A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, intensifica esforços para apoiar as vítimas do conflito no norte de Moçambique. A agência assiste 18,4 mil famílias através da agricultura e pecuária. Deste número 70% são deslocados e 30% de famílias acolhedoras
A
agência das Nações Unidas especializada em agricultura e alimentação realiza
uma parceria com o governo de Moçambique para levar alimentos e incentivar a
produção de comida em Cabo Delgado, no norte do país.
A
área tem sido alvo de um conflito de grupos armados não-governamentais com
tropas do governo.
Apoio humanitário após ataques
Com
uma população fortemente rural, Cabo Delgado depende da agricultura e dos
pequenos produtores para alimentar a sua população. Por causa da insegurança,
muitos produtos não chegam aos campos, e para os especialistas da FAO, projetos
locais podem minimizar o sofrimento dos moradores produzindo alimentação e
garantido a segurança nutricional.
A
ONU News, em Maputo, conversou com Brasilino Ubisse Salvador, funcionário de
projetos na FAO.
Ele
cita parte dos trabalhos efetuados, destacando o distrito de Palma, onde a FAO
foi a primeira agência a prestar apoio humanitário após os ataques.
“Conseguimos
assistir 300 famílias e temos planos de assistir mais 1,3 mil famílias. Em
Quissanga, não estava no plano dos nossos projetos, mas porque a população
estava a clamar por produtos agrícolas, houve um pedido do comité executivo
provincial e fomos capazes também de assistir 300 famílias com kits de produtos
agrícolas e algumas associações do Ingd, em cabritos e galinhas, para poderem
pelo menos produzirem comida para a sua alimentação e garantirem a segurança
nutricional deles e das suas crianças.”
Grupos armados e barreiras ao apoio humanitário
Ubisse
Salvador explica que o apoio não está centrado apenas nos deslocados internos.
“Temos
um rácio de 70% para os deslocados e 30% de família acolhedoras no nosso
critério de seleção de beneficiários para serem apoiados, porque sabemos que os
fundos nunca são suficientes para dar apoio a todas as famílias, damos
prioridades àquelas famílias que têm crianças para amamentar, mulheres grávidas
e também no todo rácio das pessoas que apoiamos tentamos garantir que pelo
menos 50% das famílias sejam chefiadas por mulheres.”
A
insegurança devido aos ataques de grupos armados tem sido uma das barreiras ao
apoio humanitário das agências.
Segurança e produtos agrícolas
“Em
distritos como Quissanga e Palma, já estamos lá porque as condições de
segurança estão minimamente garantidas. Neste momento, uma missão das Nações
Unidas está a fazer uma avaliação em Eráti e Memba, em Nampula, para ver se há
condições de apoiar as populações afetadas pelos recentes ataques. Há um
desafio agora porque há um movimento de deslocados, que começam a voltar para
suas zonas de origem, e para isso temos que estar sempre em alerta em questões
de segurança para ver se há condições de nós entrarmos nesses locais ou não.”
Os
produtos e utensílios agrícolas são alguns dos apoios que a FAO disponibiliza
aos deslocados internos. A atividade é realizada em coordenação com as
entidades do governo moçambicano.
Galinhas e sementes compradas localmente
A
criação de galinhas é uma solução alternativa para combater a insegurança
alimentar e a subnutrição. A FAO distribui galinhas e sementes localmente
adquiridas promovendo o desenvolvimento da economia local.
“Cada
família recebe quatro galinhas, sendo um macho e três fêmeas, e cada família
recebe duas cabras. Essas cabras, em cada quinta família, damos um macho porque
as prioridades são fêmeas para poder aumentar a produtividade, isso tudo para
ver se diversificam a fonte de renda as comunidades e não dependerem só da
agricultura, mas ter uma fonte extra de renda assim como de proteína para as
crianças e as mulheres. Em Cabo Delgado, temos 18,4 mil famílias, dessas todas,
6 mil é a parte de pecuária e o remanescente é para a parte de agricultura.”
A
FAO continua a providenciar apoio técnico aos especialistas do governo para que
estes possam ajudar os beneficiários na melhoria das práticas de cultivo,
pesca, pecuária, técnicas pós-colheita e nutrição. Ouri Pota – Moçambique ONU
News
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