Os herdeiros do poeta e nacionalista Rui de Noronha – a sua filha, Elsa de Noronha, e seus netos, André de Noronha e Magda de Noronha – vão doar o espólio do poeta à Biblioteca Municipal Central de Maputo, uma oferta que será formalizada sexta-feira, com a entrega de um primeiro lote de documentos, entre os quais se contam os apontamentos e notas, revistas, jornais, poemas, correspondências, crónicas, cadernos e álbuns de música, que futuramente serão disponibilizados “online”.
O
espólio do poeta Rui de Noronha vai ser doado no dia 28 à Biblioteca Municipal
Central de Maputo, cumprindo-se uma vontade da família, revelou à coordenação
da Feira do Livro de Maputo.
A
coordenação da Feira do Livro de Maputo refere que esta será uma doação “sem
contrapartidas”, ficando a Biblioteca Municipal Central de Maputo responsável
pelo “tratamento, gestão, conservação e disponibilização do espólio literário
para leitores, pesquisadores e munícipes”.
“Rui
de Noronha possuiu, em alto grau, o desejo de perfeição formal, uma verdadeira
consciência de artista e do seu ofício o que, aliado ao pendor esteticista,
pode explicar algumas alterações que têm sido contestadas como autênticas
traições aos originais”, afirmou Fátima Mendonça, professora de literatura
moçambicana, pesquisadora e organizadora da obra completa de Rui de Noronha
reunida em Os meus versos, publicada pela Textos Editores, 2006.
A
sessão formal de doação acontece no dia 28, com as presenças do Presidente do
Conselho Municipal de Maputo, Eneas Comiche, membros do Governo, corpo
diplomático acreditado em Moçambique e a representante da família, Magda de
Noronha, no ano em que se comemoram os 80 anos da morte do poeta Rui de
Noronha.
“Ao
examinar pela primeira vez o espólio, que me foi facultado em 1987 por Elsa
Noronha, pude verificar a existência das alterações manuscritas, atribuídas ao
Dr. Reis Costa, sobre os dactiloescritos, tendo grande parte dos sonetos ficado
praticamente ilegível. À margem, e com a mesma caligrafia apareciam por vezes
anotações do tipo Bom ou Fraco que confirmam o espírito classificativo que
animaria o seleccionador e prefaciador dos poemas…”, sublinha a crítica
literária Fátima Mendonça. In “O País” - Moçambique
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