Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Moçambique - FAO quer garantir a produção de alimentos para deslocados em Cabo Delgado

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, intensifica esforços para apoiar as vítimas do conflito no norte de Moçambique. A agência assiste 18,4 mil famílias através da agricultura e pecuária. Deste número 70% são deslocados e 30% de famílias acolhedoras


A agência das Nações Unidas especializada em agricultura e alimentação realiza uma parceria com o governo de Moçambique para levar alimentos e incentivar a produção de comida em Cabo Delgado, no norte do país.

A área tem sido alvo de um conflito de grupos armados não-governamentais com tropas do governo.

Apoio humanitário após ataques

Com uma população fortemente rural, Cabo Delgado depende da agricultura e dos pequenos produtores para alimentar a sua população. Por causa da insegurança, muitos produtos não chegam aos campos, e para os especialistas da FAO, projetos locais podem minimizar o sofrimento dos moradores produzindo alimentação e garantido a segurança nutricional.

A ONU News, em Maputo, conversou com Brasilino Ubisse Salvador, funcionário de projetos na FAO.

Ele cita parte dos trabalhos efetuados, destacando o distrito de Palma, onde a FAO foi a primeira agência a prestar apoio humanitário após os ataques.

“Conseguimos assistir 300 famílias e temos planos de assistir mais 1,3 mil famílias. Em Quissanga, não estava no plano dos nossos projetos, mas porque a população estava a clamar por produtos agrícolas, houve um pedido do comité executivo provincial e fomos capazes também de assistir 300 famílias com kits de produtos agrícolas e algumas associações do Ingd, em cabritos e galinhas, para poderem pelo menos produzirem comida para a sua alimentação e garantirem a segurança nutricional deles e das suas crianças.”

Grupos armados e barreiras ao apoio humanitário

Ubisse Salvador explica que o apoio não está centrado apenas nos deslocados internos.

“Temos um rácio de 70% para os deslocados e 30% de família acolhedoras no nosso critério de seleção de beneficiários para serem apoiados, porque sabemos que os fundos nunca são suficientes para dar apoio a todas as famílias, damos prioridades àquelas famílias que têm crianças para amamentar, mulheres grávidas e também no todo rácio das pessoas que apoiamos tentamos garantir que pelo menos 50% das famílias sejam chefiadas por mulheres.”

A insegurança devido aos ataques de grupos armados tem sido uma das barreiras ao apoio humanitário das agências.


Segurança e produtos agrícolas

“Em distritos como Quissanga e Palma, já estamos lá porque as condições de segurança estão minimamente garantidas. Neste momento, uma missão das Nações Unidas está a fazer uma avaliação em Eráti e Memba, em Nampula, para ver se há condições de apoiar as populações afetadas pelos recentes ataques. Há um desafio agora porque há um movimento de deslocados, que começam a voltar para suas zonas de origem, e para isso temos que estar sempre em alerta em questões de segurança para ver se há condições de nós entrarmos nesses locais ou não.”

Os produtos e utensílios agrícolas são alguns dos apoios que a FAO disponibiliza aos deslocados internos. A atividade é realizada em coordenação com as entidades do governo moçambicano.

Galinhas e sementes compradas localmente

A criação de galinhas é uma solução alternativa para combater a insegurança alimentar e a subnutrição. A FAO distribui galinhas e sementes localmente adquiridas promovendo o desenvolvimento da economia local.

“Cada família recebe quatro galinhas, sendo um macho e três fêmeas, e cada família recebe duas cabras. Essas cabras, em cada quinta família, damos um macho porque as prioridades são fêmeas para poder aumentar a produtividade, isso tudo para ver se diversificam a fonte de renda as comunidades e não dependerem só da agricultura, mas ter uma fonte extra de renda assim como de proteína para as crianças e as mulheres. Em Cabo Delgado, temos 18,4 mil famílias, dessas todas, 6 mil é a parte de pecuária e o remanescente é para a parte de agricultura.”

A FAO continua a providenciar apoio técnico aos especialistas do governo para que estes possam ajudar os beneficiários na melhoria das práticas de cultivo, pesca, pecuária, técnicas pós-colheita e nutrição. Ouri Pota – Moçambique ONU News




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