Valmiki Faleiro fornece informações pesquisadas meticulosamente. Descreve em detalhes como foi o andamento da Operação Vijay. É, talvez, a descrição mais detalhada da operação de libertação de Goa e dos acontecimentos que a ela conduziram. Talvez responda mesmo à pergunta que nos últimos tempos tem sido feita com bastante frequência – porque é que a libertação de Goa foi adiada? Bem, não obterá a resposta nesta revisão. Deixo para os leitores encontrarem por si mesmos, folheando o livro
Título
do livro: Goa, 1961
Autor:
Valmiki Faleiro
Editora:
Vintage uma marca da Penguin Random House
Existem
muitos livros sobre a libertação de Goa, desde factos registados até memórias
pessoais. Eles relatam a Operação Vijay e os eventos anteriores. Até agora,
eles têm sido os livros a serem consultados para quaisquer dados sobre esse
período.
Mas
agora vem Valmiki Faleiro com Goa, 1961, um tomo que se aprofunda no
movimento de libertação e oferece uma narrativa confiável do período, tendo
como fonte factos de uma variedade de livros e jornais.
Ao
ler o livro, pode-se imaginar que Faleiro não deixou nenhuma fonte desenterrada
para escrever este livro e, como diz o subtítulo, é de facto a história
completa do nacionalismo e da integração.
Faleiro
descreve em detalhes como foi o andamento da Operação Vijay. É, talvez, a
descrição mais detalhada da operação de libertação de Goa e dos acontecimentos
que a ela conduziram.
Talvez
responda mesmo à pergunta que nos últimos tempos tem sido feita com bastante
frequência – porque é que a libertação de Goa foi adiada? Bem, não obterá a
resposta nesta revisão. Deixo para os leitores encontrarem por si mesmos,
folheando o livro.
Mas
Goa, 1961 tem alguns factos interessantes que valem a pena extrair
resumidamente e reproduzir aqui. Por exemplo, Faleiro mostra que a Operação
Vijay não foi uma decisão do governo indiano tomada às pressas ou
inesperadamente.
A
data da operação pode ter sido decidida quase da noite para o dia, mas o plano
de usar a força militar para libertar Goa foi formulado com bastante
antecedência.
Segundo
Faleiro, “a Índia tinha decidido usar a força para expulsar os portugueses de
Goa, Damão e Diu no final de agosto de 1961. No início de outubro de 1961, o
Comando Sul do Exército Indiano começou a preparar um plano para a invasão. Em
10 de novembro de 1961, o plano estava pronto.” Então, foi mais de um mês
depois que o plano foi realmente tornado operacional.
Até
o prazo que levaria para concluir a operação havia sido previsto. Em 24 de
outubro de 1961, o então primeiro-ministro Pandit Jawaharlal Nehru reuniu-se
com o Comando Sul do GOC-in-C, procurando saber o tempo que levaria a operação.
A
resposta foi “três dias em caso de resistência portuguesa e um período
consideravelmente mais curto em caso de não resistência ou de resistência
qualificada”.
Quando
a operação foi desencadeada, era esta última, e eis o que conta Faleiro sobre a
tomada de Pangim, a capital: “Os oficiais superiores da pequena guarnição de
defesa de Pangim encontravam-se numa situação desesperada sem meios humanos ou
materiais para resistir às tropas indianas, artilharia, armadura ou força
aérea. O arcebispo D. José Vieira Alvernaz conseguiu convencer o CO a depor as
armas e declarar o cessar-fogo, salvando Pangim e os seus habitantes. Os
portugueses hastearam uma bandeira branca no topo de uma árvore ribeirinha na
margem sul do rio Mandovi. Passado o anoitecer, perto das 20 horas, o pároco
goês Mons. Gregório Magno de Souza Antão, trazia num barco a remos uma carta de
cessar-fogo do Maj. Acácio Nunes Tenreiro, comandante militar de Pangim,
atravessando o Mandovi.”
Isso
é tudo história, mas Faleiro foi meticuloso e conseguiu colocá-lo numa forma
narrativa de fácil leitura que o torna num virar de página.
O
livro também tem um anexo de lutadores pela liberdade dos católicos goeses, que
inclui aqueles que não solicitaram o registo ou não são lutadores pela
liberdade registados. Assim, enquanto há 116 inscritos, Faleiro lista 209, e
mesmo essa lista não é exaustiva.
Para
os interessados na história de Goa, este livro é uma adição importante às
suas bibliotecas pessoais.
O
livro também põe em perspectiva a mudança de Goa e, no epílogo, Faleiro faz uma
afirmação interessante quando diz: “O goês é reduzido a uma minoria na sua
própria terra. Goa pode, daqui a algumas décadas, permanecer apenas no nome.”
Com
a questão da identidade goesa a ser debatida com bastante regularidade no
estado, este livro pode também dar-nos uma visão de como esta mudança tem
ocorrido, pois a libertação mudou Goa.
Não
só capacitou os goeses de várias maneiras, como também trouxe um
desenvolvimento que mudou a face da terra.
O
livro termina com a integração de Goa na Índia, e precisamos de outro que seja
tão minuciosamente pesquisado e que registe o período pós-1961. Gostaria de
saber se Valmiki Faleiro estará à altura. Alexandre Barbosa – Goa in “Gomantak
Times”
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