O Presidente da Guiné Equatorial afirmou que a comunidade lusófona não pode continuar alheada da situação de violência armada na província moçambicana de Cabo Delgado, sublinhando que uma "família de irmãos" deve regular-se pela solidariedade
"A
nossa organização não deve permanecer alheia a esta tragédia, que ultrapassa a
dimensão de simples conflito interno", disse Teodoro Obiang, assinalando
que Moçambique está a ser palco de "agressões perpetradas, programadas e
financiadas a partir do exterior" que estão a "ceifar vidas humanas",
provocando deslocações de pessoas, destruição de bens públicos e privados e
"semeando o terror".
O
chefe de Estado da Guiné Equatorial falava na sessão de abertura da primeira
cimeira de negócios da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de
Língua Portuguesa (CE-CPLP), que até sexta-feira reúne no Centro Internacional
de Conferências de Sipopo, em Malabo, na ilha de Bioko, cerca de 250 empresários,
além de delegações oficiais de vários países lusófonos.
Teodoro
Obiang assinalou, neste contexto, que "os problemas comuns devem ser
enfrentados em unidade".
"A
CPLP deve tomar boa nota: uma família de irmãos deve ser regulada pelos
princípios de equidade e solidariedade", disse.
O
chefe de Estado equato-guineense falou à plateia de empresários por
videoconferência, pedindo desculpas pela impossibilidade de estar fisicamente presente
no centro de conferências, justificando a ausência com "questões de última
hora" relacionadas com a pandemia de covid-19.
Num
discurso lido em português, Teodoro Obiang alertou ainda para a "ameaça
séria" da crescente actividade de pirataria no Golfo da Guiné, que, considerou,
afeta 90% do comércio e coloca em causa a "própria existência" de
países como a Guiné Equatorial.
"Este
assunto requer a atenção da comunidade internacional e uma reflexão que nos
permita unir esforços para a erradicação deste fenómeno", afirmou.
Assinalando
que a realização da cimeira coincide com a aprovação de um novo programa de
integração da Guiné Equatorial na CPLP, no qual foi consagrada a vertente
económica, sublinhou as oportunidades que o seu país oferece no domínio da
energia, pescas, agricultura, indústrias transformadoras, turismo, transportes
ou formação.
"São
vastas as áreas de intervenção para os nossos parceiros económicos",
disse, considerando que a "estabilidade política" converte a Guiné Equatorial
"num país propício para o investimento estrangeiro".
Aos
empresários prometeu "maior abertura" do mercado, "melhoria
contínua" do ambiente de negócios e criação de melhores condições para as empresas.
Apontou
que o país "acabou de ratificar” o acordo para a criação da zona de livre
comércio africano, considerando que "abre novas perspectivas e vantagens
para as empresas operarem a partir da Guiné Equatorial".
Anunciou,
neste sentido, ter proposto à CE-CPLP a construção de uma zona industrial em
Bata, na parte continental do país, "com grandes oportunidades de
negócios" para o estabelecimento de parcerias com as empresas da Guiné
Equatorial.
"Disponibilizaremos
terrenos e facilidades administrativas e fiscais para este projeto. Queremos
que as empresas da nossa comunidade se instalem na Guiné Equatorial e
contribuam para o crescimento e desenvolvimento económico e social que vão
tornar esta comunidade mais forte e competitiva", disse.
No
discurso, Teodoro Obiang afirmou também "a determinação, firmeza e
fidelidade” aos objectivos e princípios da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
"Juntos
somos mais fortes, vamos avançar e libertar os nossos povos da fome e da
miséria a que se encontram votados", disse.
Antiga
colónia espanhola, a Guiné Equatorial aderiu à CPLP em 2014, mediante o
cumprimento de um roteiro que prevê, entre outros aspetos, a abolição da pena
de morte - compromisso que ainda não foi cumprido - e a generalização do uso da
língua portuguesa.
Governada
há 42 anos pelo Presidente Teodoro Obiang, a Guiné Equatorial é um país rico em
recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza.
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