Não têm pão? Comam brioche!
Quem
diria! A frase atribuída à rainha francesa Maria Antonieta, pouco antes da
Revolução Francesa, sugerindo aos franceses sem pão para comerem brioche,
surgiu com nova roupagem na Argentina.
Dois
apresentadores da televisão La Nación, do jornal apoiador do candidato
Javier Milei, agora presidente, mostraram aos argentinos como se alimentar em
tempo de crise.
Eduardo
Serenellini e sua colega Viviana Valles disseram mesmo “que as pessoas não
devem ter vergonha de comerem só uma vez por dia”! Diante disso, as redes
sociais argentinas mostraram as reações do povo enganado, já nos primeiros
dias, pelo palhaço presidente, cujas promessas não passavam de bolha de sabão!
Valles
fez mesmo uma comparação, sugerindo que se use menos o carro e se desligue a
rede Netflix, e se faça uma só refeição reforçada, no jantar, para as crianças
poderem dormir.
Evidentemente
os nomes de Eduardo Serenellini e Viviana Valles não irão substituir o “pão por
brioche” da rainha francesa, pelo portenho “está com fome, coma menos”, mas
essa imbecilidade dita ao povo pela televisão, mostra a que ponto podem chegar
os porta-vozes dos regimes de extrema-direita.
Como
estamos no fim do ano, outra frase pior que esta não deverá aparecer nestes
próximos dias, Será, sem dúvida, a frase mais idiota do ano 2023.
…
O
jornal suíço Le Temps publicou duas páginas com chamada na capa, sobre
“Europa, terreno fértil para a extrema-direita”, citando cinco países nos quais
a extrema-direita está bem implantada – a Holanda, Suécia, Finlândia, Itália e
França. Diante desse quadro, um comentarista político na televisão suíça falava
em clima parecido com o dos anos 30.
Ao
mesmo tempo, as previsões eleitorais nos Estados Unidos, no próximo ano, não
são das mais animadoras, com uma provável derrota de Joe Biden na tentativa de
reeleição, em novembro, e um retorno de Donald Trump, criando ainda mais
instabilidade no cenário mundial.
Por
sua vez, a natureza agredida tem mostrado os primeiros sinais de sua
impaciência, tornando ainda mais evidentes os resultados catastróficos das alterações
climáticas. Temporais, inundações em todo mundo, aumento da temperatura no
verão brasileiro, são os sinais de uma ameaça à sobrevivência da humanidade que
os países da OPEP não querem ver.
Entretanto,
apesar desse quadro pessimista ao qual se juntou a guerra de Israel contra o
Hamas, os últimos resultados da economia brasileira permitem desejar aos
leitores um Feliz 2024. Rui Martins – Suíça
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Rui Martins é
jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a
ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes,
Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira
nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu
“Dinheiro sujo da corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro
livro sobre Roberto Carlos, “A rebelião romântica da Jovem Guarda”, em 1966.
Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut
International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez
mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive
na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e
RFI.
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