Num ano atípico, a peça de teatro em patuá, pelos “Dóci Papiaçám di Macau”, fez-se com distanciamento, e, assim, com menos público na sala. Miguel de Senna Fernandes disse ao Jornal Tribuna de Macau que, mesmo com “meia casa”, o grupo sentiu “casa cheia” e o “calor” do público
Depois
da estreia da peça “Patrám pa unga Dia” ou “Patrão por um dia” ao longo de dois
dias, pelo grupo “Dóci Papiaçám di Macau”, o autor e encenador, Miguel de Senna
Fernandes, traçou um balanço positivo, apontando que foi um espectáculo “muito
bem conseguido”. “Apesar de termos meia casa, mesmo com as restrições tivemos
casa cheia. O resultado foi fantástico, não sentimos o vazio com as restrições
do distanciamento. Sentimos o calor do público e isto é o fundamental”,
afirmou, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.
Sublinhando
que o “elenco é bastante bom”, Miguel de Senna Fernandes, não deixou de
mencionar a “máquina dos bastidores” que funcionou “em pleno”. “Tudo estava
sintonizado”, acrescentou.
Sobre
o público, disse que as reacções têm sido bastante boas. “Há vários tipos de
público. O macaense percebe a fundo toda a alma e humor que queremos
transmitir, depois os portugueses já estão habituados às nossas piadas e
entendem muito bem. No fundo, quem entende a piada é porque percebe Macau –
esse é o ponto de partida. Mas há muito público curioso e ainda bem. Tenho tido
reacções bastante positivas de pessoas que nunca tinham visto o teatro em
patuá, de pessoas deslumbradas com aquilo que se fez em palco”.
Além
disso, destacou a crescente audiência que fala chinês. “Cada vez mais temos
público chinês que vai apesar de não entender patuá. Vão por várias razões:
para saborear o humor e [satisfazer] a curiosidade de como fazemos as coisas. É
um público muito variado que reflecte o que é Macau”, prosseguiu.
Miguel
de Senna Fernandes disse ainda que na primeira noite estiveram presentes no
espectáculo a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, e
o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “E
estava também um representante do Gabinete de Ligação, acho que foi a primeira
vez que um oficial destes assistiu. Houve até uma recepção com alguma pompa e
circunstância”, descreveu.
O
teatro em patuá está incluído na programação do Festival de Artes de Macau
(FAM). “Ainda bem que o Governo da RAEM decidiu, mais uma vez, apostar no
festival, apesar de oficialmente ainda estarmos em pandemia. Foi muito bom,
julgo que é um novo alento”, afirmou.
Questionado
sobre se o teatro feito pelos Dóci Papiaçám deverá continuar a fazer parte do
FAM daqui para a frente, Miguel de Senna Fernandes disse que é o que fará
sentido. “Depende muito dos ventos que vão soprar. Mas, é óbvio que faz todo o
sentido. Se o Governo tem a bandeira de fazer de Macau um lugar de confluência
de culturas e de multiculturalidade, não faz sentido cortar o teatro em patuá –
ainda por cima quando o patuá é património intangível da RAEM. Mas a decisão
cabe ao Instituto Cultural (IC)”, defendeu. O IC apoia os Dóci Papiaçám desde
1997.
A
peça apresentada este ano andou à volta da história de um “super-funcionário”
que está sempre disponível para substituir os colegas, mas que não o pode fazer
no dia anterior ao casamento, quando o patrão lhe pede que seja “patrão por um
dia”. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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