Equipa liderada pela cientista Joana Paredes recebeu 35 mil euros para melhorar a sobrevida dos doentes com cancro da mama triplo negativo
A
investigadora Joana Paredes, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde
da Universidade do Porto (i3S), conquistou recentemente a quinta edição do
Prémio Faz Ciência, atribuído anualmente pela Fundação AstraZeneca ao melhor
projeto de investigação translacional em oncologia.
O
estudo, premiado com 35 mil euros, tem como objetivo descobrir o mecanismo
através do qual o cancro da mama triplo negativo metastiza para os ossos e, a
partir daí, identificar biomarcadores preditivos destas metástases e melhorar a
prevenção e tratamento de mulheres com cancro da mama metastático.
Selecionado
entre 41 candidaturas, o maior número de sempre, o projeto, liderado por Joana
Paredes, líder do grupo «Cancer Metastasis» do i3S, foi desenvolvido em
conjunto com o Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil e com
o Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas Carlos III, de Madrid.
Este
trabalho, explica a investigadora, “vai focar-se no cancro da mama triplo
negativo e, mais especificamente numa percentagem elevada de mulheres com este
tipo de neoplasia – cerca de 40 por cento – que desenvolve metástases nos
ossos, uma condição que induz dor, fraturas, compressão da espinal medula, bem
como má qualidade de vida e mau prognóstico”.
De
acordo com Joana Paredes, “tem sido demonstrado que pequenas vesículas
extracelulares secretadas por células tumorais desempenham um papel fundamental
como mensageiras no estabelecimento de nichos pré-metastáticos, incluindo o
osso. O objetivo deste projeto é estudar o impacto de duas proteínas, que já
identificámos como sendo secretadas por células de cancro da mama triplo
negativo, na reprogramação do tecido ósseo e na sua posterior metastização por
células neoplásicas”.
Objetivo é “melhorar a sobrevida dos doentes com cancro”
Em
conjunto com a equipa do investigador Hector Peinado, do CNIO, em Espanha,
adianta a investigadora, “vamos avaliar se a exposição a vesículas secretadas
por células de cancro da mama triplo negativo, enriquecidas para estas
proteínas, têm impacto nos ossos, fazendo experiências in vitro e in vivo“.
Paralelamente, em colaboração com o IPO-Porto, será avaliada a expressão destas
proteínas em tumores primários e metástases ósseas colhidos de doentes.
Se
tivermos em conta que as metástases são responsáveis por mais de 90% das mortes
por cancro, sublinha Joana Paredes, “compreender a biologia das metástases
resistentes à terapia é fundamental para o desenvolvimento de estratégias
eficazes para melhorar a sobrevida dos doentes com cancro”.
Para
a cientista distinguida, a conquista do Prémio Faz Ciência reconhece a
importância do trabalho desenvolvido pelo seu grupo e significa que “o nosso
trabalho tem potencial para ser traduzido para a prática clínica na área da
Oncologia”.
Já
Maria do Céu Machado, Presidente da Fundação FAZ, da Astrazeneca, nota que este
prémio “representa o reconhecimento da investigação clínica de excelência e um
estímulo e oportunidade para os investigadores”. Universidade do Porto -
Portugal
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