Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 8 de julho de 2023

Cabo Verde - Márcia Cruz, mais um talento de São Miguel que quer conquistar o país e o mundo

Começou a carreira musical em 2021 quando perdeu a avó e buscava forças para continuar. Hoje Márcia Cruz conta com quatro temas no mercado e ambiciona lançar um EP


A marketeer, cantora e artista multifacetada Márcia Cruz nasceu na Calheta de São Miguel, em Santiago, e desde pequena é apaixonada pela arte. Encontrou na música um espaço de se expressar e inspirar outras pessoas. Em entrevista ao Balai, a jovem de 24 anos revela os planos de lançar o primeiro EP e explorar ritmos novos.

Como tanto outros cantores e amantes da música, Márcia Cruz desenvolveu o seu amor pela área na infância. “O meu pai (Salvador Cruz) contou-me que ele me chamava com o piano (…) e assim que eu ouvia a canção vinha ao seu encontro”, recorda, acrescentando que também gosta de dançar. Durante a infância dançava ao lado das primas na sala enquanto o pai tocava funaná.

Na adolescência participou de alguns concursos e eventos culturais, mas ainda via esta área como um passatempo. Já durante a licenciatura em Marketing, na Uni-CV, participou de uma formação – “Arte de Comunicar” – aos sábados em que aproveitava para ir cantar na universidade. “Eu só queria cantar, por isso ia à formação”, brinca entre risos.

Foi só em 2021 que em meio a um ano turbulento convivendo com a pandemia, Márcia recebeu a notícia da morte da avó: “Tentei buscar motivos e coisas às quais me pudesse agarrar”. Neste ano foi convidada para participar de um projeto da gravadora Island Music e acabou por lançar o tema de estreia – “Preta”.

“Não senti nenhuma pressão, foi até suave. Disse a mim mesma que quero escrever sobre coisas que desejo enquanto pessoa e artista”, afirma. Com a Island Music chegou a gravar ainda o tema “Ah Paxenxa”.

Pouco a pouco entrou na música e foi mostrando outras facetas, criando a sua própria identidade visual. Desde criança, Márcia diz que era conhecida por cuidar das suas bonecas para as quais costurava e penteava, aptidões que trouxe para a música e hoje coordena a produção dos seus vídeos, tendo já gravado mais dois temas: “You Know” e “Nkre po Volta”.

Em entrevista, revelou que ao escrever uma música já começa a imaginar a maquiagem, os penteados, o espaço e os cenários para o vídeo: “Com a música no ouvido eu já imagino um vídeo espetacular”. Especialmente no seu último lançamento “You Know” os penteados e a maquiagem foram feitos pela jovem.

O reconhecimento também veio também de forma natural, diz, acompanhado de comentários e críticas positivas que foram confirmando que estava no caminho certo.

Em relação ao curso de Marketing considera que caiu de “paraquedas” no mesmo tendo feito a formação por sugestão de conhecidos, mas sublinha que foi uma das melhores decisões que tomou na vida. A meta é unir todos os conhecimentos que adquiriu com o curso nas áreas de música e na gestão das suas páginas (StiluKriola).

Questionada sobre um momento musical marcante aponta o Fête de la Musique que aconteceu a 21 de junho no Palácio da Cultura Ildo Lobo. “Foi a primeira vez que cantei com uma banda, senti muito bem em palco, muito à vontade (…) fui recebida muito bem pelo público”, lembra.

Nem tudo foram flores ao longo desta jornada musical. Ainda estava no liceu quando participou de um concurso na Calheta em que não alcançou o TOP3. Destaca entre risos que nestes momentos pensa que deu o seu melhor e só não foi “bem avaliada”. Reconhece que pode cometer falhas, porque também é humana, mas sublinhou que conhece o seu potencial e não se deixa abalar.

EP e nova sonoridade

O primeiro plano revelado pela jovem é de lançar um EP, estando na fase de analisar as canções que vão ser lançadas. No trabalho pretende colocar músicas inéditas, mas também uma continuação para o tema “Nkre po Volta”. A cantora promete ainda lançar a segunda parte do vídeo deste tema assim que a canção atingir as 100 mil de visualizações. “Se prestarem atenção ao vídeo de Nkre po Volta no final o casal se encontra, mas não mostra o desfecho da história. Na segunda parte da música o casal pode voltar ou pode ser o fim do relacionamento”, explica atiçando mais a curiosidade dos fãs.

“A minha maior ambição é ver todos a cantar a minha música e ajudar, de certa forma, outras pessoas a crescerem. Mesmo que seja uma ou duas pessoas quero que sintam a canção”, afirma e continua que é gratificante ler mensagens de cabo-verdianos e de estrangeiros a elogiar a música.

Apesar de ser muito conhecida pelos ritmos de Kizomba, Márcia almeja compor músicas no género Amapiano e Afro, abordando o amor, o empoderamento, a africanidade e a mulher, sem descartar a possibilidade de cantar uma música em inglês ou em outras línguas.

A artista deseja colaborar com artistas como Mayra Andrade, Dynamo, Sónia Sousa, SOS Mucci, Sarah Tavares, Josslyn e Yasmine. Agradece aos familiares, em especial à mãe Dulcelina Ferreira e à tia e manager Adalgisa Ferreira.

Para já, espera marcar presença nos festivais nacionais e sonha em atuar no festival de Calheta São Miguel, a sua terra natal. Celine Salvador – Cabo Verde in “Balai Cabo Verde”


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