Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Fundação Calouste Gulbenkian - Mundo flutuante: estampas japonesas «ukiyo-e»

Calouste Gulbenkian reuniu um conjunto notável de arte japonesa. Esta faceta menos conhecida do colecionador é explorada nesta exposição, que apresenta um vasto número de estampas japonesas produzidas entre o século XVII e o século XIX.


Mundo flutuante: estampas japonesas ukiyo-e centra-se no conceito de ukiyo, que significa «mundo flutuante», e que se refere aos prazeres efémeros da vida quotidiana. É aqui traçado o perfil de Edo, atual Tóquio, através de duas temáticas ilustrativas da cultura popular da cidade de então: a beleza feminina, personificada na figura da cortesã, e a contemplação do mundo natural.

Essa cultura também é definida através da representação do traçado urbano da cidade, dos seus lugares icónicos – incluindo o histórico bairro de Yoshiwara – das ruas e da paisagem em redor. As doze gravuras uki-e (impressões em perspetiva), de Utagawa Toyoharu (1735-1814) apresentam visões reais de Edo e testemunham o incessante fervilhar da cidade. A adoção da perspetiva linear foi relevante para o estabelecimento do género paisagístico ukiyo-e, inaugurado por Katsushika Hokusai (1760-1849) com a famosa série das Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji (Fugaku sanjūrokkei), de que a coleção contém dois exemplares.


A primeira versão do projeto editorial de Utagawa Hiroshige (1797-1858), As Cinquenta e Três Estações Postais do Tōkaidō (Tōkaidō gojûsantsugi), faz parte desse fenómeno, e obteve tamanho sucesso que foi impressa em duas edições. A coleção Gulbenkian conserva uma segunda versão realizada em colaboração com Utagawa Kuniyoshi (1797-1861) e Utagawa Kunisada (1786-1865) e que, embora represente o Tōkaidō – a estrada que ligava Edo a Quioto – associa a cada uma das diferentes estações deste caminho as mais relevantes lendas, histórias e poemas japoneses.

É dada ainda a conhecer a importância dos surimono, edições exclusivas e limitadas de xilogravuras, acessíveis apenas a alguns cidadãos da sociedade japonesa da altura. A coleção do Museu possui um grupo expressivo destas obras, sobretudo da autoria de Totoya Hokkei (1780-1850). 


Esta exposição representa também uma oportunidade para descobrir algumas das estampas danificadas nas cheias de 1967 que afetaram a região de Lisboa. O lento e pormenorizado trabalho da equipa de conservação e restauro nestas obras foi pioneiro a nível nacional e é também contemplado na exposição. Mais informações aqui. Fundação Calouste Gulbenkian


 




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