A
vacina portuguesa contra o novo coronavírus que está a ser desenvolvida na
Immunethep, em Cantanhede, está pronta para entrar na fase de ensaios clínicos,
aguardando só pelo investimento público necessário, afirmou a farmacêutica.
Após
resultados promissores nos ensaios pré-clínicos (em animais) anunciados em
meados de abril, a Immunethep, sediada em Cantanhede, no distrito de Coimbra,
está pronta para entrar em ensaios clínicos em Portugal, estando dependente da
chegada do apoio público para arrancar essa fase, disse à agência Lusa o
diretor executivo da empresa, Bruno Santos.
“Estamos
a aguardar o investimento para entrar em ensaios clínicos. É isso que falta
para dar por arrancada a parte clínica”, acrescentou, salientando que a
farmacêutica tem tido “algumas conversas com o Governo”, mas ainda sem nada
definido.
Segundo
Bruno Santos, caso já houvesse a garantia desse investimento, a empresa poderia
já estar a iniciar a produção das vacinas em condições para serem usadas na
primeira fase dos ensaios clínicos.
O
responsável realçou que a Immunethep tem também tido reuniões com privados, mas
frisou que a maior parte do investimento nestas situações vem “de fontes
públicas e os privados complementam esse investimento”.
“Gostaríamos
de poder já estar a trabalhar livremente e a pensar nas próximas fases”,
referiu.
Além
da possibilidade de a vacina ser apoiada através de fundos comunitários, Bruno
Santos realçou que se deveria “pensar em formas alternativas de financiamento”
para acelerar o processo, nomeadamente através da compra antecipada de vacinas
por parte do Governo, tal como foi feito noutros países.
“Seria
um adiantamento, mas permitiria podermos avançar já”, acrescentou, explicando
que se prevê um gasto de cerca de 20 milhões de euros na fase de ensaios
clínicos.
De
acordo com o diretor executivo da farmacêutica, os ensaios clínicos iniciais
(onde é testada a segurança da vacina em humanos e os seus primeiros sinais de
eficácia) vão decorrer em Portugal.
Numa
fase mais alargada de teste em humanos, que envolverá duas mil a cinco mil
pessoas, como a maioria dos indivíduos de risco em Portugal já se encontra
vacinada, a Immunethep terá de desenvolver ensaios noutros países, aclarou.
Questionado
sobre a possibilidade de levantamento das patentes das vacinas contra a
covid-19, Bruno Santos afirmou que esse “é um não assunto”, considerando que o
“mais importante é a capacidade de produção”.
“Nas
vacinas mRNA [Pfizer e Moderna], mais ninguém para além de quem está a produzir
tem conhecimento ou capacidade para as produzir”, notou.
Bruno
Santos realçou ainda o facto de a vacina desenvolvida em Cantanhede usar o
vírus como um todo, o que a torna “mais robusta” perante diferentes variantes
do novo coronavírus que poderão surgir e que poderão minar a eficácia das
vacinas desenvolvidas tendo como foco apenas a proteína ‘spike’.
A Immunethep
foi fundada em 2014 e dedica-se ao desenvolvimento de imunoterapias,
principalmente contra infeções bacterianas multirresistentes. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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