Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Hong Kong - Impressão em 3D “salva” corais

Biólogos marinhos da Universidade de Hong Kong conseguiram recuperar corais na pequena baía de Hoi Ha Wan com o recurso a placas impressas em 3D


Cientistas não esconderam a sua satisfação quando, sob as águas de Hong Kong, viram um molusco a proteger os seus ovos, escondendo-os em estruturas impressas em 3D, que devem funcionar como leitos artificiais para os frágeis recifes de coral. Para estes investigadores-mergulhadores da Universidade de Hong Kong (HKU), a presença de animais selvagens nas lajes colocadas no Verão passado confirma o seu empenho na utilização das mais recentes tecnologias ao serviço do ambiente.

“A impressão 3D permite-nos fabricar placas personalizadas para este ou aquele ecossistema, e é aí que o verdadeiro potencial desta tecnologia é visto”, explicou David Baker, professor da Escola de Ciências Biológicas de HKU, à AFP.

A imagem mais comum de Hong Kong é a de uma selva urbana densamente plantada com altos arranha-céus. Contudo, esta é apenas uma das realidades de um território que tem três quartos cobertos por parques naturais, montanhas e florestas e, como pano de fundo, as águas do Mar do Sul da China, com os seus recifes de coral.

Cerca de 84 espécies de corais vivem em torno de Hong Kong, uma diversidade maior, segundo os cientistas, do que a do Mar das Caraíbas. A maioria está em enseadas relativamente protegidas, distantes do Delta do Rio das Pérolas no oeste e do seu tráfego marítimo pesado.

Mas, tal como os recifes noutras partes do mundo são afectados pela mudança climática, os corais em Hong Kong também sofrem. Por isso, os biólogos marinhos da HKU mobilizaram-se: começaram a colocar grandes placas impressas em 3D no fundo da água, como recifes artificiais para abrigar as larvas de coral.

“Quando fizemos isso, havia poucos peixes”, recordou o investigador Vriko Yu durante uma visita de inspecção à pequena baía de Hoi Ha Wan, parque marinho protegido no extremo leste de Hong Kong.

Seis meses depois, a vida voltou, incluindo aquele molusco, de presença “emocionante”, segundo Yu.

O governo ordenou o início de investigações sobre a condição dos corais em Hoi Ha Wan após um grave episódio de branqueamento, que eliminou a maioria deles. O clareamento é um fenómeno de deterioração que resulta em perda de cor. Deve-se ao aumento da temperatura da água, que provoca a expulsão das algas simbióticas que dão ao coral a sua cor e nutrientes.

Os recifes podem recuperar se a água esfriar, mas morrer se o fenómeno persistir.

Restaurar um recife de corais mortos ou danificados implica a existência de um terreno adequado para permitir que as larvas se agarrem e a impressão 3D tem sido muito fiável. Várias placas com 400 fragmentos de coral foram colocadas numa área de 40 metros quadrados do fundo do mar em Hoi Ha Wan.

Noutras partes do mundo, navios ou pedaços de concreto afundaram na água, mas esses métodos – que muitas vezes também funcionam – podem alterar o ambiente químico.

As placas usadas em Hong Kong são feitas de argila cozida, cujo impacto ambiental é limitado. E se não cumprirem o seu papel de desenvolver uma colónia de coral, irão erodir sem deixar rastros, de acordo com Christian Lange, do “College of Architecture” da HKU. In “Jornal tribuna de Macau” com “Agências Internacionais”


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