Começou a carreira musical em 2021 quando perdeu a avó e buscava forças para continuar. Hoje Márcia Cruz conta com quatro temas no mercado e ambiciona lançar um EP
A marketeer,
cantora e artista multifacetada Márcia Cruz nasceu na Calheta de São Miguel, em
Santiago, e desde pequena é apaixonada pela arte. Encontrou na música um espaço
de se expressar e inspirar outras pessoas. Em entrevista ao Balai, a jovem de
24 anos revela os planos de lançar o primeiro EP e explorar ritmos novos.
Como
tanto outros cantores e amantes da música, Márcia Cruz desenvolveu o seu amor
pela área na infância. “O meu pai (Salvador Cruz) contou-me que ele me chamava
com o piano (…) e assim que eu ouvia a canção vinha ao seu encontro”, recorda,
acrescentando que também gosta de dançar. Durante a infância dançava ao lado
das primas na sala enquanto o pai tocava funaná.
Na
adolescência participou de alguns concursos e eventos culturais, mas ainda via
esta área como um passatempo. Já durante a licenciatura em Marketing, na
Uni-CV, participou de uma formação – “Arte de Comunicar” – aos sábados em que
aproveitava para ir cantar na universidade. “Eu só queria cantar, por isso ia à
formação”, brinca entre risos.
Foi
só em 2021 que em meio a um ano turbulento convivendo com a pandemia, Márcia
recebeu a notícia da morte da avó: “Tentei buscar motivos e coisas às quais me
pudesse agarrar”. Neste ano foi convidada para participar de um projeto da
gravadora Island Music e acabou por lançar o tema de estreia – “Preta”.
“Não
senti nenhuma pressão, foi até suave. Disse a mim mesma que quero escrever
sobre coisas que desejo enquanto pessoa e artista”, afirma. Com a Island Music
chegou a gravar ainda o tema “Ah Paxenxa”.
Pouco
a pouco entrou na música e foi mostrando outras facetas, criando a sua própria
identidade visual. Desde criança, Márcia diz que era conhecida por cuidar das
suas bonecas para as quais costurava e penteava, aptidões que trouxe para a
música e hoje coordena a produção dos seus vídeos, tendo já gravado mais dois
temas: “You Know” e “Nkre po Volta”.
Em
entrevista, revelou que ao escrever uma música já começa a imaginar a
maquiagem, os penteados, o espaço e os cenários para o vídeo: “Com a música no
ouvido eu já imagino um vídeo espetacular”. Especialmente no seu último
lançamento “You Know” os penteados e a maquiagem foram feitos pela jovem.
O
reconhecimento também veio também de forma natural, diz, acompanhado de
comentários e críticas positivas que foram confirmando que estava no caminho
certo.
Em
relação ao curso de Marketing considera que caiu de “paraquedas” no mesmo tendo
feito a formação por sugestão de conhecidos, mas sublinha que foi uma das
melhores decisões que tomou na vida. A meta é unir todos os conhecimentos que
adquiriu com o curso nas áreas de música e na gestão das suas páginas
(StiluKriola).
Questionada
sobre um momento musical marcante aponta o Fête de la Musique que aconteceu a
21 de junho no Palácio da Cultura Ildo Lobo. “Foi a primeira vez que cantei com
uma banda, senti muito bem em palco, muito à vontade (…) fui recebida muito bem
pelo público”, lembra.
Nem
tudo foram flores ao longo desta jornada musical. Ainda estava no liceu quando
participou de um concurso na Calheta em que não alcançou o TOP3. Destaca entre
risos que nestes momentos pensa que deu o seu melhor e só não foi “bem
avaliada”. Reconhece que pode cometer falhas, porque também é humana, mas
sublinhou que conhece o seu potencial e não se deixa abalar.
EP e nova sonoridade
O
primeiro plano revelado pela jovem é de lançar um EP, estando na fase de
analisar as canções que vão ser lançadas. No trabalho pretende colocar músicas
inéditas, mas também uma continuação para o tema “Nkre po Volta”. A cantora
promete ainda lançar a segunda parte do vídeo deste tema assim que a canção
atingir as 100 mil de visualizações. “Se prestarem atenção ao vídeo de Nkre po
Volta no final o casal se encontra, mas não mostra o desfecho da história. Na
segunda parte da música o casal pode voltar ou pode ser o fim do
relacionamento”, explica atiçando mais a curiosidade dos fãs.
“A
minha maior ambição é ver todos a cantar a minha música e ajudar, de certa
forma, outras pessoas a crescerem. Mesmo que seja uma ou duas pessoas quero que
sintam a canção”, afirma e continua que é gratificante ler mensagens de
cabo-verdianos e de estrangeiros a elogiar a música.
Apesar
de ser muito conhecida pelos ritmos de Kizomba, Márcia almeja compor músicas no
género Amapiano e Afro, abordando o amor, o empoderamento, a africanidade e a
mulher, sem descartar a possibilidade de cantar uma música em inglês ou em
outras línguas.
A
artista deseja colaborar com artistas como Mayra Andrade, Dynamo, Sónia Sousa,
SOS Mucci, Sarah Tavares, Josslyn e Yasmine. Agradece aos familiares, em
especial à mãe Dulcelina Ferreira e à tia e manager Adalgisa Ferreira.
Para
já, espera marcar presença nos festivais nacionais e sonha em atuar no festival
de Calheta São Miguel, a sua terra natal. Celine Salvador – Cabo Verde in “Balai
Cabo Verde”
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