Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 18 de maio de 2021

Macau – Companhia teatral Dóci Papiaçám di Macau apresentou a peça “Patrám pa unga Dia” em patuá

Num ano atípico, a peça de teatro em patuá, pelos “Dóci Papiaçám di Macau”, fez-se com distanciamento, e, assim, com menos público na sala. Miguel de Senna Fernandes disse ao Jornal Tribuna de Macau que, mesmo com “meia casa”, o grupo sentiu “casa cheia” e o “calor” do público


Depois da estreia da peça “Patrám pa unga Dia” ou “Patrão por um dia” ao longo de dois dias, pelo grupo “Dóci Papiaçám di Macau”, o autor e encenador, Miguel de Senna Fernandes, traçou um balanço positivo, apontando que foi um espectáculo “muito bem conseguido”. “Apesar de termos meia casa, mesmo com as restrições tivemos casa cheia. O resultado foi fantástico, não sentimos o vazio com as restrições do distanciamento. Sentimos o calor do público e isto é o fundamental”, afirmou, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.

Sublinhando que o “elenco é bastante bom”, Miguel de Senna Fernandes, não deixou de mencionar a “máquina dos bastidores” que funcionou “em pleno”. “Tudo estava sintonizado”, acrescentou.

Sobre o público, disse que as reacções têm sido bastante boas. “Há vários tipos de público. O macaense percebe a fundo toda a alma e humor que queremos transmitir, depois os portugueses já estão habituados às nossas piadas e entendem muito bem. No fundo, quem entende a piada é porque percebe Macau – esse é o ponto de partida. Mas há muito público curioso e ainda bem. Tenho tido reacções bastante positivas de pessoas que nunca tinham visto o teatro em patuá, de pessoas deslumbradas com aquilo que se fez em palco”.

Além disso, destacou a crescente audiência que fala chinês. “Cada vez mais temos público chinês que vai apesar de não entender patuá. Vão por várias razões: para saborear o humor e [satisfazer] a curiosidade de como fazemos as coisas. É um público muito variado que reflecte o que é Macau”, prosseguiu.

Miguel de Senna Fernandes disse ainda que na primeira noite estiveram presentes no espectáculo a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, e o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “E estava também um representante do Gabinete de Ligação, acho que foi a primeira vez que um oficial destes assistiu. Houve até uma recepção com alguma pompa e circunstância”, descreveu.

O teatro em patuá está incluído na programação do Festival de Artes de Macau (FAM). “Ainda bem que o Governo da RAEM decidiu, mais uma vez, apostar no festival, apesar de oficialmente ainda estarmos em pandemia. Foi muito bom, julgo que é um novo alento”, afirmou.

Questionado sobre se o teatro feito pelos Dóci Papiaçám deverá continuar a fazer parte do FAM daqui para a frente, Miguel de Senna Fernandes disse que é o que fará sentido. “Depende muito dos ventos que vão soprar. Mas, é óbvio que faz todo o sentido. Se o Governo tem a bandeira de fazer de Macau um lugar de confluência de culturas e de multiculturalidade, não faz sentido cortar o teatro em patuá – ainda por cima quando o patuá é património intangível da RAEM. Mas a decisão cabe ao Instituto Cultural (IC)”, defendeu. O IC apoia os Dóci Papiaçám desde 1997.

A peça apresentada este ano andou à volta da história de um “super-funcionário” que está sempre disponível para substituir os colegas, mas que não o pode fazer no dia anterior ao casamento, quando o patrão lhe pede que seja “patrão por um dia”. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”



 

Sem comentários:

Enviar um comentário