O
escritor brasileiro Silviano Santiago é o vencedor do Prémio Camões 2022,
anunciou o ministro português da Cultura, Pedro Adão e Silva.
“Silviano
Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prémios nacionais
e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma
intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável
para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no
Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, africanos, nos Estados Unidos
e na Europa)”, indicou o júri da 34.ª edição do Prémio Camões, citado pelo
comunicado do Ministério português da Cultura.
Ensaísta,
romancista, poeta e contista, Silviano Santiago, de 86 anos, é autor de cerca
de 30 obras, e afirmou-se pela inovação de basear os seus estudos sobre
literatura brasileira nas teorias dos estudos pós-coloniais.
No
ano passado, o Prémio Camões foi atribuído à escritora moçambicana Paulina
Chiziane, autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse”.
O
Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e
pelo Brasil, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a
projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Segundo
o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de
1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um
autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha
contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua
comum”.
Foi
atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.
Em
2019, o prémio distinguiu o músico e escritor brasileiro Chico Buarque, autor
de “Leite Derramado” e “Budapeste”, entre outras obras; em 2020, o professor e
ensaísta português Vítor Aguiar e Silva (1939-2022).
O
Brasil lidera a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 14 premiados
cada, seguindo-se Portugal, com 13 laureados, Moçambique, com três, Cabo Verde,
com dois, mais um autor angolano e outro luso-angolano.
A
história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano
Luandino Vieira, em 2006.
Presidente
O
Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa saudou a atribuição da edição
deste ano ao brasileiro Silviano Santiago, destacando o seu percurso como
poeta, ficcionista e ensaísta.
“Professor
com uma distinta carreira em universidades do seu país e dos Estados Unidos,
poeta e ficcionista, vencedor dos prémios Jabuti e Oceanos, é também um
destacado ensaísta, tendo estudado a literatura do período colonial e as obras
de Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa, entre outros, e publicado
instigantes ensaios de crítica político-cultural, por exemplo sobre a ideia do
Brasil ou sobre a América Latina”, destacou o chefe de Estado numa nota da
Presidência da República.
“Faço
votos de que possa estar para breve a oportunidade de lhe entregarmos o Prémio
Camões, bem como aos galardoados dos últimos anos”, acrescentou Marcelo Rebelo
de Sousa. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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