A empresa francesa de energia TotalEnergies planeia reiniciar o seu projecto de gás natural liquefeito (GNL) de Moçambique, há muito atrasado, de 20 mil milhões de dólares, no primeiro trimestre do próximo ano, garantiram duas fontes próximas à multinacional.
O
trabalho no projecto foi interrompido em 2021, quando uma violenta insurgência
liderada por militantes ligados ao Estado Islâmico ameaçou o local de Cabo
Delgado, levando a TotalEnergies a declarar força maior e interromper a
construção.
Em
Setembro deste ano, o director-executivo, Patrick Pouyanne, referiu que a
empresa planeava recomeçar antes do final deste ano, uma vez que a situação de
segurança tinha melhorado com o apoio de uma força militar regional, incluindo
o Ruanda.
“A
TotalEnergies indicou que pretende reiniciar o seu projecto de (Gás Natural
Liquefeito) GNL em Moçambique em Janeiro
de 2024”, disse uma fonte governamental próxima do processo, que pediu o
anonimato devido à sensibilidade do assunto.
A
violência em curso na província do norte de Moçambique causou milhares de
mortes desde que eclodiu em 2017, interrompendo investimentos multimilionários,
incluindo o projecto de GNL de 20 mil milhões de dólares, no qual a
TotalEnergies tem uma participação de 26,5%.
“A
TotalEnergies pediu aos financiadores para obterem aprovação para o reinício do
projecto Mozambique LNG no primeiro trimestre de 2024”, disse uma segunda fonte
de financiamento com conhecimento directo do projecto.
Esta
empreitada, que ajudará a transformar a economia de Moçambique, tem sido alvo
de críticas por parte de activistas ambientais que, no mês passado, instaram os
financiadores a retirar o seu apoio financeiro.
Filipe Nyusi já tinha falado de retorno da total no
primeiro trimestre de 2024
Segundo
Filipe Nyusi, a multinacional TotalEnergies, que lidera o projecto Mozambique
LNG, instalado na península de Afungi, distrito de Palma, província de Cabo
Delgado, poderá retomar a actividade dentro dos primeiros três meses de 2024. O
Presidente da República falava durante a cerimónia de recepção da comunidade
moçambicana na diáspora, por ocasião das festividades do fim do ano.
“Para
o primeiro trimestre do próximo ano, espera-se a retoma dos projectos em terra,
especialmente do projecto Mozambique LNG operado pela TotalEnergies”, afirmou o
estadista. Tal deve-se ao “esforço empreendido pelas Forças de Defesa e
Segurança de Moçambique (FDS) apoiadas por um contingente militar da Força de
Defesa do Ruanda e pela Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral, o que influenciou na redução dos ataques terroristas”,
acrescentou o chefe do Estado.
O
projecto Mozambique LNG é um dos maiores em África, com um custo estimado de 20
mil milhões de dólares e uma capacidade de produção de 12,9 milhões de
toneladas por ano. Envolve o desenvolvimento de campos de gás offshore na bacia
do Rovuma e a construção de uma fábrica de GNL em terra e de um terminal de
exportação na península de Afungi. Espera-se que gere receitas e benefícios
significativos para a economia e o povo moçambicanos, e que contribua para a
transição e segurança energética global.
A
TotalEnergies é o operador e o maior accionista do projecto, com uma
participação de 26,5%. Os outros parceiros incluem a empresa pública
moçambicana ENH, a empresa japonesa Mitsui, a tailandesa PTTEP e as empresas
indianas ONGC Videsh, Bharat Petroleum e Oil India. O projecto assegurou
contratos de longo prazo com compradores da Ásia e da Europa, como a China
National Offshore Oil Corporation, a Tokyo Gas, a Centrica e a Shell.
A
província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017
que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e
massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de
ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela
região. O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict
Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de
acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas. Rui Dgedge –
Moçambique in “O País”
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