A Teledifusão de Macau (TDM) acusou os meios de comunicação social em língua portuguesa de terem difundido “notícias falsas” e “rumores” relativamente às directrizes impostas aos jornalistas portugueses. Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, a estação reiterou que a linha editorial da estação pública “permanece inalterada”
A
29 de Março, Sulu Sou remeteu ao Executivo uma interpelação escrita sobre as
indicações dadas pela comissão executiva da Teledifusão de Macau (TDM) aos
jornalistas portugueses, em que um dos pontos pedia aos profissionais que não
divulgassem informações ou opiniões contra as políticas da República Popular da
China. Na resposta, encaminhada ontem pelo deputado às redacções, a TDM frisou
que não houve mudanças na linha editorial da estação pública.
Recorde-se
que no início de Março o Ponto Final noticiou que os jornalistas da TDM foram
chamados para uma reunião onde lhes terá sido pedido para promoverem o
patriotismo e para não divulgarem informações ou opiniões contrárias às
políticas do Governo Central. Além disso, foi também dito aos jornalistas
portugueses que quem desobedecer às normas será alvo de despedimento com justa
causa.
À
luz desta situação, Sulu Sou apresentou uma interpelação escrita ao Governo com
o título: “Proibir a difusão de opiniões contraditórias às do Governo é pura e
simplesmente suprimir a liberdade de imprensa”. O democrata perguntou se a TDM
efectivamente proibiu a difusão de notícias contrárias às do Governo e como é
que o Executivo vai salvaguardar a liberdade de imprensa no território.
O
Gabinete de Comunicação Social usou a resposta da TDM às questões, que voltou a
dizer que “a política editorial da TDM permanece inalterada”. “Os rumores sobre
as novas regras emitidas para a secção de notícias em português, em Março de
2021, não são verdadeiros”, pode ler-se.
A
TDM explica que a comissão executiva realiza reuniões semanais com os chefes
dos departamentos, mas que, depois de uma reunião no mês de Março, existiram
“notícias falsas e rumores nos meios de comunicação social portugueses”. Assim,
“para eliminar quaisquer dúvidas sobre a secção de informação em português da
TDM, a comissão reuniu-se com seis jornalistas desse departamento, a 15 de
Março de 2021, para trocar ideias”.
Segundo
os responsáveis da TDM, a comissão executiva pediu aos jornalistas para
insistirem no princípio de “amar a pátria e amar Macau”. Porém, seguiram-se
pelo menos sete demissões. A TDM fala de apenas cinco e diz que essas demissões
ocorreram porque esses jornalistas “não compreenderam ou não concordaram com o
papel e os princípios estipulados pela TDM”. A estação manifesta “pesar”, mas
diz respeitar “a sua vontade pessoal e os seus direitos legais, especialmente o
direito de escolher livremente o trabalho”.
Na
interpelação, Sulu Sou apontou que “a TDM recebe, anualmente, centenas de
milhões de patacas do erário público, porém, parece ser um ‘reino
independente’, e há muito que vem sendo criticada nos relatórios do
Comissariado de Auditoria, devido à falta de fiscalização”. Por isso, o
democrata pediu que o Executivo legisle no sentido de definir o estatuto legal
da TDM enquanto entidade de radiodifusão pública.
“Relativamente
à gestão financeira, a TDM é também altamente regulamentada”, lê-se na resposta
da comissão executiva da estação pública, que explica que “a TDM tem de
publicar todos os anos os nossos relatórios e contas nos jornais” e “um auditor
externo e o Comissariado de Auditoria solicitam-nos informações para o
desempenho das suas funções”. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
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