Bissau – O Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau (OJGB), António Nhaga lamentou o fecho das emissões da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) e Rádio Difusão Portuguesa (RDP/África), que segundo diz, “não abona em nada para a imagem do país”.
Em
entrevista exclusiva concedida esta quinta-feira à ANG, António Nhaga sustentou
que a liberdade de expressão é fundamental para o exercício democrático,
acrescentando que não é benéfico para o país se os órgãos de comunicação social
estão sendo fechados.
“Estou
convencido de que tudo o que a Guiné-Bissau podia ganhar com a realização da
Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está
manchada. Porque, de facto, sair da realização da Cimeira da CEDEAO e Sessão
Extraordinária da UEMOA digamos que ganhamos uma imagem, mas a seguir fecharmos
a Rádio e a Televisão. Isso não abona para realização da democracia”, frisou.
O
Governo guineense exigiu, em comunicado, tornado público no passado dia, 09 do
corrente mês, a reposição da verdade sobre todas as injúrias, difamações e
acusações, termologias que diz serem “levianamente proferidas” nos canais da
RTP e RDP/África contra o Chefe de Estado Umaro Sissoco Embaló, sob pena de
tomar “medidas retificadoras”.
Na
quarta-feira a noite, segundo uma fonte da RTP/Africa, os dois serviços de
comunicação social portugueses receberam ordem de fecho das suas emissões. A
fonte da RTP/Africa disse que lhe foram dito que o fecho das duas emissões
teria sido decidido por “Ordem
Superior”.
Para
o Bastonário da Ordem de Jornalistas da Guiné-Bissau, a democracia exige
liberdade de expressão, exige ainda ter órgãos de comunicação social onde as
pessoas possam exprimir, e Nhaga salienta que se uma pessoa exprimir num
programa da RTP ou RDP isso não pode impedir o Presidente da República e nem
ninguém de exercer as suas funções.
O
fecho dos órgãos de comunicação social, de acordo com o Nhaga, não dignifica o
Estado Democrático que se quer construir no país, e sobretudo órgãos
internacionais, porque a decisão vai ter efeitos na imagem externa do país.
António
Nhaga sublinhou que nesse momento “quer queiramos ou não as pessoas vão dizer
que não há democracia porque fecham rádios, e questiona se a RDP e RTP/África
não estão noutros países dos PALOP, e diz que estão, mas nunca são fechadas e
que de facto, os Presidentes tomam medidas caso necessário.
Para
o comunicador, esse tipo de decisões pode comprometer as relações entre a
Guiné-Bissau e Portugal.
“Portugal
é um país que tem grande influência no mundo, é ouvido quendo cada vez que há
problemas nos PALOP. Dizem que é quem colonizou e conhece melhor as suas
colónias. Não é por acaso que dissemos que tudo que é nosso que vai passar pelo
plano internacional passa por Portugal”, salientou.
António
Nhaga adverte que Portugal pode ajudar o país a fazer corredores nas Nações
Unidas, União Europeia, mas se houver mal-estar pode também bloquear,
sustentando que Portugal pode não fazer esse bloqueio direto, mas há tentáculos
onde pode contornar e fazer o que quer.
Lamentou
ainda que no país as pessoas não têm a noção de que a imprensa é fundamental
para a democracia e para a construção de boa imagem de um país. In “Agência
de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau
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