O ‘think tank’ europeu Network on China (ETNC) considera que Portugal é um dos países europeus que não assume uma estratégia face à China, apesar de ter desenvolvido relações próximas com Pequim e continuar a tentar evitar confrontos diplomáticos
Num
relatório agora divulgado, este ‘think tank’- que reúne especialistas em
política chinesa e que tem sede em Bruxelas – explica que Portugal “carece da
capacidade de pensamento estratégico” face a Pequim, num posicionamento que se
mantém desde 1979, quando os dois países estabeleceram pela primeira vez
relações diplomáticas.
O
autor do capítulo sobre Portugal neste relatório – Carlos Rodrigues, professor
da Universidade de Aveiro – defende que apesar dessa falta de estratégia,
“Portugal conseguiu desenvolver relações estreitas e estáveis com a China”,
revelando forte pragmatismo ao longo das últimas quatro décadas.
No
relatório, o ETNC concluiu que, nos últimos anos, os países da Europa
endureceram estratégias para resistir às suas ambições económicas.
Contudo,
uma minoria de países divulgou oficialmente documentos estratégicos sobre o seu
posicionamento face a Pequim, com apenas seis países a formalizar essa estratégia
e com a maioria, incluindo Portugal, a não assumir oficialmente um
posicionamento definido perante a China.
De
qualquer forma, o relatório assume que Portugal, embora sem o assumir
formalmente, tem procurado evitar qualquer forma de confronto com a China, uma
situação que poderá mudar com um novo ambiente geopolítico que tem promovido
maior hostilidade entre a Europa e a China. “A crescente lógica de confronto
trazida por uma mudança do ambiente de geopolítica internacional, como
esperado, perturbou o ‘continuum’ positivo que marca a história das relações
bilaterais entre Portugal e a China”, escreveu o relator Carlos Rodrigues.
Ainda
assim, lembra o relatório, as autoridades chinesas reconhecem que Portugal tem
mantido um ambiente de acolhimento amigável do investimento chinês, como fica
provado pelas declarações do ex-chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, em
Setembro de 2022, durante um encontro com o seu homólogo português à margem da
Assembleia Geral da ONU. “A relação China-Portugal resistiu ao teste das
mudanças do cenário internacional e alcançou um sólido desenvolvimento, com
base na compreensão e confiança mútuas”, disse Wang, citado no relatório do
ETNC.
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