Segundo Caren Ruotti, vivenciar os direitos humanos na prática é essencial para que crianças e adolescentes consigam transformar os ambientes à sua volta
No
dia 10 de dezembro, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 75
anos. Na oportunidade, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP lançou um
caderno sobre educação em direitos humanos, resultado de um projeto
desenvolvido em escolas desde 2017.
A
Declaração é um conjunto de direitos universais, que reconhecem o mesmo valor e
dignidade para todas as pessoas. Caren Ruotti, pesquisadora do Projeto
Observatório de Educação em Direitos Humanos nas Escolas (PODHE) do Núcleo de
Estudos da Violência e autora principal da publicação, explica a importância
dos direitos humanos para todos os cidadãos e como isso pode ser aplicado para
a educação.
Batalha contínua
A
Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em
10 de dezembro de 1948, através de uma resolução com uma norma comum a ser
alcançada por todos os povos e nações. Segundo Caren, esse é um documento que
surge após a Segunda Guerra Mundial (1937-1945) e que foi criado em cenário de
extrema barbárie. “Essa reunião de países serviu para reconhecermos o que foi
essa barbárie e o que não podemos repetir daqui para frente”, afirma a
pesquisadora.
Na
teoria, todos os países signatários da Declaração se comprometeram em
aplicá-la, mas ainda existem muitos desafios para a garantia e implementação
desses direitos. A pesquisadora aponta que, ao marco legal, a Declaração
garante que os indivíduos tenham para onde recorrer, caso seus direitos sejam
violados. Entretanto, não existe certeza que essa lei garanta direitos para
todos.
Educação e direitos humanos
A
pesquisadora ressalta a importância da educação para que os direitos sejam
sempre respeitados e que situações de brutalidade não se tornem parte do
cotidiano. O projeto Observatório de Direitos Humanos em Escolas faz parte do
Núcleo de Estudos da Violência e busca implementar, na prática, os direitos
humanos no cotidiano de adolescentes.
“A
gente acredita muito na vivência de direitos humanos, então precisamos levar
para as escolas que existem esses direitos, que todos precisam conhecê-los, e
que eles precisam ser garantidos”, pontua a especialista. A escola é um
ambiente que não está alheio às violências sociais e é importante que os
direitos também sejam respeitados nesse cotidiano.
O
projeto trabalha com duas escolas, localizadas na Brasilândia e no Jardim
Ângela, através de oficinas, em conjunto com os professores. O período escolar
dos alunos participantes varia entre o sexto ano do ensino fundamental e o
primeiro ano do ensino médio, o que Caren classifica como um desafio, por conta
das diferentes faixas etárias e vivências. “A gente acredita que, quanto antes
levarmos esse conhecimento para as crianças e adolescentes, mais produzimos
resultados”, exemplifica. As oficinas
são realizadas semanalmente e os temas trabalhados servem para demonstrar aos
participantes a importância dos direitos humanos.
Metodologia
O
projeto trabalha com três eixos principais. O primeiro é a sensibilização,
momento em que as crianças e adolescentes conhecem o que são os direitos
humanos e suas implicações. O segundo eixo diz respeito à vivência e formação,
em que os profissionais aprofundam algumas temáticas importantes.
O
terceiro é o monitoramento de direitos e transformação, em que os estudantes
identificam, em seu cotidiano, possíveis direitos violados e o que pode ser
feito para melhorar esse cenário. “A gente não para no reconhecimento do
problema; procuramos, junto com esses estudantes e professores, achar meios de
transformação dos ambientes dessas pessoas”, acrescenta a pesquisadora.
O
caderno lançado pelo Núcleo de Estudos da Violência, segundo Caren, apresenta a
trajetória do projeto, fundamenta teoricamente o que é uma educação em direitos
humanos, os marcos legais nacionais que garantem e indicam a importância dessa
educação, as dificuldades para a implementação da cultura dos direitos humanos
e os resultados da ação. In “Jornal da Universidade de São Paulo” - Brasil
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