola in “Jornal
de Angola”
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