Timor-Leste
considerou sexta-feira um sinal positivo de que a Austrália tenha reconhecido
erros no passado na gestão de temas como a fronteira marítima, e tenha
reafirmado o seu compromisso com o desenvolvimento do projecto do Greater
Sunrise.
“É
bom reconhecer o passado. Começamos com novos passos, novos princípios, uma
cooperação económica e estratégica, olhar para conjuntura política e global,
ver onde estamos situados. Esperamos que isto vá ajudar”, disse à Lusa o
ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Bendito Freitas.
“A
questão dos recursos de Timor-Leste é muito importante e devemos materializar
isto diretamente para o nosso solo, o nosso país, para criar indústrias,
empregos e apoiar na diversificação económica”, vincou.
Bendito
Freitas reagia a um discurso proferido em Díli pela sua homóloga australiana
Penny Wong, marcado por referências ao projecto do Greater Sunrise, cujo
desenvolvimento poderá vir a ser acordado nos próximos meses.
No
discurso, Wong reconheceu alguns dos erros passados de anteriores governos
australianos relativamente à questão de Timor-Leste, nomeadamente no que toca à
fronteira marítima entre os dois países, fechada em 2018.
A
ministra referiu-se ao passado de todo este longo processo e a ações de
anteriores Governos australianos, que “agiram de formas que os timorenses, e
muitos australianos, consideraram decepcionantes”.
A
intervenção de Wong, durante uma curta visita a Timor-Leste, marcou igualmente
a declaração mais forte de Camberra até ao momento no que toca ao compromisso
de desenvolvimento do poço de Greater Sunrise.
Em
particular, a chefe da diplomacia mostrou-se particularmente compreensiva
relativamente às aspirações de Timor-Leste de que o gasoduto venha para o país,
num contexto de consolidação da sua soberania e dos esforços de resiliência
democrática.
“Entendemos
que, para manter a vossa soberania, precisam de ser economicamente resilientes.
A chave dessa ambição serão as escolhas soberanas que Timor-Leste fizer agora”,
disse Wong.
“A
Austrália tem estado a ouvir atentamente para compreender as vossas ambições
para o Greater Sunrise. Posso assegurar-vos que o compromisso de Timor-Leste
com o processamento em terra e com o projeto Tasi Mane da costa sul é
claramente compreendido”, admitiu.
A petrolífera timorense Timor Gap detém a maioria do consórcio o Greater Sunrise, projecto que tem estado parado por desacordos relativamente ao modelo de desenvolvimento, com Timor-Leste a insistir num gasoduto para o país.
“A
tecnologia está a evoluir e o consórcio está a analisar de novo as opções. É
por isso que o seu estudo sobre as opções para o Greater Sunrise deve avançar o
mais rapidamente possível”, defendeu.
O
consórcio do projecto, que envolve ainda a australiana Woodside e a japonesa
Osaka Gás, encomendou um estudo detalhado sobre as várias opções de
desenvolvimento, que poderá estar concluído até final de agosto.
“A
declaração [da ministra Wong] é muito forte e esperamos a sua materialização em
breve”, disse Bendito Freitas.
Numa
curta conferência de imprensa antes de regressar à Austrália, Penny Wong foi
questionada sobre o Greater Sunrise e ainda sobre aspectos como a posição
australiana relativamente à região e à tentativa de influência adicional da
China.
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