Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 25 de maio de 2021

Macau - Teledifusão de Macau afirma que existiram “notícias falsas” nos meios de informação portugueses sobre novas directivas

A Teledifusão de Macau (TDM) acusou os meios de comunicação social em língua portuguesa de terem difundido “notícias falsas” e “rumores” relativamente às directrizes impostas aos jornalistas portugueses. Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, a estação reiterou que a linha editorial da estação pública “permanece inalterada”


A 29 de Março, Sulu Sou remeteu ao Executivo uma interpelação escrita sobre as indicações dadas pela comissão executiva da Teledifusão de Macau (TDM) aos jornalistas portugueses, em que um dos pontos pedia aos profissionais que não divulgassem informações ou opiniões contra as políticas da República Popular da China. Na resposta, encaminhada ontem pelo deputado às redacções, a TDM frisou que não houve mudanças na linha editorial da estação pública.

Recorde-se que no início de Março o Ponto Final noticiou que os jornalistas da TDM foram chamados para uma reunião onde lhes terá sido pedido para promoverem o patriotismo e para não divulgarem informações ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central. Além disso, foi também dito aos jornalistas portugueses que quem desobedecer às normas será alvo de despedimento com justa causa.

À luz desta situação, Sulu Sou apresentou uma interpelação escrita ao Governo com o título: “Proibir a difusão de opiniões contraditórias às do Governo é pura e simplesmente suprimir a liberdade de imprensa”. O democrata perguntou se a TDM efectivamente proibiu a difusão de notícias contrárias às do Governo e como é que o Executivo vai salvaguardar a liberdade de imprensa no território.

O Gabinete de Comunicação Social usou a resposta da TDM às questões, que voltou a dizer que “a política editorial da TDM permanece inalterada”. “Os rumores sobre as novas regras emitidas para a secção de notícias em português, em Março de 2021, não são verdadeiros”, pode ler-se.

A TDM explica que a comissão executiva realiza reuniões semanais com os chefes dos departamentos, mas que, depois de uma reunião no mês de Março, existiram “notícias falsas e rumores nos meios de comunicação social portugueses”. Assim, “para eliminar quaisquer dúvidas sobre a secção de informação em português da TDM, a comissão reuniu-se com seis jornalistas desse departamento, a 15 de Março de 2021, para trocar ideias”.

Segundo os responsáveis da TDM, a comissão executiva pediu aos jornalistas para insistirem no princípio de “amar a pátria e amar Macau”. Porém, seguiram-se pelo menos sete demissões. A TDM fala de apenas cinco e diz que essas demissões ocorreram porque esses jornalistas “não compreenderam ou não concordaram com o papel e os princípios estipulados pela TDM”. A estação manifesta “pesar”, mas diz respeitar “a sua vontade pessoal e os seus direitos legais, especialmente o direito de escolher livremente o trabalho”.

Na interpelação, Sulu Sou apontou que “a TDM recebe, anualmente, centenas de milhões de patacas do erário público, porém, parece ser um ‘reino independente’, e há muito que vem sendo criticada nos relatórios do Comissariado de Auditoria, devido à falta de fiscalização”. Por isso, o democrata pediu que o Executivo legisle no sentido de definir o estatuto legal da TDM enquanto entidade de radiodifusão pública.

“Relativamente à gestão financeira, a TDM é também altamente regulamentada”, lê-se na resposta da comissão executiva da estação pública, que explica que “a TDM tem de publicar todos os anos os nossos relatórios e contas nos jornais” e “um auditor externo e o Comissariado de Auditoria solicitam-nos informações para o desempenho das suas funções”. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”

andrevinagre.pontofinal@gmail.com


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